Última atualização: 18/03/2025
O setor de planos de saúde no Brasil registrou um crescimento expressivo em seus lucros em 2024, alcançando a marca de R$ 11,1 bilhões em receita líquida. Esse valor representa um impressionante aumento de 271% em relação ao ano anterior e supera os ganhos obtidos pelos planos nos últimos três anos somados. O desempenho financeiro positivo das operadoras foi impulsionado, em grande parte, por reajustes de mensalidades superiores à inflação do setor, além de estratégias de reorganização financeira adotadas especialmente pelas grandes empresas do ramo.
Os dados foram divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e apontam que esse lucro corresponde a cerca de 3,16% do faturamento total do setor, que girou em torno de R$ 350 bilhões. Isso significa que, para cada R$ 100 arrecadados pelas operadoras de saúde, aproximadamente R$ 3,16 foram convertidos em lucro líquido. Esse crescimento substancial reforça a tendência de recuperação financeira das empresas após os desafios enfrentados nos últimos anos, principalmente devido ao impacto da pandemia e à alta dos custos assistenciais.
Menor sinistralidade desde 2018 favorece operadoras
Outro fator que contribuiu para esse cenário lucrativo foi a redução da sinistralidade no último trimestre de 2024. O índice atingiu 82,2%, o menor para esse período desde 2018. Esse indicador mede a porcentagem da receita das operadoras que é efetivamente utilizada para custear despesas médicas e assistenciais dos beneficiários. Em outras palavras, os planos de saúde direcionaram 82,2% do que arrecadaram para despesas com consultas, exames, internações e demais serviços de saúde, ficando com uma margem maior para lucratividade.
A ANS atribui essa redução a medidas adotadas pelas operadoras para controlar gastos, incluindo reajustes anuais das mensalidades em patamares superiores à inflação do setor. Além disso, investimentos em tecnologia, prevenção de doenças e otimização de recursos também influenciaram a diminuição da sinistralidade, permitindo que as empresas aumentassem seus ganhos sem um crescimento proporcional nos custos assistenciais.
Grandes operadoras concentram maior parte do lucro
As operadoras médico-hospitalares de grande porte foram as principais beneficiadas pelo cenário econômico favorável do setor, respondendo por R$ 9,2 bilhões do lucro total. Somente essas empresas apresentaram uma diferença positiva de R$ 4 bilhões entre receitas e despesas assistenciais, evidenciando a concentração de ganhos entre os maiores grupos do mercado.
Especialistas do setor de saúde suplementar apontam que essa concentração pode aumentar ainda mais a distância entre as grandes operadoras e as empresas menores, dificultando a competitividade e a oferta de planos mais acessíveis para os consumidores. Com a alta nos preços das mensalidades e a maior lucratividade das operadoras, cresce a preocupação sobre o impacto financeiro para os beneficiários, que podem enfrentar dificuldades para manter seus planos ou migrar para alternativas mais caras.
Perspectivas e desafios para o setor
O crescimento expressivo dos lucros do setor de saúde suplementar levanta discussões sobre o equilíbrio entre sustentabilidade financeira das operadoras e o acesso da população aos serviços de saúde privada. Enquanto as empresas celebram os bons resultados financeiros, órgãos reguladores e entidades de defesa do consumidor alertam para os desafios impostos pelo aumento das mensalidades e possíveis restrições de cobertura.
Com um cenário econômico ainda incerto e uma crescente demanda por serviços médicos, o futuro dos planos de saúde dependerá da capacidade do setor de equilibrar reajustes, investimentos e qualidade na prestação de serviços, garantindo a manutenção do atendimento adequado sem comprometer o acesso dos usuários aos tratamentos necessários. Veja também Jovem morre após grave acidente de moto na BR-153 em Miranorte.