Última atualização: 08/01/2025
No dia 10 de janeiro de 1832, o Brasil deu um passo importante para o desenvolvimento da saúde materno-infantil e da formação profissional na área da saúde. Foi nesta data que se fundou a primeira escola de obstetrícia no país, dentro da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Esse acontecimento marcou o início da profissionalização das parteiras, um avanço significativo em um período onde a assistência ao parto ainda era dominada por práticas empíricas e conhecimentos passados oralmente entre gerações. Ver A evolução da enfermagem obstetrícia e da humanização do parto.
Contexto histórico da Obstetrícia no Brasil
Até o início do século XIX, o cuidado com as gestantes e o parto no Brasil era quase exclusivamente realizado por parteiras leigas, mulheres que aprendiam com a prática e pela tradição oral. A mortalidade materna e infantil era elevada, e complicações comuns do parto frequentemente resultavam em desfechos trágicos devido à falta de conhecimentos médicos mais avançados.
A chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808 trouxe consigo novas influências no campo da medicina, incluindo a fundação das primeiras faculdades de medicina:
- A Faculdade de Medicina da Bahia (em Salvador), criada em 1808.
- A Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, fundada em 1813.
Essas instituições foram responsáveis por introduzir uma nova era de formação profissional e científica para médicos e cirurgiões no país. No entanto, demoraria ainda algumas décadas para que a obstetrícia fosse tratada como uma disciplina formal.
Criação do curso de partos
Em 1832, a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro estabeleceu o Curso de Partos, considerado a primeira iniciativa de ensino formal de obstetrícia no Brasil. A criação deste curso foi motivada pela necessidade urgente de qualificar parteiras e melhorar os índices de saúde relacionados ao parto. O objetivo era oferecer um ensino baseado em fundamentos científicos, afastando-se das práticas exclusivamente empíricas.
O curso tinha uma abordagem prática e teórica, permitindo que as alunas acompanhassem partos em hospitais e estudassem anatomia, fisiologia feminina e técnicas obstétricas modernas. Entre os conteúdos abordados estavam:
- Anatomia e fisiologia do aparelho reprodutor feminino
- Processos do parto normal e complicações obstétricas
- Uso do fórceps e outros instrumentos médicos
- Cuidados neonatais e assistência ao recém-nascido
A profissionalização das parteiras
A fundação da escola de obstetrícia trouxe uma mudança significativa ao status das parteiras. Antes consideradas praticantes informais, elas passaram a ser reconhecidas como profissionais capacitadas, tendo que obter um diploma para exercer a profissão legalmente. Essa transformação refletiu um esforço mais amplo de modernização da medicina brasileira, que visava padronizar e regulamentar práticas médicas.
O papel das parteiras continuou a ser fundamental, mesmo com o crescente envolvimento dos médicos obstetras, pois muitas comunidades, especialmente em regiões mais afastadas, dependiam quase exclusivamente delas para o cuidado no parto. A formação formal ajudou a diminuir as complicações durante o nascimento, promovendo uma assistência mais segura às mães e bebês.
Impacto e evolução da Obstetrícia no Brasil
O marco de 1832 deu início a um processo contínuo de evolução na área de obstetrícia. A prática passou a incorporar avanços científicos e novas tecnologias ao longo do tempo. Com o desenvolvimento das políticas públicas de saúde, a obstetrícia moderna se consolidou como uma especialidade médica, complementada pelo papel das enfermeiras obstétricas, que continuaram a prestar cuidados essenciais.
A fundação da primeira escola de obstetrícia no Brasil, em 10 de janeiro de 1832, representa um marco na história da medicina e da saúde pública brasileira. O curso estabelecido na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro não apenas contribuiu para a profissionalização das parteiras, mas também lançou as bases para o desenvolvimento da prática obstétrica moderna no país. Esse momento histórico simboliza o compromisso contínuo com a melhoria da saúde materna e infantil, uma área que permanece em constante evolução e relevância até os dias de hoje.