Última atualização: 10/02/2025
No município de Taquaritinga, interior de São Paulo, um mutirão de cirurgias de catarata resultou em um grave incidente médico, deixando 12 pacientes cegos. O caso aconteceu no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) da cidade e foi confirmado pela Organização Social de Saúde (OSS) Grupo Santa Casa de Franca, que administra a unidade. Após uma investigação interna, a OSS informou que a falha ocorreu devido a uma alteração nos protocolos assistenciais relacionados ao preparo cirúrgico. O erro foi registrado exclusivamente no dia 21 de outubro de 2024, afetando 12 dos 23 pacientes submetidos ao procedimento naquela data.
Medidas tomadas e investigação em curso
Diante da gravidade do caso, a administração do hospital afastou todos os profissionais envolvidos no mutirão e implementou novas diretrizes para reforçar a segurança cirúrgica. Além disso, a sindicância solicitou laudos técnicos dos materiais e medicamentos utilizados, mas não encontrou nenhuma irregularidade nessas substâncias.
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo também se pronunciou, informando que a Vigilância Sanitária estadual e municipal realizaram inspeções na unidade. Durante a vistoria, foram identificadas falhas na sala de esterilização dos instrumentos cirúrgicos, o que pode ter contribuído para as complicações pós-operatórias dos pacientes.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) abriu um inquérito para apurar as responsabilidades civis e criminais no caso. Autoridades estaduais e locais buscam respostas para entender o que levou ao erro e como evitar que situações semelhantes ocorram no futuro.
Pacientes enfrentam dificuldades e buscam reparação
Os pacientes afetados foram encaminhados a unidades de referência, como a Santa Casa de Araraquara e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, onde receberam o diagnóstico de que a perda de visão era irreversível. Como medida paliativa, os pacientes foram incluídos na fila de transplante de córnea do Estado e continuam recebendo acompanhamento especializado.
Entre os afetados está Antônio Luiz da Silva, de 73 anos, que passou pela cirurgia com a esperança de renovar sua carteira de habilitação, necessária para sua profissão como operador de máquinas. Após a cirurgia, ele percebeu que sua visão não melhorava e, posteriormente, foi informado da cegueira permanente. Agora, sem condições de trabalhar, ele se preocupa com sua subsistência e busca assistência legal para garantir seus direitos.
Autoridades se pronunciam
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, comentou sobre o caso durante uma visita à região. Ele destacou a importância da investigação e afirmou que o governo estadual está comprometido em prestar suporte às vítimas. “O essencial agora é garantir total assistência a essas pessoas e identificar as falhas para que tragédias como essa não se repitam”, declarou.
O Grupo Santa Casa de Franca emitiu uma nota oficial lamentando o ocorrido e reafirmando seu compromisso com a qualidade e segurança dos serviços prestados. “Esse foi um fato isolado e profundamente lamentável. Reforçamos nosso compromisso em adotar medidas corretivas e preventivas para que situações como essa não voltem a ocorrer”, diz o comunicado.
A tragédia evidencia a necessidade de um controle rigoroso nos procedimentos médicos e a importância da transparência e responsabilidade no setor da saúde pública. Enquanto as investigações continuam, os pacientes e seus familiares esperam por justiça e apoio para enfrentar as dificuldades impostas pela perda da visão. Veja Pacientes perdem a visão após mutirão de cirurgias de catarata em Taquaritinga.