Ao avaliar e tratar pacientes pediátricos feridos, é crucial reconhecer as diferenças anatômicas e fisiológicas entre crianças e adultos, que podem afetar a apresentação e a resposta aos tratamentos.
Nesta seção, abordaremos algumas das principais diferenças relevantes para a avaliação e o tratamento de ferimentos pediátricos.
Diferenças anatômicas:
- Cabeça: A cabeça de uma criança é proporcionalmente maior em relação ao corpo, tornando-as mais suscetíveis a ferimentos na cabeça e no pescoço.
- Vias aéreas: As vias aéreas das crianças são menores, com a epiglote mais curta e mais flexível, e a traqueia mais curta e estreita. Isso aumenta o risco de obstrução das vias aéreas e dificulta a intubação.
- Tórax: O tórax das crianças é mais flexível e elástico, com costelas mais horizontais, o que pode levar a lesões internas, mesmo na ausência de ferimentos externos aparentes.
- Abdômen: As crianças têm uma parede abdominal menos muscular e órgãos internos mais expostos, tornando-os mais suscetíveis a lesões abdominais.
- Sistema esquelético: Os ossos das crianças são mais flexíveis e menos densos, o que pode levar a fraturas incompletas ou “em galho verde”, que podem ser mais difíceis de identificar.
Diferenças fisiológicas:
- Frequência cardíaca e respiratória: As crianças têm uma frequência cardíaca e respiratória mais rápida em comparação aos adultos, e essas taxas variam com a idade.
- Reservas de fluidos e volume sanguíneo: As crianças têm reservas de fluidos menores e um volume sanguíneo proporcionalmente menor, tornando-as mais suscetíveis à desidratação e ao choque.
- Resposta ao choque: As crianças geralmente compensam melhor a perda sanguínea inicialmente, mantendo a pressão arterial por meio de uma resposta taquicárdica. No entanto, uma vez que a compensação falhe, a deterioração pode ser rápida e grave.
- Termorregulação: As crianças têm uma superfície corporal proporcionalmente maior e uma menor capacidade de regular a temperatura, tornando-as mais suscetíveis à hipotermia e à hipertermia.