Alerta de superfungo em hospital público de SP mobiliza autoridades e reforça medidas de controle

Última atualização: 03/04/2025

Uma situação delicada envolvendo o fungo Candida auris, popularmente conhecido como “superfungo”, acendeu um alerta no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), em São Paulo. Pelo menos 15 pessoas que estiveram internadas na unidade de saúde tiveram contato com o micro-organismo resistente a tratamentos convencionais. A descoberta gerou mobilização imediata da equipe hospitalar, que notificou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e iniciou ações rigorosas de contenção para evitar a disseminação do agente infeccioso. O caso mais grave registrado envolveu um paciente de 73 anos, que veio a óbito – embora a causa da morte tenha sido atribuída a complicações cirúrgicas, e não diretamente à infecção fúngica.

Monitoramento após caso isolado gera descoberta em série

A investigação começou após um diagnóstico positivo para Candida auris em 2 de janeiro deste ano. O paciente, que apresentava outras condições clínicas, não resistiu após um procedimento cirúrgico, embora os médicos afirmem que a infecção não foi o fator determinante para o desfecho fatal. A partir desse episódio, o hospital passou a realizar coletas diárias para monitoramento do ambiente hospitalar e dos demais internados.

Como resultado das medidas de rastreamento, outros 14 indivíduos foram identificados como portadores do fungo, ainda que de forma assintomática. Segundo informações da administração do hospital, nenhum desses casos evoluiu para um quadro clínico de infecção, o que indica que o protocolo de prevenção adotado conseguiu evitar a proliferação mais severa do micro-organismo.

Medidas de contenção e acompanhamento contínuo

Em resposta à identificação dos casos, o HSPE adotou uma série de ações para impedir a disseminação do fungo. Entre as providências, destacam-se o isolamento dos pacientes em quartos individuais, reforço na higienização dos ambientes e capacitação das equipes de saúde para manejo de casos com potencial infeccioso.

O hospital também estabeleceu a realização de coletas mensais durante um período de seis meses, como forma de acompanhamento contínuo da situação. As informações vêm sendo compartilhadas em reuniões semanais com representantes da Anvisa.

Candida auris: um inimigo silencioso e persistente

Descrito pela primeira vez no Japão, em 2009, o Candida auris é um fungo considerado uma ameaça global à saúde pública. Seu principal risco reside na resistência a medicamentos antifúngicos amplamente utilizados, como fluconazol, anfotericina B e equinocandinas. Estimativas apontam que até 90% dos isolados já não respondem a pelo menos um desses tratamentos.

Além disso, o fungo tem a capacidade de permanecer em superfícies hospitalares por longos períodos, o que dificulta seu controle. Casos graves envolvem infecções na corrente sanguínea e outros sistemas do corpo, especialmente entre pacientes com baixa imunidade ou doenças crônicas.

Primeiro registro no Brasil e vigilância reforçada

O primeiro caso confirmado da presença do superfungo no Brasil ocorreu em novembro de 2020, na cidade de Salvador (BA), em um paciente internado em UTI. Desde então, o Ministério da Saúde e autoridades sanitárias vêm reforçando a vigilância e atualizando protocolos de biossegurança em unidades hospitalares por todo o país.

A Anvisa foi contatada pela imprensa para comentar o caso mais recente, mas ainda não emitiu uma resposta oficial sobre a ocorrência no Hospital do Servidor. Veja também Val Kilmer, ícone de Hollywood e eterno ‘Iceman’, morre aos 65 anos.

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