O casal de enfermeiros foram exonerados após defender a causa da saúde e da enfermagem pelo prefeito da cidade de Jururena, cidade do Mato Grosso.
Eles foram aprovados no processo seletivo em 2020 e não possuem nenhuma advertência em seus registros profissionais.
Sobre o fato
O Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT) emitiu em 07 de fevereiro, uma nota de repúdio contra a prefeito de Juruena (880 km a noroeste de Cuiabá), Manoel Garça Branca, por perseguição política que terminou com a demissão do enfermeiro e vereador Eder Moreira de Souza e sua esposa, Zeli Cristina Rocha Dutra, após o parlamentar denunciar as condições da Saúde no município.
Ambos foram aprovados no processo seletivo em 2020 e não possuem nenhuma advertência em seus registros profissionais. Ao serem exonerados no dia 31 de janeiro, foram informados que a demissão foi um pedido do prefeito, que confirmou aos profissionais que o desligamento ocorreu porque o vereador estava “criticando” muito a gestão.
Entre as “críticas” feitas por Eder, que foi o vereador mais bem votado da história de Juruena, estão denúncias sobre falta de medicamentos e até a dificuldade das gestantes em conseguir fazer as ultrassonografias de rotina.
“Tenho 14 anos de enfermagem, nunca recebi nenhuma advertência. Isso é assédio. Mas, felizmente, temos tido muito apoio da população, que reconhece o nosso trabalho e está indignada com essas exonerações injustas”, afirmou o vereador e enfermeiro.
Nota de repúdio do Coren-MT
O Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT) repudia a demissão dos enfermeiros Eder Moreira de Souza e Zeli Cristina Rocha Dutra, em Juruena, por motivos meramente políticos do prefeito Manoel Garça Branca. Aprovados em processo seletivo e com a capacitação necessária para a assistência aos pacientes, não existe justificativa para a exoneração, já que não existe nenhum registro de infração cometida pelos profissionais no exercício da profissão.
Segundo informado pelo próprio prefeito aos enfermeiros, as demissões foram motivadas pela atuação de Eder como vereador, que no papel de fiscalizados do Executivo municipal denunciou a escassez de medicamentos para o tratamento da covid-19, longas filas de espera para a realização de exames simples e até mesmo a falta de dipirona nos postos de saúde.
A Constituição Federal garante a liberdade de expressão, o livre pensamento e a independência para o trabalho dos vereadores, que tem o dever de denunciar os problemas e irregularidades cometidos pela gestão. É inaceitável a interferência do prefeito no quadro de profissionais de enfermagem sem que haja nenhuma conduta que os desabone enquanto enfermeiros.
Não iremos compactuar com discursos retrógados da velha política onde os profissionais são avaliados por suas ideias e não pelo trabalho realizado no atendimento à população.
Entendemos que esse ato arbitrário atinge não apenas os enfermeiros demitidos, mas toda a categoria, que teve direito ao livre exercício da profissão e a liberdade de expressão ameaçada.
Cuiabá, 7 de fevereiro de 2023.
Diretoria Coren-MT
Fonte: Ascom – Coren-MT