Última atualização: 17/02/2025
Uma técnica de enfermagem de 77 anos, com mais de cinco décadas de atuação no Hospital Municipal de Salvaterra, no arquipélago do Marajó, está sendo investigada sob suspeita de realizar abortos clandestinos. A Polícia Civil do Pará cumpriu, no último domingo (16), um mandado de busca e apreensão em sua residência, onde, segundo as autoridades, os procedimentos ilegais eram realizados. A mulher foi afastada de suas funções e proibida de se aproximar do hospital ou de testemunhas do caso.
A denúncia que desencadeou a investigação partiu da própria direção do hospital municipal, o que motivou a ação imediata das autoridades para reunir provas e confirmar a suspeita. Durante a operação, além de documentos e celulares, foram apreendidos diversos materiais médicos, incluindo sondas, medicamentos e instrumentos utilizados nas intervenções clandestinas. A técnica de enfermagem, ao ser interrogada, confessou a prática dos abortos ilegais.
Apreensão de materiais e consequências jurídicas
Na residência da investigada, os agentes encontraram uma grande quantidade de insumos hospitalares, como sondas de látex, pomadas, ampolas de medicamentos e grampos umbilicais, indícios que reforçaram as suspeitas sobre a prática dos abortos clandestinos. Segundo a delegada Carolina Bariane, responsável pelo caso, a investigação já possuía indícios suficientes para comprovar a materialidade do crime.
“A partir da denúncia, conseguimos reunir elementos que demonstram a ocorrência dos procedimentos ilegais. O mandado de busca e apreensão foi cumprido para recolher provas que subsidiem o processo judicial”, afirmou a delegada.
A mulher foi informada sobre a decisão judicial que determinou seu afastamento do cargo público e a proibição de manter contato com testemunhas envolvidas na investigação. Caso seja condenada, poderá responder pelo crime de aborto provocado por terceiro, conforme o artigo 126 do Código Penal Brasileiro.
Investigação e indiciamento da paciente
Além da técnica de enfermagem, a mulher que teria buscado o serviço ilegal para interromper a gestação também será indiciada. De acordo com as investigações, a paciente procurou a suspeita para realizar o procedimento fora do ambiente hospitalar, em circunstâncias clandestinas, o que configura crime dentro da legislação vigente.
Os materiais apreendidos foram encaminhados para perícia técnica, e a investigação segue em andamento. A Polícia Civil ainda trabalha para identificar se há outras mulheres que tenham recorrido aos serviços da investigada e se há eventuais cúmplices na prática dos abortos ilegais.
O caso repercute amplamente na cidade de Salvaterra, gerando discussões sobre o acesso a serviços de saúde e os desafios enfrentados por mulheres que buscam interromper a gravidez em um contexto de criminalização do aborto no Brasil. As autoridades reforçam que denúncias de práticas ilícitas como essa podem ser feitas anonimamente para garantir a responsabilização dos envolvidos. Veja também Técnico de enfermagem desaparecido há cinco dias é encontrado morto em Petrolina.