Última atualização: 30/12/2024
A relação do enfermeiro com o paciente em cuidados paliativos é fundamental para o bem-estar do paciente e sua família, pois o enfermeiro é o profissional responsável pela avaliação e gerenciamento dos sintomas, além de ser o principal contato do paciente com a equipe de saúde. O enfermeiro tem um papel fundamental na comunicação entre o paciente e a equipe de saúde, garantindo que as necessidades do paciente sejam atendidas e que a qualidade de vida seja mantida durante todo o processo de cuidados paliativos.
A relação entre o enfermeiro e o paciente deve ser pautada na humanização, na empatia, no respeito e na valorização da dignidade do paciente, contribuindo para a promoção do conforto e alívio do sofrimento.
Perguntas e resposta de um enfermeiro que presta cuidados prestados a pacientes paliativos
- O que você entende sobre a morte?
- Como um ciclo natural da vida, que assim como nascemos, também um dia morreremos.
- Qual é a sua atuação frente ao processo de morte e morrer do paciente terminal?
- É angustiante, porque o paciente terminal tem a sua morte pré-estabelecida e vive sempre num confronto entre viver e morrer, e no final, sabemos que a sua morte está marcada, e é difícil, pois o tempo todo que estou lidando com ele, observo o seu baixo astral, sua depressão.
- Como é cuidar de um paciente em estado terminal?
- Já foi bem mais difícil, hoje em dia já consigo levar numa boa, mesmo que eu veja todo o sofrimento do paciente, mas continuo dando todo suporte necessário para mantê-lo “bem” até a morte.
- No seu local de trabalho existe algum tipo de capacitação sobre este tema?
- Não. Já teve uma palestra sobre a morte, mas capacitação mesmo não tem e nunca teve. Até seria bom se tivesse.
- Como você vê a religião nesse processo do paciente terminal?
- Vejo como uma ajuda, porque já percebi que a maioria dos pacientes, procuram mais a Deus quando estão no seu fim, é claro que antes a primeira reação deles é a negação sobre a doença.
- Como você reagiria se soubesse que está com diagnóstico de câncer?
- Com certeza eu ficaria muito abatido, ainda mais que como enfermeiro sei tudo sobre esta doença, mas mesmo assim eu não me entregaria para a morte não, eu iria fazer de tudo para sair dessa.
- Como são seus sentimentos diante do paciente terminal?
- Já me entristeci muito, já entrei em depressão, já fiquei muito angustiado mesmo, mas com o passar do tempo, fazendo basicamente as mesmas coisas, acho que acabou caindo no automático.
- O que a enfermagem pode fazer para promover uma morte sem muitos sofrimentos?
- Não vejo muito alternativa a não ser os medicamentos, mas procuro em alguns casos segura as mãos deles, tentando passar confiança, segurança e de um certo modo carinho.
- Como é o seu relacionamento com a família do paciente terminal?
- É bastante delicado, pois geralmente o familiar do paciente terminal não aceita tal situação, e acabam também ficando deprimidos e com isso eu sempre busco ouvir mais eles.
- Você tem algum suporte psicológico para lidar com o paciente terminal?
- Não, e por mais que eu tente manter um equilíbrio externo, o meu interior está quase sempre derrotado, porque é muito difícil conviver com o sofrimento do outro.
10 cuidados prestado pelo enfermeiro a pacientes paliativos
- Avaliação contínua dos sintomas e do estado clínico do paciente, incluindo dor, náusea, vômito, falta de ar, fadiga, ansiedade, depressão e delirium.
- Administração de medicamentos para controle de sintomas, incluindo analgésicos, antieméticos, benzodiazepínicos, antidepressivos e antipsicóticos, conforme as orientações médicas.
- Monitoramento dos efeitos colaterais dos medicamentos, como sedação excessiva, hipotensão, hiponatremia e constipação.
- Orientação aos pacientes e familiares sobre o tratamento, incluindo o uso correto dos medicamentos e as possíveis reações adversas.
- Assistência na realização de cuidados básicos, como higiene pessoal, alimentação e hidratação.
- Apoio emocional aos pacientes e familiares, incluindo aconselhamento, escuta ativa e intervenção em crises.
- Avaliação e intervenção em situações de risco, como depressão grave, ideação suicida, risco de quedas e risco de lesões devido à fraqueza ou fadiga.
- Coordenação de cuidados entre a equipe de saúde, incluindo médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais.
- Cuidados com a pele, como prevenção de úlceras de pressão e tratamento de feridas.
- Preparação para o final da vida, incluindo orientação sobre cuidados paliativos em casa, cuidados com o corpo após a morte e suporte emocional à família durante o processo de luto.
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