Última atualização: 14/02/2025
A reviravolta em um caso que chocou o Rio Grande do Sul trouxe novos elementos para a investigação de uma série de envenenamentos que resultaram na morte de quatro pessoas. Deise Moura dos Anjos, principal suspeita de cometer os crimes, foi encontrada morta em sua cela na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba na última quinta-feira (13). Detida sob acusação de envenenar integrantes da família do marido com um bolo contaminado, ela teria cometido suicídio um dia após ser informada sobre o pedido de divórcio do esposo. Antes de sua morte, Deise deixou uma carta na qual admitia ter feito “coisas impensadas“, além de relatar seu estado emocional e sua versão dos fatos. A Polícia Civil ainda aguarda o laudo pericial para confirmar oficialmente a causa do óbito.
A descoberta da carta e os desdobramentos
Segundo o delegado Fernando Sodré, responsável pelo caso, a suspeita escreveu uma série de mensagens que indicam sofrimento psicológico e possíveis arrependimentos. A carta reforça a hipótese de suicídio, mencionando um quadro de depressão. Em um dos trechos, Deise teria afirmado que adquiriu arsênio, mas que não chegou a utilizá-lo, alegando que se desfez da substância. A defesa, por outro lado, aponta que essa versão não anula as evidências contra ela e que as provas indicam que o veneno foi, de fato, utilizado na preparação de um bolo servido na noite de Natal.
Uma sequência de mortes e a investigação
O caso teve início em dezembro do ano passado, quando sete membros da família do marido de Deise passaram mal após consumirem o bolo contaminado. Três mulheres não resistiram: Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, enquanto Neuza Denize Silva dos Anjos faleceu devido a complicações graves decorrentes da intoxicação. Além dessas vítimas, Paulo Luiz dos Anjos, sogro da acusada, morreu meses antes sob circunstâncias semelhantes, após ingerir alimentos levados por Deise.
A principal linha de investigação da polícia sugere que Zeli dos Anjos, sogra da suspeita, era o alvo principal do ataque. Zeli sobreviveu após semanas internada e se recuperou, assim como uma criança de dez anos que também foi hospitalizada.
Conclusão do inquérito e impacto da morte da suspeita
Com a morte de Deise, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul informou que encerrará o inquérito policial e enviará o relatório final à Justiça. Como a acusada faleceu antes da formalização do indiciamento, não haverá um julgamento do caso. Entretanto, as autoridades afirmam que todas as provas apontam para a responsabilidade exclusiva de Deise nos crimes. “As encomendas do veneno, os registros de compra e os testemunhos coletados confirmam o envolvimento dela. A investigação está concluída“, afirmou o delegado Sodré.
O episódio reacende debates sobre saúde mental no sistema prisional e sobre os desdobramentos emocionais de crimes dessa natureza. Para os familiares das vítimas, resta o impacto de uma tragédia que marcou profundamente suas vidas e que, agora, chega a um desfecho definitivo com o encerramento das investigações. Ver Caso do bolo: Novas revelações apontam tentativa de envenenamento de 10 possíveis vítimas.