Última atualização: 01/01/2025
A embolia pulmonar (EP) é uma condição clínica grave, caracterizada pela obstrução súbita de uma ou mais artérias pulmonares por um êmbolo. Essa obstrução prejudica a circulação sanguínea nos pulmões, podendo causar insuficiência respiratória, sobrecarga cardíaca e, em casos extremos, o óbito. Frequentemente associada à trombose venosa profunda (TVP), a EP é considerada uma emergência médica e exige intervenção rápida e eficaz. Ver Circulação pulmonar.
1. O que é um Êmbolo?
Um êmbolo é qualquer substância que, ao se deslocar pela corrente sanguínea, obstrui um vaso. Ele pode ter diferentes origens e composições:
- Coágulo sanguíneo (trombo): Forma mais comum, frequentemente originado em veias profundas das pernas ou da pelve.
- Êmbolo gorduroso: Decorrente de fraturas ósseas que liberam gordura da medula óssea na corrente sanguínea.
- Êmbolo de líquido amniótico: Raro, ocorre durante o trabalho de parto e pode causar obstruções em pequenos vasos pulmonares.
- Bolhas de ar ou fragmentos de tumor: Causas menos frequentes, mas possíveis, geralmente associadas a procedimentos médicos ou doenças malignas.
2. Causas e Mecanismo da Embolia Pulmonar
A EP ocorre quando um êmbolo, frequentemente um coágulo, se desloca de uma veia profunda para os pulmões, onde obstrui uma artéria. Ver Prognóstico. Essa condição pode ser desencadeada por diversas situações:
2.1 Principais Causas
- Trombose Venosa Profunda (TVP): Principal fonte de coágulos que levam à EP.
- Imobilidade prolongada: Comum em pacientes hospitalizados, pós-operatórios ou em longas viagens.
- Fraturas ósseas: Podem liberar gordura na circulação.
- Cirurgias recentes: Especialmente procedimentos ortopédicos e abdominais.
- Gravidez e puerpério: Associados a alterações hormonais e aumento da coagulação sanguínea.
- Uso de contraceptivos hormonais: Associados ao aumento do risco de trombose.
- Doenças malignas: Podem predispor à formação de coágulos.
2.2 Mecanismo Fisiopatológico
- Obstrução arterial: Interrompe o fluxo sanguíneo nos pulmões.
- Hipoxemia: A interrupção do fluxo prejudica a troca de gases nos alvéolos.
- Sobrecarga cardíaca: O coração direito enfrenta dificuldade para bombear sangue devido à obstrução.
3. Manifestações Clínicas da Embolia Pulmonar
Os sinais e sintomas variam de acordo com o tamanho do êmbolo e a extensão da obstrução:
3.1 Sinais e Sintomas Mais Comuns
- Dispneia súbita: Dificuldade respiratória aguda, agravada pelo esforço físico.
- Dor torácica pleurítica: Dor intensa, localizada e que se intensifica com a respiração profunda.
- Tosse: Pode ser seca ou acompanhada de expectoração com sangue (hemoptise).
- Cianose: Indica obstrução grave e insuficiência na oxigenação do sangue.
- Taquicardia e arritmias: Resultam da sobrecarga cardíaca direita.
- Náuseas, síncope ou convulsões: Podem ocorrer em casos graves devido à redução do fluxo sanguíneo para o cérebro.
4. Diagnóstico da Embolia Pulmonar
4.1 Avaliação Clínica
- História médica detalhada, incluindo fatores de risco para TVP.
- Exame físico para identificar sinais como dispneia, taquicardia e cianose.
4.2 Exames Complementares
- Exames de Imagem:
- Radiografia de tórax: Identifica alterações pulmonares ou sinais de infarto pulmonar.
- Angiotomografia Computadorizada (Angio-TC): Método mais utilizado, detecta obstruções em artérias pulmonares.
- Cintilografia pulmonar: Avalia a perfusão pulmonar em pacientes com contraindicação ao uso de contraste.
- Arteriografia pulmonar: Padrão-ouro, embora invasiva.
- Exames Laboratoriais:
- D-dímero: Indicador de atividade de coagulação.
- Gasometria arterial: Evidencia hipoxemia e hipercapnia.
- Hemograma e função renal: Avaliam o estado geral do paciente.
5. Tratamento da Embolia Pulmonar
O tratamento da EP é voltado para:
- Estabilizar o paciente.
- Prevenir novas obstruções.
- Dissolver ou remover o êmbolo.
5.1 Medidas Imediatas
- Oxigenoterapia:
- Administração de oxigênio por cateter nasal ou máscara de Venturi.
- Em casos graves, ventilação mecânica invasiva ou não invasiva (CPAP/BiPAP).
- Posicionamento:
- Paciente em decúbito elevado para facilitar a ventilação.
- Monitorização:
- Controle de saturação de oxigênio, frequência cardíaca e pressão arterial.
- Punção Venosa:
- Para administração de medicamentos e coleta de exames.
5.2 Terapia Medicamentosa
- Anticoagulantes:
- Heparina: Início imediato, administrada via intravenosa ou subcutânea.
- Varfarina: Uso prolongado, iniciada concomitantemente à heparina.
- Trombolíticos:
- Substâncias como ativador do plasminogênio tecidual (tPA) dissolvem coágulos. Indicados em casos graves, mas contraindicados em pacientes com risco hemorrágico.
- Analgésicos:
- Para controle da dor e redução da ansiedade.
5.3 Intervenções Cirúrgicas
- Embolectomia Pulmonar:
- Remoção cirúrgica do êmbolo em casos de obstrução grave.
- Filtro de veia cava:
- Previne que novos coágulos alcancem os pulmões.
6. Cuidados de Enfermagem na Embolia Pulmonar
6.1 Monitoramento Contínuo
- Avaliação dos sinais vitais, saturação de oxigênio e frequência respiratória.
- Observação de alterações no padrão respiratório e no nível de consciência.
6.2 Intervenções
- Garantir acesso venoso periférico ou central.
- Manter comunicação efetiva com a equipe multidisciplinar.
- Prestar suporte emocional ao paciente e familiares.
6.3 Prevenção de Complicações
- Uso de técnicas assépticas para evitar infecções.
- Mobilização precoce para prevenir TVP.
- Educação ao paciente sobre uso correto de anticoagulantes.
7. Prognóstico e Prevenção
7.1 Fatores que Influenciam o Prognóstico
- Tamanho e número dos êmbolos.
- Rapidez no início do tratamento.
- Condições clínicas prévias do paciente.
7.2 Estratégias de Prevenção
- Mobilidade precoce: Exercícios ativos e passivos em pacientes acamados.
- Anticoagulantes profiláticos: Uso em pacientes de alto risco, como pós-operatórios.
- Meias de compressão: Melhoram o retorno venoso e reduzem a formação de coágulos.
A embolia pulmonar é uma condição grave, mas passível de controle e tratamento eficaz quando diagnosticada precocemente. A integração da equipe multiprofissional, o uso adequado de recursos terapêuticos e a aplicação de cuidados de enfermagem qualificados são determinantes para melhorar o prognóstico do paciente e reduzir as complicações associadas.