Homem confunde sintomas de câncer intestinal com infecção por bactéria comum e descobre tumor de 10 cm

Última atualização: 13/04/2025

O diagnóstico precoce é uma das ferramentas mais importantes no combate ao câncer, mas a semelhança entre os sintomas de diferentes enfermidades pode retardar a identificação correta da doença, como ocorreu com Fabrício Gomes da Silva, de 39 anos. O sargento da Marinha passou meses acreditando que enfrentava uma infecção por Helicobacter pylori, bactéria comum que afeta o sistema digestivo, enquanto na realidade estava com um tumor agressivo no intestino. Os sinais iniciais foram atribuídos a problemas gástricos, o que adiou a busca por exames mais específicos. A descoberta do câncer só veio após uma série de consultas e a realização de exames de imagem, quando o quadro já se apresentava avançado e exigia intervenções complexas, incluindo a necessidade de uma colostomia.

Sintomas confundidos e diagnóstico tardio

O início dos sintomas ocorreu em meados de julho de 2024. Fabrício passou a sentir desconfortos digestivos como arrotos frequentes, excesso de gases, perda de apetite e emagrecimento acentuado. A esposa, Stephanie Sousa Pereira da Silva, de 32 anos, suspeitou que ele pudesse estar infectado pela bactéria H. pylori, já que os sintomas eram semelhantes aos causados por essa infecção estomacal. Inicialmente relutante em procurar atendimento médico, Fabrício só buscou ajuda após insistência da esposa, sendo encaminhado pelo serviço de saúde ocupacional para uma endoscopia.

O exame confirmou a presença da H. pylori, e ele iniciou o tratamento com antibióticos. No entanto, mesmo após completar o ciclo de medicação, os sintomas persistiam e, pior, se agravavam. Um mês depois, ele voltou ao médico com dores mais intensas e sangue nas fezes — sinal que é muitas vezes negligenciado ou atribuído a causas menos graves, como hemorroidas.

Sinais clínicos típicos do câncer intestinal

De acordo com o oncologista Márcio Almeida, especialista em câncer colorretal, os sintomas dessa doença são frequentemente inespecíficos e se confundem com condições benignas como síndrome do intestino irritável ou diverticulite. Sangramentos retais, fezes escurecidas, constipação persistente e sensação de evacuação incompleta estão entre os indícios mais recorrentes.

No caso de Fabrício, as dores abdominais tornaram-se constantes e debilitantes, ao ponto de ele relatar dificuldades para evacuar e, quando conseguia, notar que as fezes estavam excessivamente escuras. Além disso, o emagrecimento continuava, e a debilidade física aumentava dia após dia.

Confirmação do câncer e início da luta

No final de dezembro, em busca de respostas, o casal procurou a emergência do Hospital Baía Sul, em Florianópolis. A tomografia realizada identificou um tumor de 10 centímetros no intestino. O exame de colonoscopia indicou uma obstrução intestinal severa, o que levou os médicos a recomendarem uma colostomia.

Diante da gravidade do diagnóstico, Stephanie abandonou seus dois empregos para cuidar integralmente do marido, enquanto a mãe de Fabrício se mudou do Rio de Janeiro para auxiliar no cuidado com os filhos do casal, Miguel, de 10 anos, e Laura, de 9.

Tumor avançado, dores intensas e metástase

Apesar de manter um quadro estável por algumas semanas, Fabrício voltou ao hospital em janeiro de 2025 com fortes dores na região lombar. Os exames revelaram que o tumor estava pressionando a coluna vertebral. Mesmo após duas sessões de quimioterapia, os sintomas não regrediram, e ele apresentou febres constantes sem causa aparente. A equipe médica suspeitou que o próprio câncer estivesse desencadeando uma resposta inflamatória ao tratamento.

Uma biópsia confirmou que se tratava de um adenocarcinoma de cólon, com metástase em linfonodos. Segundo o oncologista Márcio Almeida, esse tipo de câncer, quando já disseminado para os linfonodos, exige uma abordagem terapêutica mais intensa e, muitas vezes, a cirurgia se torna inviável se as estruturas comprometidas estiverem em áreas de risco.

Campanha de conscientização nas redes sociais

Com o avanço da doença, Stephanie decidiu compartilhar a história do marido nas redes sociais, utilizando plataformas como Instagram e TikTok. O objetivo é alertar outras famílias sobre a importância de prestar atenção aos sintomas, mesmo que pareçam simples ou comuns, e buscar assistência médica especializada o quanto antes. Segundo ela, o tumor localizado no intestino sigmoide não pode ser removido, pois os linfonodos comprometidos envolvem regiões críticas como a artéria aorta, a parede do coração e partes do abdômen e pescoço.

A história de Fabrício serve de alerta sobre os perigos do diagnóstico tardio e da autossuposição de doenças com base em sintomas genéricos. Em casos como o dele, o tempo é um fator determinante para o sucesso do tratamento e para a preservação da qualidade de vida. Veja tambem Bolsonaro é submetido a procedimento cirúrgico de emergência após agravamento de dores abdominais.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *