Hipertensão Arterial Sistêmica

Última atualização: 01/01/2025

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS): CONCEITOS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), popularmente conhecida como “pressão alta”, caracteriza-se por níveis elevados e constantes da pressão arterial. Isto, aumenta o risco de doenças cardiovasculares (acidente vascular encefálico, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio) e lesão renal. Frequentemente é assintomática, recebendo a alcunha de “assassino silencioso”. Ver Hipertensão: Pressão Arterial elevada.


1. DEFINIÇÃO E INCIDÊNCIA

  • Definição: Pressão arterial ≥140/90\geq 140/90≥140/90 mmHg em condições de repouso. A princípio, requer mais de uma aferição elevada em dias distintos para o diagnóstico.
  • Incidência:
    • Mais comum em pessoas obesas e idosas.
    • Maior prevalência em mulheres, sobretudo após a menopausa.
    • Maior incidência na população negra (e consequências mais graves).

2. CLASSIFICAÇÃO

  1. Hipertensão Primária ou Essencial (90% dos casos)
    • Não há causa específica identificável (multifatorial).
    • Evolui lentamente ao longo dos anos.
  2. Hipertensão Secundária (10% dos casos)
    • Decorre de uma doença subjacente (renal, endócrina, vascular, neurogênica etc.).
    • Pode regredir ao tratar-se a causa de base.

3. CAUSAS E FATORES DE RISCO

3.1 HAS Primária ou Essencial

  • Hereditariedade
  • Meio Ambiente e Hábitos (alimentação, sedentarismo, estresse)
  • Disfunções Renais
  • Alterações Hemodinâmicas (débito cardíaco, resistência vascular periférica)
  • Sistema Renina-Angiotensina (hiperatividade)
  • Condições Clínicas Associadas: obesidade, tabagismo, diabetes mellitus, alcoolismo etc.

3.2 HAS Secundária

  • Doenças Endócrinas: secreção inapropriada de ADH, hipo/hipertireoidismo, diabetes mellitus.
  • Doenças Renais: glomerulonefrite, pielonefrite crônica, doenças sistêmicas com acometimento renal.
  • Doenças Vasculares: coarctação de aorta, aneurisma de artéria renal, arteriosclerose.
  • Causas Neurogênicas: pós-trauma craniano, pós-AVE hemorrágico.
  • Outras: uso de estrógenos, doenças hipertensivas específicas da gravidez etc.

4. SINTOMAS E SINAIS CLÍNICOS

A maioria dos pacientes é assintomática por longo período, porém podem ocorrer:

  • Cefaleias (desconhece-se exatamente o mecanismo)
  • Tontura
  • Dispneia (falta de ar aos esforços)
  • Epistaxe (sangramento nasal)
  • Palpitações
  • Claudicação intermitente (dor nas pernas ao caminhar)
  • Alterações visuais (turvação, retinopatia hipertensiva)
  • Nictúria (urinar várias vezes à noite)

Nos quadros graves, há risco de encefalopatia hipertensiva, com edema cerebral, sonolência ou coma.


5. DIAGNÓSTICO

  1. Medida da Pressão Arterial
    • Após 5 min em repouso, em posição sentada ou deitada.
    • Aferir em pelo menos duas ocasiões diferentes (≥140/90 mmHg).
  2. Exames Complementares
    • Avaliação de órgãos-alvo (coração, rins, retina) e busca de causas secundárias.
    • Eletrocardiograma (ECG), dosagem de ureia, creatinina, potássio, perfil lipídico etc.

6. TRATAMENTO

6.1 Mudanças no Estilo de Vida

  • Dieta Balanceada: Reduzir sal, gorduras saturadas e açúcares; controlar peso.
  • Atividade Física: Exercícios aeróbicos moderados.
  • Parar de Fumar e moderar álcool.
  • Controle do Estresse.

6.2 Tratamento Farmacológico

  • Diuréticos (ex.: tiazídicos)
  • Betabloqueadores
  • Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) ou Bloqueadores de Receptor de Angiotensina (BRA)
  • Bloqueadores de Canais de Cálcio
  • Vasodilatadores Diretos
  • Escolha baseada em fatores individuais (idade, comorbidades, efeitos adversos).

7. CUIDADOS DE ENFERMAGEM

  1. Monitorar Pressão Arterial
    • Verificar a cada 30 minutos ou conforme necessário até estabilização.
    • Observar pulsação periférica.
  2. Avaliar Sinais de Insuficiência Cardíaca
    • Taquicardia, agitação, cianose, dispneia, extremidades frias.
  3. Manter Ambiente Tranquilo
    • Reduzir estímulos para minimizar picos hipertensivos.
  4. Orientar Repouso
    • Principalmente durante episódios de dor torácica ou picos de pressão.
  5. Monitorar Sintomas Neurológicos
    • Confusão mental, irritabilidade, cefaleia intensa, náuseas e vômitos.
  6. Controle Hídrico e Balanço de Líquidos
    • Avaliar ingesta e diurese diária.
  7. Dieta
    • Hipossódica (reduzida em sódio).
    • Hipolipídica (poucas gorduras).
    • Alimentação fracionada.
  8. Observar Efeitos Colaterais de Medicamentos
    • Hipotensão ortostática, tonturas, boca seca, sonolência.
    • Usar orientação sobre mudar de posição lentamente.
  9. Educação em Saúde
    • Explicar sobre a doença, importância do controle regular da pressão, adesão à medicação e retorno às consultas.
    • Incentivar manutenção do peso ideal.

Condição multifatorial e silenciosa

A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma condição multifatorial e silenciosa, mas potencialmente grave, podendo levar a complicações cardiovasculares, neurológicas e renais. O acompanhamento de enfermagem, com ênfase na avaliação contínua da PA, orientações sobre mudanças de hábito e aderência ao tratamento farmacológico, é essencial para o sucesso terapêutico e prevenção de complicações de longo prazo. Ver Exame físico em pacientes com alterações cardiovasculares: Abordagem e técnicas essenciais.

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