Última atualização: 27/12/2024
O termo hipotermia refere-se a uma condição em que a temperatura corporal central cai abaixo de 35°C, comprometendo o funcionamento normal dos órgãos e sistemas. É uma emergência médica que, se não tratada rapidamente, pode levar a falência múltipla de órgãos e óbito.
Classificação da Hipotermia
A hipotermia é classificada de acordo com a gravidade:
- Leve:
- Temperatura entre 32°C e 35°C.
- Sintomas: calafrios, pele fria e pálida, confusão leve.
- Moderada:
- Temperatura entre 28°C e 32°C.
- Sintomas: redução dos calafrios, sonolência, bradicardia, respiração lenta.
- Grave:
- Temperatura abaixo de 28°C.
- Sintomas: inconsciência, arritmias, risco de parada cardíaca.
Causas da Hipotermia
A hipotermia ocorre quando o corpo perde calor mais rápido do que pode produzi-lo. Suas causas incluem:
- Exposição ambiental:
- Exposição prolongada ao frio extremo, vento ou água gelada.
- Vestimenta inadequada em condições de frio.
- Condições clínicas:
- Doenças metabólicas: Hipotireoidismo, insuficiência adrenal.
- Distúrbios neurológicos: Lesões no sistema nervoso central que afetam a termorregulação.
- Choque séptico: Em estágios avançados, pode levar à hipotermia.
- Uso de medicamentos ou substâncias:
- Sedativos, opioides, álcool (reduz a percepção do frio e aumenta a perda de calor).
- Idade avançada ou condições especiais:
- Idosos e recém-nascidos são mais vulneráveis devido à menor capacidade de gerar e reter calor.
Sinais e Sintomas
Os sintomas variam conforme a gravidade da hipotermia, mas geralmente incluem:
- Leve:
- Calafrios intensos.
- Pele fria, pálida ou azulada.
- Fadiga, confusão leve.
- Moderada:
- Calafrios diminuídos ou ausentes.
- Sonolência ou apatia.
- Dificuldade para falar ou se mover.
- Pulsos fracos, bradicardia.
- Grave:
- Inconsciência.
- Respiração muito lenta ou ausente.
- Parada cardíaca em casos extremos.
Impacto Clínico
A hipotermia grave pode levar a complicações como:
- Acidose metabólica devido à redução da perfusão tecidual.
- Arritmias cardíacas, incluindo fibrilação ventricular.
- Falência múltipla de órgãos.
- Óbito, se não tratada.
Exemplo Prático na Enfermagem
Durante um atendimento de emergência, o enfermeiro registra:
“Paciente, sexo masculino, 70 anos, encontrado ao ar livre em clima frio, apresenta temperatura corporal de 30°C, sonolência e bradicardia. Realizado aquecimento passivo com cobertores e administração de oxigênio aquecido. Encaminhado à UTI para manejo avançado da hipotermia moderada.”
Nesse exemplo, o enfermeiro aplica intervenções iniciais e encaminha o paciente para cuidados especializados.
Aplicação Prática para Enfermagem
- Monitoramento:
- Medir temperatura corporal central com dispositivos confiáveis (termômetro retal ou esofágico).
- Avaliar sinais vitais (frequência cardíaca, respiratória e pressão arterial).
- Observar alterações neurológicas, como confusão ou letargia.
- Intervenções:
- Aquecimento passivo:
- Uso de cobertores, roupas secas e controle do ambiente (aquecimento do local).
- Aquecimento ativo externo:
- Aplicação de bolsas térmicas em regiões centrais (axilas, virilhas e pescoço).
- Aquecimento ativo interno (em casos graves, sob supervisão médica):
- Administração de fluidos intravenosos aquecidos.
- Uso de oxigênio aquecido e umidificado.
- Lavagem peritoneal ou torácica com soluções aquecidas.
- Monitorar e tratar arritmias cardíacas e outros sinais de complicação.
- Aquecimento passivo:
- Educação em saúde:
- Orientar sobre prevenção em condições de frio extremo, como uso de roupas adequadas e evitar exposição prolongada.
- Ensinar sinais precoces de hipotermia e quando buscar ajuda médica.
Relevância no Cuidado
A hipotermia é uma condição potencialmente fatal, mas sua identificação precoce e o manejo imediato podem salvar vidas. O enfermeiro desempenha um papel essencial na avaliação inicial, no início do aquecimento e no monitoramento contínuo, garantindo a estabilização do paciente e prevenindo complicações. A Síndrome do Intestino Curto é a causa mais frequente de falência intestinal crônica