Última atualização: 16/02/2025
A Escala de Braden é um instrumento amplamente utilizado na enfermagem para avaliar o risco de um paciente desenvolver úlceras por pressão (também chamadas de escaras). Criada por Barbara Braden e Nancy Bergstrom nos anos 1980, essa escala se tornou um padrão internacional na prevenção de lesões de pele, sendo empregada em hospitais, clínicas e instituições de cuidados de longo prazo.
O que é a Escala de Braden?
A Escala de Braden é uma ferramenta de avaliação padronizada que permite identificar o grau de vulnerabilidade de um paciente em desenvolver úlceras por pressão. Esses tipos de lesões são comuns em pacientes acamados, cadeirantes ou com mobilidade reduzida, pois a pressão constante sobre certas áreas do corpo pode comprometer a circulação sanguínea e levar à morte celular dos tecidos.
A avaliação feita por meio da Escala de Braden é fundamental para a implementação de medidas preventivas antes que a lesão ocorra, evitando complicações graves e custos elevados com tratamentos.
Como funciona
A escala é composta por seis categorias, cada uma com uma pontuação que varia de 1 a 4 pontos (exceto a categoria “Fricção e Cisalhamento”, que varia de 1 a 3 pontos). Quanto menor a pontuação total, maior o risco de desenvolvimento de lesões por pressão.
As categorias avaliadas são:
- Percepção sensorial – Avalia a capacidade do paciente de sentir dor ou desconforto.
- Umidade – Mede a exposição da pele à umidade (suor, urina, fezes).
- Atividade – Avalia o nível de mobilidade do paciente (acamado, restrito à cadeira, deambula ocasionalmente ou frequentemente).
- Mobilidade – Mede a capacidade do paciente de mudar de posição sozinho.
- Nutrição – Avalia o estado nutricional do paciente.
- Fricção e Cisalhamento – Examina o impacto mecânico do atrito da pele com superfícies.
Tabela da Escala de Braden
Aqui está a versão completa da Escala de Braden:
Categoria | 1 ponto | 2 pontos | 3 pontos | 4 pontos |
---|---|---|---|---|
Percepção Sensorial | Completamente limitado | Muito limitado | Levemente limitado | Nenhuma limitação |
Umidade | Constantemente molhado | Muito molhado | Ocasionalmente molhado | Raramente molhado |
Atividade Física | Acamado | Restrito à cadeira | Deambula ocasionalmente | Deambula frequentemente |
Mobilidade | Totalmente imóvel | Bastante limitado | Levemente limitado | Sem limitações |
Nutrição | Muito pobre | Provavelmente inadequada | Adequada | Excelente |
Fricção e Cisalhamento | Problema importante | Problema | Problema potencial | Nenhum problema |
Além disso, a pontuação final classifica o paciente em níveis de risco:
- Risco muito alto: 6 a 9 pontos
- Risco alto: 10 a 12 pontos
- Risco moderado: 13 a 14 pontos
- Risco baixo: 15 a 18 pontos
- Sem risco: 19 a 23 pontos
Como aplicar
A Escala de Braden deve ser aplicada por enfermeiros e profissionais de saúde para avaliar o risco do paciente e, se necessário, implementar medidas preventivas. O processo de aplicação segue alguns passos:
- Realizar a Avaliação Inicial
- Deve ser feita nas primeiras 8 horas da admissão do paciente na unidade hospitalar.
- Avaliar cada um dos seis fatores e atribuir as pontuações conforme as características do paciente.
- Classificar o Risco do Paciente
- Somar as pontuações e verificar em qual categoria o paciente se encontra (risco muito alto, alto, moderado, baixo ou sem risco).
- Implementar Medidas Preventivas
- Para pacientes com risco moderado a muito alto, iniciar protocolos de prevenção, como mudanças frequentes de posição, uso de colchões específicos e monitoramento da pele.
- Reavaliar Regularmente
- A escala deve ser reaplicada diariamente ou conforme a condição do paciente se altera (como cirurgia, mudança no nível de consciência ou agravamento da condição clínica).
Intervenções Preventivas Baseadas na Escala de Braden
1. Pacientes com Risco Muito Alto (6 a 9 pontos)
- Reposicionar o paciente a cada 2 horas para aliviar a pressão nas áreas de risco.
- Utilizar colchões terapêuticos para redistribuição da pressão.
- Manter a pele limpa e seca para evitar irritações e infecções.
- Hidratar a pele com cremes protetores.
- Monitoramento rigoroso para detecção precoce de sinais de lesões.
2. Pacientes com Risco Alto (10 a 12 pontos)
- Aplicar as mesmas estratégias do grupo anterior, com ênfase na redução da pressão nas áreas ósseas.
- Estimular mudanças de posição, quando possível, para aumentar a circulação sanguínea.
3. Pacientes com Risco Moderado (13 a 14 pontos)
- Implementar mudanças posturais frequentes.
- Oferecer alimentação balanceada para garantir um bom estado nutricional.
- Observar sinais iniciais de lesões por pressão, como vermelhidão persistente na pele.
4. Pacientes com Risco Baixo (15 a 18 pontos)
- Monitoramento regular da pele.
- Incentivo à mobilização ativa sempre que possível.
- Manutenção de higiene e hidratação adequadas da pele.
5. Pacientes Sem Risco (19 a 23 pontos)
- Apenas cuidados básicos de rotina, com avaliação periódica para garantir que o risco não aumente.
É um dos principais instrumentos de prevenção de lesões por pressão
A Escala de Braden é um dos principais instrumentos de prevenção de lesões por pressão, permitindo uma avaliação rápida e eficaz dos fatores de risco para a formação de escaras. Sua aplicação sistemática contribui significativamente para a qualidade do cuidado de enfermagem, reduzindo complicações e promovendo a segurança do paciente.
A correta utilização dessa escala em hospitais, clínicas e instituições de longa permanência pode evitar danos graves, reduzir custos com tratamentos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Ver Crise no SUS: Fila de espera por cirurgias eletivas cresce 26% em um ano.