Última atualização: 09/01/2025
O início do uso clínico da eletroconvulsoterapia (ECT) ocorreu em 13 de janeiro de 1938, quando essa técnica foi empregada pela primeira vez para tratar um paciente com esquizofrenia. A introdução dessa abordagem revolucionária no campo da psiquiatria foi conduzida pelos médicos italianos Ugo Cerletti e Lucio Bini no Hospital Universitário de Roma. Desde então, a ECT transformou-se em uma ferramenta terapêutica essencial para o manejo de várias condições psiquiátricas graves.
O contexto histórico da Psiquiatria no século XX
Nas primeiras décadas do século XX, o tratamento de doenças mentais graves era desafiador e frequentemente ineficaz. Transtornos como esquizofrenia, depressão severa e transtorno bipolar frequentemente resultavam no confinamento vitalício dos pacientes em instituições psiquiátricas, sem perspectivas claras de melhora. Nesse cenário, a eletroconvulsoterapia emergiu como uma alternativa promissora, influenciada por experimentos prévios que demonstravam os efeitos terapêuticos das convulsões induzidas.
Antes da introdução da ECT, técnicas como a terapia de coma insulínico e a terapia de convulsão induzida por cardiazol foram utilizadas para provocar convulsões artificiais, baseando-se na ideia de que essas crises poderiam aliviar os sintomas psiquiátricos. No entanto, esses métodos apresentavam riscos significativos à saúde, incluindo mortalidade elevada. Cerletti, inspirado pelo uso de choques elétricos em experimentos com animais, viu potencial na eletricidade como uma forma mais segura e controlada de induzir convulsões em seres humanos.
O primeiro uso clínico da ECT
O primeiro paciente tratado com ECT foi um homem com esquizofrenia que apresentava comportamento agressivo e delírios graves. Sob supervisão médica, choques elétricos foram aplicados em seu cérebro, resultando em convulsões controladas. Após algumas sessões, o paciente mostrou uma significativa redução dos sintomas, o que reforçou a eficácia da técnica e incentivou sua disseminação global.
Indicações Terapêuticas
A ECT é particularmente eficaz no tratamento de condições como:
- Depressão maior resistente ao tratamento: é uma das abordagens mais eficazes para pacientes que não respondem a antidepressivos ou psicoterapia.
- Transtorno bipolar: especialmente útil em episódios depressivos ou maníacos graves.
- Esquizofrenia refratária: usada quando os medicamentos antipsicóticos falham em controlar os sintomas.
Controvérsias e avanços tecnológicos
Embora amplamente utilizada, a ECT enfrentou críticas devido aos seus efeitos colaterais, como perda temporária de memória e estigmatização. Filmes e representações midiáticas ajudaram a criar uma imagem negativa do procedimento, associando-o a práticas cruéis. No entanto, avanços significativos, incluindo o uso de anestesia geral e correntes elétricas de menor intensidade, tornaram a técnica mais segura e humanizada.
A ECT no século XXI
Atualmente, a eletroconvulsoterapia é uma prática médica regulamentada e aceita para o tratamento de casos graves de transtornos psiquiátricos. As diretrizes modernas garantem que o procedimento seja realizado de forma ética e com os mais altos padrões de segurança. A eficácia da ECT, especialmente em situações de risco de vida, continua a salvar e melhorar a qualidade de vida de inúmeros pacientes.
O início da eletroconvulsoterapia em 13 de janeiro de 1938 representou um avanço significativo para a psiquiatria. Apesar de controvérsias passadas, a evolução técnica e científica da ECT reafirma sua importância no tratamento de transtornos psiquiátricos graves. Ugo Cerletti e Lucio Bini deixaram um legado duradouro ao transformar a eletricidade em uma ferramenta de cura para milhões de pessoas ao redor do mundo. Ver Emergências Psiquiátricas em APH.