Exame físico em pacientes com alterações gastrointestinais

Última atualização: 31/12/2024

O exame físico em pacientes com alterações gastrointestinais é uma etapa essencial para identificar sinais e sintomas relacionados a problemas no trato digestivo. Doenças como gastrite, úlceras, apendicite, hepatite, entre outras, podem ser avaliadas por meio de técnicas que envolvem inspeção, ausculta, percussão e palpação. Uma abordagem sistemática e cuidadosa permite localizar alterações, orientar diagnósticos e planejar intervenções adequadas. Ver Sondagem Gastrointestinal.


Objetivos do exame físico gastrointestinal

  1. Identificar alterações no trato gastrointestinal, como dor, distensão ou massas.
  2. Localizar a região afetada e correlacionar os achados ao histórico clínico.
  3. Detectar sinais precoces de complicações, como peritonite ou obstrução intestinal.
  4. Auxiliar no monitoramento de doenças crônicas ou condições agudas.

Componentes do exame físico gastrointestinal

  1. Inspeção:
    • Forma e simetria do abdome:
      • Observe a presença de distensão, abaulamentos ou assimetrias.
      • Distensão pode indicar obstrução intestinal ou acúmulo de líquidos (ascite).
    • Movimentos abdominais:
      • Identifique pulsação visível, que pode ser normal em indivíduos magros ou indicar aneurisma da aorta abdominal.
    • Alterações cutâneas:
      • Presença de cicatrizes, erupções, icterícia (pele amarelada) ou hematomas, como o sinal de Cullen (hemorragia intraperitoneal).
  2. Ausculta:
    • Ruídos hidroaéreos:
      • Normais: Sons regulares e suaves.
      • Hiperativos: Indicam obstrução inicial ou diarreia.
      • Ausentes: Sugerem íleo paralítico ou peritonite.
    • Sons vasculares:
      • Ausculte para identificar sopros, que podem indicar estenose arterial.
  3. Percussão:
    • Sons normais:
      • Timpanismo predominante devido ao ar nos intestinos.
      • Macicez em áreas sólidas, como fígado ou baço.
    • Alterações:
      • Macicez em flancos pode indicar ascite.
      • Hiperressonância pode sugerir acúmulo excessivo de gás.
  4. Palpação:
    • Palpação superficial:
      • Avalie a sensibilidade e tensão muscular.
      • Rigidez involuntária pode indicar peritonite.
    • Palpação profunda:
      • Detecte massas, hepatomegalia ou dor localizada.
    • Sinais específicos:
      • Sinal de Blumberg: Dor à descompressão rápida, indicando irritação peritoneal.
      • Sinal de Murphy: Dor durante a inspiração profunda, sugestiva de colecistite.
      • Sinal de Rovsing: Dor no quadrante inferior direito ao palpar o esquerdo, associado à apendicite.

Achados comuns no exame gastrointestinal e suas interpretações

  1. Dor abdominal localizada:
    • Quadrante superior direito: Indica possíveis problemas na vesícula biliar ou fígado.
    • Quadrante inferior direito: Associado à apendicite ou ileíte.
    • Quadrante inferior esquerdo: Sugere diverticulite.
  2. Distensão abdominal:
    • Pode ser causada por ascite, obstrução intestinal ou acúmulo de gases.
  3. Hepatomegalia:
    • Fígado aumentado, observado na palpação, pode ser sinal de hepatite ou insuficiência cardíaca direita.
  4. Sons hidroaéreos ausentes:
    • Indicam íleo paralítico ou peritonite.
  5. Icterícia:
    • Pele e esclera amareladas, comuns em doenças hepáticas como hepatite ou cirrose.

Exemplo prático de exame físico gastrointestinal

Imagine um paciente com queixa de dor abdominal intensa no quadrante inferior direito:

  • Inspeção: Abdome sem alterações visíveis.
  • Ausculta: Ruídos hidroaéreos normais.
  • Percussão: Timpanismo em toda a região abdominal, sem macicez.
  • Palpação: Dor localizada no ponto de McBurney (quadrante inferior direito) com sinal de Blumberg positivo.

Interpretação: Achados indicativos de apendicite, exigindo avaliação médica e intervenção imediata.


Cuidados durante o exame
  1. Humanização: Explique o procedimento ao paciente, garantindo conforto e colaboração.
  2. Evitar dor desnecessária: Realize o exame com delicadeza, especialmente em áreas sensíveis.
  3. Documentação: Registre os achados de forma detalhada, incluindo localização e intensidade da dor ou alterações.

O exame físico em pacientes com alterações gastrointestinais é uma ferramenta indispensável para avaliar condições do trato digestivo. Realizado de forma sistemática e integrado a exames complementares, ele contribui para diagnósticos precisos e manejo clínico eficaz. O enfermeiro desempenha um papel fundamental nesse processo, monitorando o estado do paciente e garantindo um cuidado humanizado e seguro. Ver Palpação abdominal: Técnica para identificar massas, dor e outros achados.

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