Última atualização: 31/12/2024
O exame físico em pacientes com distúrbios hepáticos é essencial para identificar alterações no fígado e em sistemas relacionados, como o digestivo, hematológico e cardiovascular. Doenças como hepatites, cirrose, esteatose hepática e insuficiência hepática podem apresentar sinais clínicos específicos que, quando bem avaliados, orientam diagnósticos e intervenções. O enfermeiro desempenha um papel essencial nesse processo, promovendo um cuidado humanizado e eficaz. Ver Abscesso hepático.
Objetivos do exame físico em distúrbios hepáticos
- Identificar sinais clínicos associados a disfunções hepáticas, como icterícia e hepatomegalia.
- Avaliar complicações sistêmicas, como ascite, hipertensão portal e encefalopatia hepática.
- Monitorar a evolução de doenças hepáticas crônicas e a resposta a tratamentos.
- Detectar sinais precoces de insuficiência hepática ou descompensação.
Componentes do exame físico em distúrbios hepáticos
- Avaliação geral:
- Estado geral: Observe fadiga, perda de peso ou fraqueza, comuns em doenças hepáticas avançadas.
- Coloração da pele e mucosas:
- Icterícia indica acúmulo de bilirrubina no sangue, comum em insuficiência hepática ou hepatites.
- Palidez pode estar associada a anemia por deficiência nutricional ou sangramento crônico.
- Hábito corporal: Verifique sinais de desnutrição ou sarcopenia, comuns na cirrose descompensada.
- Sinais vitais:
- Pressão arterial: Hipotensão pode estar presente em insuficiência hepática severa.
- Frequência cardíaca: Taquicardia pode indicar resposta a hipotensão ou anemia.
- Temperatura: Febre pode estar associada a infecções secundárias, como peritonite bacteriana espontânea (PBE).
- Pele e anexos:
- Icterícia: Avalie a intensidade da coloração amarelada na pele e escleras.
- Lesões cutâneas:
- Telangiectasias (“aranhas vasculares”) e eritema palmar são comuns em cirrose.
- Equimoses podem indicar coagulopatias associadas à insuficiência hepática.
- Unhas e cabelos:
- Unhas brancas (leuconíquia) são indicativas de hipoalbuminemia.
- Abdome:
- Inspeção:
- Distensão abdominal pode indicar ascite ou hepatomegalia.
- Observe circulação colateral abdominal (“cabeça de medusa”), comum em hipertensão portal.
- Palpação:
- Hepatomegalia: Palpe o fígado no quadrante superior direito; fígado endurecido ou irregular sugere cirrose ou tumores.
- Esplenomegalia: Palpe o baço, frequentemente aumentado em hipertensão portal.
- Percussão:
- Delimite o tamanho do fígado; aumento pode indicar hepatite, congestão ou infiltração gordurosa.
- Sinal de ascite:
- Percuta os flancos em busca de macicez móvel; confirme com o teste de piparote.
- Inspeção:
- Sistema neurológico:
- Alterações cognitivas: Avalie confusão mental ou sonolência, comuns em encefalopatia hepática.
- Asterix: Peça ao paciente para estender as mãos; movimentos flapping indicam encefalopatia hepática.
- Sistema vascular:
- Perfusão periférica: Verifique extremidades frias ou enchimento capilar lento, indicativos de hipoperfusão.
- Edema periférico: Presença de edema em membros inferiores pode estar associada a hipoalbuminemia.
Sinais comuns em distúrbios hepáticos e suas interpretações
- Icterícia:
- Indica hiperbilirrubinemia, geralmente associada a hepatite, colestase ou cirrose.
- Ascite:
- Comum em cirrose descompensada devido à hipertensão portal e hipoalbuminemia.
- Hepatomegalia:
- Fígado aumentado pode indicar inflamação (hepatite), infiltração gordurosa (esteatose hepática) ou tumores.
- Telangiectasias e eritema palmar:
- Sinais de alterações hormonais associadas à insuficiência hepática crônica.
- Encefalopatia hepática:
- Confusão mental, sonolência e asterix indicam acúmulo de toxinas no sistema nervoso central.
- Circulação colateral abdominal:
- Associada à hipertensão portal.
Exemplo prático de exame físico em pacientes com distúrbios hepáticos
Imagine um paciente com histórico de cirrose hepática, apresentando distensão abdominal e confusão mental:
- Achados no exame físico:
- Abdome distendido, com macicez móvel nos flancos (ascite).
- Icterícia moderada em pele e escleras.
- Telangiectasias em tronco e eritema palmar.
- Asterix positivo ao estender as mãos.
Interpretação: Achados indicativos de descompensação hepática com ascite e encefalopatia hepática, necessitando de intervenção imediata.
Cuidados durante o exame físico
- Abordagem humanizada: Explique cada etapa ao paciente, respeitando sua condição física e emocional.
- Técnica adequada: Realize manobras como a palpação hepática e o teste de piparote com cuidado para evitar desconforto.
- Documentação: Registre achados detalhados, como tamanho hepático, presença de ascite ou sinais neurológicos.
O exame físico em pacientes com distúrbios hepáticos é indispensável para identificar manifestações clínicas e monitorar complicações. Realizado de forma sistemática e integrado a exames complementares, ele auxilia no diagnóstico e no manejo de condições hepáticas. O enfermeiro desempenha um papel essencial nesse processo, promovendo um cuidado humanizado e eficaz. Ver Como realizar a inspeção abdominal: Sinais e características relevantes.