É indispensável que esta avaliação do risco seja permanente, ou seja, aconteça em toda consulta. A avaliação de risco não é tarefa fácil.

Fatores de Risco Reprodutivo para a Gravidez

Para implementar as atividades do controle pré-natal, é necessário identificar os riscos a que cada gestante está exposta.

Isso permitirá a orientação e os encaminhamentos adequados em cada momento da gravidez. É indispensável que esta avaliação do risco seja permanente, ou seja, aconteça em toda consulta. A avaliação de risco não é tarefa fácil. O conceito de risco está associado ao de probabilidades e o encadeamento entre um fator de risco e um dano nem sempre está explicitado.

Os primeiros sistemas de avaliação do risco foram elaborados com base na observação e experiência dos seus autores, e só recentemente têm sido submetidos a análises, persistindo, ainda, dúvidas sobre sua efetividade como discriminadores.

Os sistemas que utilizam pontos ou notas sofrem, ainda, pela falta de exatidão do valor atribuído a cada fator e a associação entre eles, assim como a constatação de grandes variações de acordo com sua aplicação a indivíduos ou populações. Assim, a realidade epidemiológica local deverá ser levada em consideração para dar maior ou menor relevância aos fatores mencionados no quadro sobre fatores de risco para a gravidez atual.

Da mesma forma, a caracterização de uma situação de risco não implica necessariamente referência da gestante para acompanhamento em pré-natal de alto risco.

As situações que envolvem fatores clínicos mais relevantes (risco real) e/ou fatores preveníveis que demandem intervenções mais complexas devem ser necessariamente referenciadas, podendo, contudo retornar ao nível primário, quando se considerar a situação resolvida e/ou a intervenção já realizada.

De qualquer maneira, a unidade básica de saúde deve continuar responsável pelo seguimento da gestante encaminhada a um nível de maior complexidade no sistema. Na classificação a seguir, são apresentadas as situações em que deve ser considerado o encaminhamento ao pré-natal de alto risco ou avaliação com especialista.

FATORES DE RISCO PARA A GRAVIDEZ ATUAL

1. Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis:

  • Idade menor que 15 e maior que 35 anos;
  • Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse;
  • Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em se tratando de adolescente;
  • Situação conjugal insegura;
  • Baixa escolaridade (menor que cinco anos de estudo regular);
  • Condições ambientais desfavoráveis;
  • Altura menor que 1,45m;
  • Peso menor que 45kg e maior que 75kg;
  • Dependência de drogas lícitas ou ilícitas.

2. História reprodutiva anterior:

  • Morte perinatal explicada ou inexplicada;
  • Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou malformado;
  • Abortamento habitual;
  • Esterilidade/infertilidade;
  • Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos;
  • Nuliparidade e multiparidade;
  • Síndromes hemorrágicas;
  • Pré-eclâmpsia/eclâmpsia;
  • Cirurgia uterina anterior;
  • Macrossomia fetal.

3. Intercorrências clínicas crônicas:

  • Cardiopatias;
  • Pneumopatias;
  • Nefropatias;
  • Endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus);
  • Hemopatias;
  • Hipertensão arterial moderada ou grave e/ou em uso de anti-hipertensivo;
  • Epilepsia;
  • Infecção urinária;
  • Portadoras de doenças infecciosas (hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis e outras DST);
  • Doenças auto-imunes (lupus eritematoso sistêmico, outras colagenoses);
  • Ginecopatias (malformação uterina, miomatose, tumores anexiais e outras).

4. Doença obstétrica na gravidez atual:

  • Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico;
  • Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada;
  • Ganho ponderal inadequado;
  • Pré-eclâmpsia/eclâmpsia;
  • Amniorrexe prematura;
  • Hemorragias da gestação;
  • Isoimunização;
  • Óbito fetal.

Identificando-se um ou mais destes fatores, a gestante deverá ser tratada na unidade básica de saúde (UBS), conforme orientam os protocolos do Ministério da Saúde.

Os casos não previstos para tratamento na UBS deverão ser encaminhados para a atenção especializada ou hospital de referência. Para as gestantes de risco intermediário ou de alto risco, a equipe da atenção básica deverá manter o acompanhamento da gestante, observando a realização das orientações prescritas pelo serviço de referência.

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