Hipotermia: Temperatura corporal abaixo do normal

Última atualização: 27/12/2024

O termo hipotermia refere-se a uma condição em que a temperatura corporal central cai abaixo de 35°C, comprometendo o funcionamento normal dos órgãos e sistemas. É uma emergência médica que, se não tratada rapidamente, pode levar a falência múltipla de órgãos e óbito.

Classificação da Hipotermia

A hipotermia é classificada de acordo com a gravidade:

  1. Leve:
    • Temperatura entre 32°C e 35°C.
    • Sintomas: calafrios, pele fria e pálida, confusão leve.
  2. Moderada:
    • Temperatura entre 28°C e 32°C.
    • Sintomas: redução dos calafrios, sonolência, bradicardia, respiração lenta.
  3. Grave:
    • Temperatura abaixo de 28°C.
    • Sintomas: inconsciência, arritmias, risco de parada cardíaca.

Causas da Hipotermia

A hipotermia ocorre quando o corpo perde calor mais rápido do que pode produzi-lo. Suas causas incluem:

  1. Exposição ambiental:
    • Exposição prolongada ao frio extremo, vento ou água gelada.
    • Vestimenta inadequada em condições de frio.
  2. Condições clínicas:
    • Doenças metabólicas: Hipotireoidismo, insuficiência adrenal.
    • Distúrbios neurológicos: Lesões no sistema nervoso central que afetam a termorregulação.
    • Choque séptico: Em estágios avançados, pode levar à hipotermia.
  3. Uso de medicamentos ou substâncias:
    • Sedativos, opioides, álcool (reduz a percepção do frio e aumenta a perda de calor).
  4. Idade avançada ou condições especiais:
    • Idosos e recém-nascidos são mais vulneráveis devido à menor capacidade de gerar e reter calor.

Sinais e Sintomas

Os sintomas variam conforme a gravidade da hipotermia, mas geralmente incluem:

  • Leve:
    • Calafrios intensos.
    • Pele fria, pálida ou azulada.
    • Fadiga, confusão leve.
  • Moderada:
    • Calafrios diminuídos ou ausentes.
    • Sonolência ou apatia.
    • Dificuldade para falar ou se mover.
    • Pulsos fracos, bradicardia.
  • Grave:
    • Inconsciência.
    • Respiração muito lenta ou ausente.
    • Parada cardíaca em casos extremos.

Impacto Clínico

A hipotermia grave pode levar a complicações como:

  • Acidose metabólica devido à redução da perfusão tecidual.
  • Arritmias cardíacas, incluindo fibrilação ventricular.
  • Falência múltipla de órgãos.
  • Óbito, se não tratada.

Exemplo Prático na Enfermagem

Durante um atendimento de emergência, o enfermeiro registra:

“Paciente, sexo masculino, 70 anos, encontrado ao ar livre em clima frio, apresenta temperatura corporal de 30°C, sonolência e bradicardia. Realizado aquecimento passivo com cobertores e administração de oxigênio aquecido. Encaminhado à UTI para manejo avançado da hipotermia moderada.”

Nesse exemplo, o enfermeiro aplica intervenções iniciais e encaminha o paciente para cuidados especializados.

Aplicação Prática para Enfermagem

  • Monitoramento:
    • Medir temperatura corporal central com dispositivos confiáveis (termômetro retal ou esofágico).
    • Avaliar sinais vitais (frequência cardíaca, respiratória e pressão arterial).
    • Observar alterações neurológicas, como confusão ou letargia.
  • Intervenções:
    • Aquecimento passivo:
      • Uso de cobertores, roupas secas e controle do ambiente (aquecimento do local).
    • Aquecimento ativo externo:
      • Aplicação de bolsas térmicas em regiões centrais (axilas, virilhas e pescoço).
    • Aquecimento ativo interno (em casos graves, sob supervisão médica):
      • Administração de fluidos intravenosos aquecidos.
      • Uso de oxigênio aquecido e umidificado.
      • Lavagem peritoneal ou torácica com soluções aquecidas.
    • Monitorar e tratar arritmias cardíacas e outros sinais de complicação.
  • Educação em saúde:
    • Orientar sobre prevenção em condições de frio extremo, como uso de roupas adequadas e evitar exposição prolongada.
    • Ensinar sinais precoces de hipotermia e quando buscar ajuda médica.

Relevância no Cuidado

A hipotermia é uma condição potencialmente fatal, mas sua identificação precoce e o manejo imediato podem salvar vidas. O enfermeiro desempenha um papel essencial na avaliação inicial, no início do aquecimento e no monitoramento contínuo, garantindo a estabilização do paciente e prevenindo complicações. A Síndrome do Intestino Curto é a causa mais frequente de falência intestinal crônica

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