Por que as mulheres são mais vulneráveis ao Alzheimer?

Última atualização: 18/01/2025

Um estudo recente liderado por pesquisadores brasileiros trouxe à tona novos fatores que podem explicar a maior vulnerabilidade das mulheres ao Alzheimer, doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Publicado na revista científica Molecular Psychiatry, do grupo Nature, o trabalho explorou a relação entre os níveis de carnitina no sangue e o desenvolvimento da doença.

A descoberta: carnitina e suscetibilidade feminina

A pesquisa analisou 125 pacientes no Brasil e nos Estados Unidos, incluindo indivíduos saudáveis e outros com declínio cognitivo. Os resultados mostraram que mulheres apresentavam níveis significativamente mais baixos de carnitina no plasma sanguíneo em comparação aos homens. A carnitina, uma molécula essencial no metabolismo de gorduras e ácidos graxos, pode ter um papel protetor contra doenças neurodegenerativas, segundo os pesquisadores.

O professor Mychael Lourenço, do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou a importância do achado: “Precisamos estudar melhor para detalhar os mecanismos. É possível que a carnitina seja uma molécula protetora que, por algum motivo, apresenta uma diminuição significativa em mulheres.” A equipe pretende aprofundar as investigações para identificar os processos metabólicos envolvidos e explorar potenciais alvos terapêuticos.

Estradiol e o fator hormonal

Outro ponto levantado pelos especialistas é a ligação entre o estradiol, hormônio feminino, e o Alzheimer. Estudos anteriores indicam que as variações hormonais ao longo da vida, especialmente durante a menopausa, podem contribuir para o aumento do risco da doença em mulheres. Esse fator reforça a necessidade de abordagens específicas de diagnóstico e tratamento.

Impacto socioeconômico e prevenção

Embora a genética desempenhe um papel importante, fatores ambientais e socioeconômicos também estão intimamente ligados ao aumento dos casos de Alzheimer. No Brasil, a desigualdade de renda e a falta de acesso à educação foram identificadas como agravantes. Um levantamento da Universidade de São Paulo revelou que mais da metade dos casos de demência na América Latina poderia ser evitada com a redução de fatores de risco, como sedentarismo, má nutrição e falta de estímulos cognitivos.

Diagnóstico antecipado: um exame de sangue no horizonte

Os resultados da pesquisa com carnitina abrem caminho para o desenvolvimento de exames de sangue que poderiam diagnosticar o Alzheimer com maior precisão e antecedência. Caso estudos futuros confirmem as descobertas em populações maiores e geneticamente diversificadas, a medicina poderá contar com ferramentas mais acessíveis para identificar a doença anos antes do aparecimento dos sintomas.

O desafio da representatividade

Apesar das promessas, o estudo reconhece limitações importantes, como o tamanho reduzido da coorte analisada. A ampliação da base de participantes e a inclusão de populações mais diversas são passos essenciais para validar os achados e torná-los aplicáveis globalmente.

A pesquisa não apenas esclarece a relação entre gênero e Alzheimer, mas também lança luz sobre a necessidade de intervenções precoces e personalizadas. Com o aumento da expectativa de vida, compreender as diferenças biológicas e sociais que afetam homens e mulheres será crucial para enfrentar os desafios das doenças neurodegenerativas.

O que fazer então

Enquanto a ciência avança, especialistas reforçam a importância de adotar um estilo de vida saudável como medida preventiva. Alimentação balanceada, exercícios físicos e atividades que estimulem o cérebro permanecem entre as melhores estratégias para reduzir os riscos da doença. Ver também História da fundação da Cruz Vermelha Brasileira.

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