Última atualização: 16/02/2025
Uma jovem mãe viveu momentos de desespero ao dar à luz sozinha no banheiro de um hospital público em Campo Grande (MS). Segundo a família, a gestante enfrentou uma longa espera sem receber assistência médica adequada, mesmo apresentando sinais de trabalho de parto. O caso levanta questionamentos sobre a precariedade do atendimento na unidade de saúde e a falta de recursos para gestantes em situação de emergência.
Família denuncia negligência
Joseane Domingues, de 27 anos, chegou ao Hospital Regional de Campo Grande na sexta-feira (14) após sentir fortes dores indicativas de parto. No entanto, após um período de internação, foi liberada sem maiores explicações e orientada a voltar para casa. No dia seguinte, ao perceber a perda de líquido, retornou ao hospital pela manhã, acompanhada da mãe.
Apesar da urgência, a gestante permaneceu por horas à espera de atendimento. Segundo o relato do marido, William Carvalho da Silva, o hospital estava operando com apenas um médico responsável por todas as gestantes naquele momento. Desesperada e com dores intensas, Joseane tentou buscar ajuda, mas recebeu respostas ríspidas da equipe assistencial, que insistiu que ela esperasse pela médica de plantão.
Nascimento sem assistência
Enquanto aguardava atendimento, Joseane sentiu a necessidade de ir ao banheiro. Foi ali que, sem qualquer suporte profissional, deu à luz sua filha, Rafaella. O nascimento inesperado e solitário gerou pânico na família, que teve de chamar os enfermeiros aos gritos. Somente após a bebê estar nos braços da mãe, a equipe médica apareceu e realizou os primeiros procedimentos necessários.
“Minha esposa foi tratada com descaso. Ficamos horas ali, sem que ninguém nos desse atenção. E quando o bebê nasceu no banheiro, só então apareceram para ajudar. E se algo tivesse acontecido com ela ou com nossa filha? Isso é revoltante”, desabafou William.
Hospital se recusa a comentar o caso
Diante da denúncia, a reportagem procurou o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul para esclarecimentos. Em nota, a instituição afirmou que não irá se pronunciar sobre o caso, citando o sigilo médico e a Lei Geral de Proteção de Dados.
A omissão do hospital, no entanto, não ameniza a preocupação de outras gestantes que precisam de atendimento público. O caso de Joseane expõe um problema recorrente: a insuficiência de profissionais para atender a demanda, o que coloca em risco a saúde de mães e bebês.
Esperança em meio ao caos
Apesar do susto e do parto inesperado, a pequena Rafaella nasceu saudável e já está em casa com os pais. William, aliviado pela recuperação da esposa e da filha, afirma que não busca compensações, apenas quer que medidas sejam tomadas para evitar que outras famílias passem pelo mesmo sofrimento. “Não quero dinheiro, não quero nada, só quero que outra mãe não passe pelo que minha esposa passou”, finaliza. Veja também Barco Hospital Papa Francisco: esperança flutuante para comunidades amazônicas.