Última atualização: 01/01/2025
O edema agudo de pulmão (EAP) é uma emergência médica caracterizada pelo acúmulo de líquidos nos pulmões, comprometendo a troca gasosa e podendo levar ao óbito. Este quadro clínico requer uma abordagem rápida e eficaz pela equipe multiprofissional devido à instabilidade hemodinâmica do paciente. Ver Inspeção e palpação de edema periférico: o que o enfermeiro deve observar?.
Causas e Etiologia
Fatores Cardiogênicos
- Insuficiência cardíaca esquerda: Principal causa de EAP cardiogênico.
- Coronariopatias: Doenças que comprometem o fluxo sanguíneo coronariano.
- Valvopatias: Alterações nas válvulas cardíacas.
- Arritmias: Descompassos na atividade elétrica do coração.
- Crise hipertensiva: Elevação aguda da pressão arterial.
Fatores Não Cardiogênicos
- Hipoxemia: Deficiência de oxigênio no sangue arterial.
- Afecções respiratórias: Redução da complacência pulmonar e alteração na relação ventilação-perfusão.
- Aumento da permeabilidade vascular: Extravasamento de líquidos para o espaço alveolar e intersticial.
Fisiopatologia do EAP
O EAP resulta do acúmulo de líquidos que extravasam dos capilares pulmonares para o espaço intersticial e alveolar, comprometendo a hematose.
- Cardiogênico: Ocorre devido ao aumento da pressão venosa central e capilar pulmonar sem alteração na permeabilidade vascular.
- Não Cardiogênico: Associado ao aumento da permeabilidade vascular, permitindo a passagem de líquidos e proteínas para o espaço alveolar.
Diagnóstico
Avaliação Clínica
O diagnóstico é eminentemente clínico, baseado em:
- Exame físico.
- Histórico médico pregresso.
Exames Complementares
- Radiografia de Tórax: Evidencia alterações pulmonares características de edema alveolar.
- Eletrocardiograma (ECG): Detecta alterações elétricas cardíacas, apontando para síndromes coronarianas ou arritmias.
- Ecocardiograma: Diferencia as causas de EAP cardiogênico e não cardiogênico.
- Gasometria Arterial: Identifica hipoxemia e hipocapnia, evoluindo para hipercapnia em casos graves.
Manifestações Clínicas
Os principais sinais e sintomas do EAP incluem:
- Dispneia: Sensação de falta de ar intensa.
- Ortopneia: Dificuldade respiratória ao deitar-se.
- Cianose de extremidades: Lábios e dedos azulados devido à baixa oxigenação.
- Sudorese intensa: Transpiração excessiva associada à agitação.
- Ansiedade: Sensação de medo e pânico pelo desconforto respiratório.
- Tosse com expectoração rósea: Sinal de congestão pulmonar severa.
Cuidados Imediatos e Intervenções de Enfermagem
Posicionamento do Paciente
- Manter o paciente em decúbito elevado com pernas pendentes.
- Reduz o trabalho respiratório e diminui o retorno venoso.
Manutenção das Vias Aéreas
- Realizar aspiração de secreções.
- Instalar máscara de oxigênio ou cateter nasal.
- Auxiliar em suporte ventilatório não invasivo, como CPAP ou BiPAP, para melhorar a ventilação.
Monitorização
- Monitorar sinais vitais e instalar oximetria de pulso.
- Observar possíveis limitações da oximetria em casos de má perfusão periférica.
Coleta de Exames e Administração de Medicamentos
- Puncionar acesso venoso calibroso para:
- Coleta de exames laboratoriais (eletrólitos, função renal, marcadores cardíacos, hemograma).
- Administração de medicamentos.
Tratamento Farmacológico
- Diuréticos de Alça: Reduzem a congestão pulmonar ao promover eliminação de líquidos.
- Nitratos: Causam vasodilatação, melhorando a circulação e aliviando a pressão cardíaca.
- Analgésicos Potentes: Reduzem a ansiedade e o desconforto respiratório.
Cuidados de Enfermagem no Tratamento
- Monitorar a eficácia dos medicamentos: Avaliar sinais de alívio da dispneia e diminuição da ansiedade.
- Educar o paciente e a família: Orientar sobre a internação e o manejo dos sintomas.
- Intervenções psicológicas: Reduzir o impacto emocional do EAP no paciente e em seus familiares.
Corrida contra o tempo
O manejo do edema agudo de pulmão é uma corrida contra o tempo. Reconhecer rapidamente os sinais e iniciar intervenções adequadas pode salvar vidas e reduzir complicações. A atuação eficiente da equipe multiprofissional, com a participação ativa da enfermagem, é fundamental para garantir o melhor prognóstico ao paciente.