Última atualização: 27/12/2024
A ausculta pulmonar é uma técnica essencial no exame físico, permitindo ao enfermeiro avaliar a condição dos pulmões e identificar possíveis alterações no sistema respiratório. Utilizando o estetoscópio, o enfermeiro pode detectar sons respiratórios normais e anormais, que fornecem pistas valiosas sobre a saúde do paciente. Essa prática é especialmente útil para diagnosticar doenças como pneumonia, asma, enfisema e insuficiência cardíaca, bem como para monitorar pacientes em recuperação ou em condições críticas.
O que é ausculta pulmonar e qual sua importância?
A ausculta pulmonar consiste em ouvir os sons respiratórios produzidos pelo fluxo de ar nos pulmões. Esses sons refletem o funcionamento das vias aéreas e do tecido pulmonar, podendo indicar condições normais ou alterações patológicas. A técnica é fundamental para:
- Identificar obstruções nas vias aéreas ou acúmulo de líquidos nos pulmões.
- Monitorar a evolução de doenças respiratórias.
- Avaliar a eficácia de intervenções terapêuticas, como administração de oxigênio ou broncodilatadores.
Técnica adequada para realizar a ausculta pulmonar
- Preparação do ambiente e do paciente:
- Realize a ausculta em um ambiente silencioso para evitar interferências.
- Posicione o paciente em posição confortável, preferencialmente sentado ou em decúbito dorsal, com o tórax exposto.
- Explique o procedimento ao paciente e oriente-o a respirar profundamente pela boca.
- Uso do estetoscópio:
- Utilize o diafragma do estetoscópio para captar sons respiratórios.
- Certifique-se de que o estetoscópio esteja em contato direto com a pele do paciente (evite ouvir sobre roupas ou cobertores).
- Áreas de ausculta:
- A ausculta deve abranger todas as regiões pulmonares, incluindo:
- Anterior: Ápices, zonas superiores, médias e inferiores.
- Posterior: Ápices, zonas interescapulares e bases pulmonares.
- Laterais: Regiões laterais direita e esquerda.
- Compare sempre os dois lados do tórax para identificar assimetrias.
- A ausculta deve abranger todas as regiões pulmonares, incluindo:
- Sequência da ausculta:
- Comece pelos ápices pulmonares e mova-se sistematicamente para as bases.
- Ouça cada área durante um ciclo respiratório completo (inspiração e expiração).
Sons respiratórios normais
- Murmuros vesiculares:
- Som suave e de baixa frequência, ouvido em todo o parênquima pulmonar saudável.
- Mais audível durante a inspiração do que na expiração.
- Som brônquico:
- Som mais alto e áspero, ouvido sobre grandes vias aéreas, como a traqueia.
- Audível igualmente durante a inspiração e a expiração.
- Som broncovesicular:
- Uma mistura dos dois anteriores, ouvido em áreas como os primeiros espaços intercostais e na região interescapular.
Sons respiratórios anormais (ruídos adventícios)
- Sibilos:
- Sons agudos e contínuos, semelhantes a um “assobio”.
- Associados a obstrução das vias aéreas, comum em condições como asma e DPOC.
- Crepitações:
- Sons descontínuos, semelhantes ao “estalar de bolhas”.
- Indicativos de líquido nos alvéolos, frequentemente encontrados em pneumonia, edema pulmonar ou fibrose pulmonar.
- Roncos:
- Sons graves e contínuos, semelhantes a um “ronco”.
- Causados por secreções ou obstruções em vias aéreas maiores, como na bronquite.
- Estridor:
- Som agudo e estridente, ouvido predominantemente na inspiração.
- Sinal de obstrução grave nas vias aéreas superiores, como laringite ou corpo estranho.
- Ausência de som (silêncio respiratório):
- Indica áreas sem fluxo de ar, podendo ser causadas por pneumotórax, atelectasia ou derrame pleural.
Interpretação clínica dos sons anormais
Os achados durante a ausculta pulmonar ajudam a identificar condições respiratórias específicas:
- Pneumonia: Crepitações em bases pulmonares, especialmente no lado afetado.
- Asma: Presença de sibilos difusos, mais evidentes na expiração.
- Derrame pleural: Som respiratório diminuído ou ausente sobre a área afetada.
- Insuficiência cardíaca congestiva: Crepitações bilaterais, geralmente nas bases pulmonares.
- Pneumotórax: Ausência de som respiratório na região afetada.
Cuidados durante a ausculta pulmonar
- Realize a ausculta de forma calma e sistemática, evitando pressa para garantir precisão nos achados.
- Oriente o paciente a respirar profundamente, mas monitorando para evitar hiperventilação e tontura.
- Sempre registre os achados de forma clara e objetiva, descrevendo o tipo, a localização e a gravidade dos sons identificados.
Exemplo prático de ausculta pulmonar
Imagine um paciente com queixa de falta de ar e tosse produtiva:
- Achados na ausculta:
- Crepitações finas em bases pulmonares, mais pronunciadas à esquerda.
- Murmuros vesiculares diminuídos na mesma região.
- Interpretação:
- Possível diagnóstico de pneumonia no pulmão esquerdo, necessitando de confirmação por imagem e manejo clínico imediato.
A ausculta pulmonar é uma técnica indispensável no exame físico
Concluímos que a ausculta pulmonar é uma técnica indispensável no exame físico, permitindo identificar sons normais e anormais que refletem a saúde pulmonar do paciente. Com prática e atenção aos detalhes, o enfermeiro pode detectar precocemente condições respiratórias, implementar cuidados eficazes e colaborar na promoção de uma recuperação rápida e segura. O domínio dessa habilidade é essencial para garantir um cuidado de qualidade em todos os contextos de saúde. Como a anamnese complementa o exame físico na prática da enfermagem