Jovem de Viçosa morre aos 22 anos após longa batalha contra doença rara que causava desnutrição extrema

Última atualização: 03/05/2025

A história da jovem Yasmin da Silva Cândido comoveu muita gente nos últimos anos — e infelizmente teve um desfecho triste. Aos 22 anos, ela faleceu nesta sexta-feira (2), após lutar contra uma doença rara que afetava gravemente sua capacidade de se alimentar. Com apenas 27 kg, Yasmin enfrentava a acalasia, uma condição que atrapalha a passagem de comida do esôfago para o estômago e que pode ter sido provocada por infecção na infância. Ela chegou a se submeter a cirurgia em outro estado, com ajuda de doações, mas o avanço da doença e a desnutrição extrema acabaram vencendo a luta. Yasmin deixa três filhos pequenos.

Despedida em Viçosa

A despedida de Yasmin acontece neste sábado (3), no Cemitério Colina da Saudade, em Viçosa, cidade onde morava com a avó, que cuidava dela. O falecimento foi divulgado pelas redes sociais da própria jovem, mas sem informações detalhadas sobre o motivo exato da morte.

Desde o diagnóstico, em 2020, a jovem compartilhou parte de sua rotina de cuidados e tratamentos com seus seguidores, que acompanharam sua jornada difícil e cheia de desafios.

A doença rara que virou obstáculo diário

A acalasia, também conhecida como “megaesôfago”, é uma disfunção rara que impede o esvaziamento correto do esôfago. Em casos graves, como o de Yasmin, o alimento não chega ao estômago, o que causa emagrecimento intenso e desnutrição severa. Especialistas acreditam que essa condição pode ter ligação com a Doença de Chagas, que é transmitida por insetos conhecidos como barbeiros.

Segundo relatos da própria Yasmin em entrevista ao G1 em 2024, os primeiros sinais da acalasia surgiram com dificuldade para engolir e engasgos até mesmo durante o sono. Após uma endoscopia, surgiu a suspeita da doença, que só foi confirmada com exames mais específicos em Belo Horizonte.

Cirurgias, desafios e muita força

Durante seu tratamento, Yasmin passou por procedimentos como dilatação pneumática, que consiste na inserção de um balão para tentar abrir o esôfago. Mas esse tratamento deixou de surtir efeito, e a jovem teve que recorrer a uma cirurgia mais complexa em Recife. A operação só foi possível graças a uma mobilização de familiares e amigos, que arrecadaram cerca de R$ 22 mil.

Mesmo com o esforço, a situação de saúde dela se agravou. Em maio do ano passado, seu intestino parou de funcionar, e ela teve que usar uma bolsa de colostomia. Nesse período, Yasmin, que havia chegado aos 43 kg, perdeu ainda mais peso até atingir os 27 kg que chocaram o país.

Mãe de três, guerreira até o fim

Além da luta contra a doença, Yasmin era mãe de três crianças pequenas, com idades entre 1 e 4 anos. Sua história de resistência tocou muitos corações, tanto por sua coragem quanto pelas dificuldades enfrentadas em um sistema de saúde muitas vezes inacessível para casos tão específicos.

Ela se tornou um símbolo de resiliência na Zona da Mata, inspirando campanhas de solidariedade e debates sobre doenças negligenciadas e raras. Mesmo diante de um cenário tão adverso, Yasmin nunca deixou de lutar por qualidade de vida e pela chance de estar com seus filhos.

Doença rara, atenção escassa

A acalasia tem uma incidência muito baixa — cerca de 1 a 2 casos a cada 100 mil pessoas. Apesar disso, o diagnóstico costuma ser demorado e o tratamento, caro. A falta de centros especializados agrava ainda mais a situação de quem sofre com a condição, especialmente fora dos grandes centros urbanos.

O caso de Yasmin escancarou essa realidade: ela precisou sair de Minas Gerais para conseguir atendimento e exames adequados, o que só foi possível graças ao apoio de pessoas mobilizadas por sua história.

Uma luta que fica como alerta

A trajetória de Yasmin termina com muita dor para a família e para quem acompanhou sua luta. Mas seu exemplo levanta um importante alerta sobre o impacto de doenças raras e sobre a importância de políticas públicas mais inclusivas para diagnóstico e tratamento.

Que a memória de Yasmin sirva para fortalecer o debate sobre acesso à saúde e apoio às famílias que enfrentam esse tipo de batalha em silêncio. Veja também Paciente morre após cesárea em hospital de Santos e família denuncia negligência médica.

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