Última atualização: 30/04/2025
Uma tragédia devastadora abalou a cidade de Santos, no litoral paulista, após a morte de Amanda Porfírio da Silva, de 33 anos, que faleceu dez dias depois de dar à luz por meio de uma cesariana. A família acusa o Hospital dos Estivadores de negligência médica, alegando que o desejo da paciente de realizar o parto por cirurgia foi inicialmente ignorado, resultando em complicações gravíssimas que culminaram na morte da mãe. O caso está sendo investigado pela polícia e por órgãos de fiscalização sanitária, e levanta questionamentos sobre o respeito à autonomia das pacientes e os protocolos obstétricos adotados pela unidade de saúde.
Pedido por cesárea foi ignorado, segundo relato da família
Amanda chegou ao Hospital dos Estivadores no dia 12 de abril com uma indicação médica para parto. Ainda assim, conforme consta em boletim de ocorrência registrado pelo marido, Thiago Rodrigo Pereira Jusis, a equipe médica recusou-se a realizar a cesariana solicitada por ela e iniciou a indução ao parto normal. No entanto, o procedimento não obteve sucesso e, apenas no dia seguinte, a cesárea foi finalmente realizada.
Durante a cirurgia, um dos médicos informou ao esposo que houve dificuldade em conter um sangramento, exigindo medidas adicionais. Apesar disso, Amanda foi vista pouco depois amamentando o recém-nascido e aparentava estar em boas condições naquele momento.
Quadro clínico se agrava com hemorragia e falência pulmonar
No dia seguinte ao parto, Amanda ligou para o marido informando que precisaria retornar ao centro cirúrgico devido a um novo sangramento. Thiago foi ao hospital e encontrou a esposa entubada, com falência pulmonar. Em meio à tensão, ouviu de um médico ginecologista que a situação era extremamente grave e que “era preciso ter fé”.
A paciente passou por um procedimento de retirada do útero, ficou consciente por um breve período, mas apresentou convulsões logo em seguida e teve que ser sedada. Permaneceu internada na UTI por dez dias, até falecer. Amanda deixa dois filhos, um recém-nascido e outro de 9 anos de idade.
Família denuncia omissão de informações e busca por justiça
Segundo Thiago, a escolha pelo hospital foi motivada pela reputação positiva da instituição. Entretanto, ele afirmou que, durante a internação, a unidade negou acesso ao prontuário médico de sua esposa, mesmo após tentativas de obter uma segunda opinião.
O advogado da família, Lucas Pórpora, declarou que o caso já está sob investigação da Polícia Civil como morte suspeita. Ele informou ainda que pretende acionar o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) para que apure possíveis infrações éticas da equipe envolvida. Uma ação judicial também está em andamento para buscar reparação por danos morais e materiais.
Hospital nega irregularidades e afirma ter seguido protocolos
Por meio de nota oficial, o Hospital dos Estivadores lamentou a morte da paciente e afirmou que o atendimento foi realizado integralmente conforme as melhores práticas clínicas. A instituição também declarou que todos os óbitos são investigados internamente pela Comissão de Óbito, e que em casos de morte materna, uma análise externa por autoridades sanitárias é obrigatória.
A prefeitura de Santos, por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde, confirmou que o caso está sendo apurado pela Seção de Vigilância da Mortalidade Maternoinfantil.
Luto e revolta: “Ela só queria ter o filho com segurança”
Emocionado, o marido lamentou a perda e criticou a condução do caso. “Sofremos demais. Estamos sofrendo por não aceitarem o que ela queria. Quantas famílias mais vão precisar passar por isso?”, desabafou Thiago.
O caso gerou comoção na cidade e reacendeu o debate sobre a autonomia da gestante durante o parto, o direito à informação e a responsabilidade médica em contextos obstétricos. Veja também Morte após erro médico em hospital de Porto Alegre levanta debate sobre segurança assistencial e responsabilidade profissional.