Uso e abuso de álcool na adolescência e o papel do enfermeiro na Unidade Básica de Saúde (UBS)

Uso e abuso de álcool na adolescência e o papel do enfermeiro na Unidade Básica de Saúde (UBS)

O uso e abuso de álcool na adolescência é um tema que merece nossa atenção e reflexão, ao representar um problema de saúde pública que afeta não apenas os jovens, mas também suas famílias e comunidades. A adolescência é um período de transição, marcado por mudanças físicas, emocionais e sociais, em que o indivíduo é mais suscetível a influências externas e tende a buscar novas experiências, incluindo o consumo de substâncias como o álcool.

O consumo precoce pode levar a inúmeros problemas, tais como alterações de humor, dificuldades no desempenho escolar e problemas de saúde.

O consumo de álcool na adolescência pode trazer consequências negativas, como acidentes de trânsito e comportamentos autodestrutivos. Além disso, pode aumentar o risco de dependência na vida adulta e agravar problemas de saúde mental já existentes. É fundamental, portanto, que haja um esforço conjunto entre família, escola e profissionais de saúde para minimizar esses impactos.

O papel fundamental do enfermeiro na Unidade Básica de Saúde (UBS)

Neste cenário, o enfermeiro desempenha um papel fundamental na Unidade Básica de Saúde (UBS), atuando na prevenção, detecção precoce e tratamento de problemas relacionados ao uso e abuso de álcool entre os adolescentes. O enfermeiro tem a capacidade de estabelecer um vínculo com os jovens e suas famílias, auxiliando no processo de conscientização sobre os riscos e danos causados pelo consumo de álcool.

É importante que esse profissional esteja preparado para lidar com as peculiaridades dessa fase da vida, oferecendo suporte adequado e orientações pertinentes.

A atuação do enfermeiro na UBS deve ser pautada pela promoção da saúde e prevenção de doenças, através de atividades educativas e de orientação, envolvendo escolas, famílias e comunidades.

Esses profissionais podem realizar palestras, oficinas e grupos de discussão, abordando temas como o consumo responsável de álcool, os efeitos do álcool no organismo, estratégias de enfrentamento da pressão social e desenvolvimento de habilidades sociais para lidar com situações de risco.

Dessa forma, é possível criar uma rede de apoio e conscientização que envolva diversos setores da sociedade.

Detecção precoce

No que diz respeito à detecção precoce, o enfermeiro deve estar atento aos sinais e sintomas que possam indicar o uso problemático de álcool por adolescentes, como mudanças bruscas no comportamento, queda no rendimento escolar, isolamento social e alterações no padrão de sono. O profissional pode encaminhar os jovens identificados para uma avaliação mais detalhada e, se necessário, para tratamento adequado. Esse acompanhamento é fundamental para garantir o bem-estar e a recuperação desses jovens.

Além disso, o enfermeiro pode trabalhar em conjunto com outros profissionais de saúde, como médicos, psicólogos e assistentes sociais, no acompanhamento e tratamento de adolescentes com problemas relacionados ao uso de álcool. Essa abordagem multidisciplinar favorece o desenvolvimento de estratégias terapêuticas individualizadas, que atendam às necessidades específicas de cada jovem e de suas famílias.

O trabalho em equipe é fundamental para garantir um tratamento mais efetivo e abrangente, possibilitando uma melhor qualidade de vida para o adolescente e seus familiares.

Sem dúvida alguma, o enfermeiro desempenha um papel crucial na UBS, contribuindo para a prevenção, detecção e tratamento do uso e abuso de álcool entre os adolescentes. Investir na formação e capacitação desses profissionais é essencial para que possam exercer seu papel de forma eficiente e humanizada.

A sociedade como um todo deve estar engajada na promoção da saúde e no combate ao uso e abuso de álcool entre os jovens, pois a prevenção é sempre o melhor caminho para evitar consequências devastadoras na vida de nossos adolescentes.

Dados e referências disponíveis

  1. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) – 2019: A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde. A edição de 2019 mostrou que 55,5% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental já experimentaram bebidas alcoólicas e 18,4% desses estudantes relataram ter feito isso antes dos 12 anos de idade. Além disso, 21,4% dos estudantes relataram ter consumido álcool nos 30 dias anteriores à pesquisa.
  2. Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) – 2012: O Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), realizado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), mostrou que 34,3% dos jovens entre 14 e 25 anos relataram ter se envolvido em episódios de consumo excessivo de álcool nos últimos 12 meses. Além disso, 45,9% dos jovens entrevistados relataram ter experimentado álcool pela primeira vez antes dos 15 anos.
  3. Estudo de Carga Global de Doenças (GBD) – 2019: O Estudo de Carga Global de Doenças (GBD) realizado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) mostrou que o álcool é um dos principais fatores de risco para morbidade e mortalidade no Brasil. Entre a população mais jovem, o álcool é uma das principais causas de incapacidade e morte prematura.
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