Última atualização: 16/02/2025
Um caso revoltante de desrespeito e negligência no tratamento de uma criança autista veio à tona após a divulgação de gravações feitas pelos próprios pais da vítima. O episódio ocorreu em uma unidade do Hospital Salvalus, vinculado à rede NotreDame Intermédica, localizada na Mooca, zona leste de São Paulo. No áudio capturado, duas psicólogas do serviço de terapia infantil da instituição foram flagradas ridicularizando a criança, proferindo comentários ofensivos e demonstrando total desprezo pelo seu estado emocional. A família, desconfiada das reações negativas da criança antes das consultas, decidiu instalar um gravador em sua mochila, e o que foi registrado causou indignação entre especialistas e a população em geral.
Desconfiança dos pais levou às gravações
Os pais do menino notaram alterações em seu comportamento, que passou a demonstrar sinais de ansiedade extrema ao se aproximar do hospital. As crises de choro e pânico constantes levantaram suspeitas sobre a qualidade do atendimento recebido pela criança. Para esclarecer a situação, decidiram colocar um dispositivo de gravação na mochila do filho durante uma das sessões. O material registrado revelou o comportamento antiético das profissionais, que zombaram da criança durante a consulta e fizeram declarações preconceituosas e humilhantes.
Comentários ofensivos e desumanização
Nos áudios, é possível ouvir as psicólogas rindo da situação da criança e fazendo comentários depreciativos sobre seu comportamento. Uma delas afirma que o paciente “é uma causa perdida“, enquanto outra menciona que ele “parece uma pomba, come e c***”. Em outro trecho, uma profissional faz uma pergunta provocativa ao menino: “Atenção! Olha para mim. Quem come banana? Quem come banana?“. Ao que a criança responde “Banana macaco“. As risadas que seguem e o tom jocoso das terapeutas mostram o desprezo e a falta de empatia com a condição do paciente.
Repercussão e medidas tomadas
A exposição do caso gerou revolta nas redes sociais e entre grupos de defesa dos direitos de pessoas com transtorno do espectro autista. A NotreDame Intermédica, responsável pelo hospital, emitiu uma nota oficial condenando a atitude das profissionais e anunciando a demissão imediata das envolvidas. Além disso, a polícia instaurou um inquérito para investigar possíveis crimes de maus-tratos e discriminação. Especialistas na área da saúde mental ressaltaram a importância da capacitação adequada de profissionais para lidar com pacientes autistas, enfatizando que situações como essa não podem ser toleradas.
Impacto no debate sobre atendimento a autistas
O caso reacendeu o debate sobre a necessidade de um atendimento humanizado e especializado para pessoas com transtorno do espectro autista. Organizações que lutam pelos direitos dessas pessoas reforçaram a importância de denunciar situações de abusos e negligência em serviços de saúde. Famílias afetadas por situações semelhantes também se manifestaram, compartilhando experiências de descaso e falta de preparo dos profissionais em instituições de saúde. O caso segue em investigação, e os pais da criança esperam que justiça seja feita para evitar que outros pacientes passem pelo mesmo tipo de sofrimento. Veja também Hospital Vaz Monteiro amplia atendimento cardíaco de alta complexidade pelo SUS em Lavras e região.