Pacientes perdem a visão após mutirão de cirurgias de catarata em Taquaritinga

Última atualização: 08/02/2025

Um grupo de 12 pacientes, que participaram de um mutirão de cirurgias de catarata realizado no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Taquaritinga, na região de Ribeirão Preto, sofreu graves complicações pós-operatórias, resultando na perda total ou parcial da visão. As intervenções aconteceram em outubro de 2024 e, desde então, os pacientes vêm enfrentando um drama inesperado. A Secretaria de Saúde de Taquaritinga informou que, após os procedimentos, os pacientes desenvolveram infecções oftalmológicas severas. Durante uma inspeção realizada por equipes da vigilância sanitária municipal e estadual, foram detectadas irregularidades na Sala de Materiais para Esterilização do AME, o que levou à interdição imediata do local.

Reunião com os pacientes e busca por soluções

Diante do agravamento dos casos, em novembro de 2024, a direção do AME se reuniu com os pacientes afetados para discutir medidas de suporte. A maioria das vítimas, composta principalmente por idosos, foi encaminhada para unidades de referência em oftalmologia, incluindo a Santa Casa de Araraquara e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Infelizmente, muitos receberam diagnósticos desanimadores, com a informação de que a perda da visão era irreversível.

Relato de uma das vítimas

Entre os pacientes que tiveram a visão comprometida está Maria de Fátima Garcia Chiari, de 67 anos. Após a cirurgia, ela desenvolveu uma infecção grave que atingiu seu globo ocular. Encaminhada para tratamento especializado, precisou passar por um transplante de córnea na tentativa de salvar o olho. No entanto, mesmo após o procedimento, ela não conseguiu recuperar a visão.

“É desesperador. Confiamos nos médicos e, no fim, acabamos cegos. Nos garantiram que não haveria riscos graves, mas a realidade foi outra”, lamentou Maria de Fátima.

Investigação e providências das autoridades

A secretária executiva da Saúde do Estado de São Paulo, Priscilla Perdicaris, classificou o caso como um “evento isolado, mas extremamente grave“. Segundo ela, uma investigação foi aberta para identificar as causas do problema e responsabilizar os envolvidos. Como medida emergencial, toda a equipe médica que participou do mutirão foi afastada de suas funções.

A Prefeitura de Taquaritinga, por sua vez, declarou que os pacientes afetados foram incluídos na fila de transplante de córnea, com a esperança de que possam recuperar, ao menos parcialmente, a visão. Além disso, todas as cirurgias oftalmológicas realizadas no AME foram suspensas até que os laudos técnicos sejam concluídos e eventuais falhas no protocolo sejam corrigidas.

O caso segue em investigação, e as vítimas aguardam respostas concretas sobre o que levou a essa tragédia. Veja também Pessoas com visão Tetracromática: Um mundo em milhões de cores.

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