Última atualização: 01/01/2025
TRANSFUSÃO DE SANGUE: CONCEITO, COMPONENTES E CUIDADOS. A transfusão de sangue é o processo de transferir sangue ou componentes sanguíneos de um doador para um receptor. Pode ser realizada para corrigir deficiências na capacidade de transporte de oxigênio, repor volume sanguíneo, melhorar a imunidade ou corrigir distúrbios de coagulação. Geralmente, se utiliza o hemocomponente específico (eritrócitos, plaquetas, fatores de coagulação, plasma fresco congelado, leucócitos), conforme a necessidade do paciente, ao invés de administrar sangue total. Ver Resolução Cofen Nº 709/2022.
1. SANGUE E SEUS COMPONENTES
- Sangue Total
- Administrado quando há necessidade urgente de repor grande volume de sangue ou quando não há disponibilidade imediata de um determinado componente isolado.
- Útil em situações de hemorragias intensas.
- Concentrado de Hemácias (Eritrócitos)
- Componentes mais usados em transfusões.
- Restauram a capacidade de transporte de oxigênio, indicado para hemorragias ou anemias graves.
- Versões especiais:
- Eritrócitos Congelados: usados em tipos sanguíneos raros, com custo elevado.
- Eritrócitos Lavados: removem substâncias alergênicas do plasma, minimizando reações em pacientes com alto risco de alergia.
- Plaquetas
- Indicadas em trombocitopenias (queda do número de plaquetas) que podem gerar hemorragias graves.
- Restabelecem a capacidade de coagulação.
- Fatores de Coagulação
- Proteínas plasmáticas que, junto às plaquetas, auxiliam na coagulação.
- Concentrados específicos podem ser administrados a indivíduos com distúrbios hereditários (ex.: hemofilia).
- Plasma Fresco Congelado (PFC)
- Usado para repor fatores de coagulação quando a causa exata do distúrbio não é conhecida ou não há concentrado disponível.
- Em falência hepática, pode corrigir deficiência de proteínas de coagulação sintetizadas no fígado.
- Leucócitos
- Raramente transfundidos, em casos de infecções graves e letais em pessoas com leucopenia severa ou leucócitos com função anormal.
- Antibióticos costumam ser a primeira escolha antes de se considerar a transfusão de leucócitos.
- Imunoglobulinas (Anticorpos)
- Administradas para melhorar a imunidade em pessoas expostas a doenças infecciosas (ex.: varicela, hepatite) ou com níveis baixos de anticorpos.
2. PRECAUÇÕES E REAÇÕES ADVERSAS
Para reduzir riscos, seguem-se normas rígidas na transfusão:
- Verificação de Identidade e Compatibilidade
- Confirmação dupla (ou tripla) de que o sangue ou o hemocomponente é destinado ao receptor correto.
- Administração Lenta e Observação
- Normalmente, 1 unidade de concentrado de hemácias ou sangue total é administrada em até 2 horas ou mais (nunca ultrapassando 4 horas).
- Maior atenção nos primeiros 15 minutos, quando ocorrem a maioria das reações adversas.
- Observação Periódica
- Após os 15 minutos iniciais, o paciente pode ser avaliado a cada 30-45 minutos.
- Caso haja reação adversa, a transfusão deve ser interrompida imediatamente e o médico notificado.
2.1 Reações Mais Comuns
- Febre e Reações Alérgicas (hipersensibilidade):
- Incidem em cerca de 1% a 2% das transfusões.
- Sinais: prurido, erupção cutânea, edema, tontura, febre, cefaleia.
- Raramente evoluem para quadros graves.
2.2 Reações Menos Frequentes
- Dificuldade respiratória, chiado, espasmos musculares.
- Reação Hemolítica (destruição imediata das hemácias transfundidas):
- Pode surgir como mal-estar, ansiedade, dificuldade para respirar, dor no peito, rubor e dor lombar intensa.
- Casos graves são raros, mas podem ser fatais.
3. TEMPO DE TRANSFUSÃO RECOMENDADO
- Concentrado de Hemácias / Sangue Total / Plasma: até 4 horas.
- Crioprecipitado: administração em até 30 minutos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
- Segurança das Transfusões
- Graças às técnicas avançadas de triagem e ao rigor dos procedimentos de hemovigilância, as transfusões se tornam cada vez mais seguras.
- No entanto, ainda há risco (embora baixo) de transmissão de infecções (HIV, hepatites) e reações imprevistas.
- Indicação Adequada
- A prescrição deve ser criteriosa, ocorrendo apenas se for indispensável.
- Sempre que possível, usar o hemocomponente específico para suprir a carência do paciente, reduzindo riscos e poupando recursos.
Em resumo, a transfusão de sangue, fundamental em diversas situações clínicas (hemorragias, anemias graves, distúrbios de coagulação), requer procedimentos rigorosos de controle e segurança para minimizar efeitos adversos, garantindo a eficácia e a segurança para o paciente. Ver Curso assistência de enfermagem na transfusão 60h.