Dengue supera Covid-19 em número de mortes no Brasil em 2024

Última atualização: 17/01/2025

No ano de 2024, o Brasil enfrentou um cenário alarmante no campo da saúde pública: a dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, foi responsável por mais mortes do que a Covid-19, marcando um dos anos mais trágicos no combate a essas enfermidades. Segundo dados do Ministério da Saúde, 6.068 pessoas morreram em decorrência da dengue, enquanto a Covid-19 causou 5.959 óbitos no mesmo período. Ver Estado do Rio de Janeiro registra 810 casos de Dengue nas primeiras semanas de 2025.

Crescimento alarmante

O número de mortes por dengue representou um aumento de 414% em comparação a 2023, quando foram registradas 1.179 vítimas. Este salto reflete a intensificação de fatores ambientais e epidemiológicos que favoreceram a proliferação do Aedes aegypti. O período mais crítico coincidiu com as chuvas sazonais, que ocorrem entre novembro e maio, aumentando os criadouros de mosquitos.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou que o Brasil deve enfrentar um novo ciclo de alta incidência de dengue em 2025, com estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná apresentando os maiores riscos.

Impacto do El Niño e Sorotipo 3

Um dos principais fatores que contribuíram para o agravamento da situação foi o fenômeno climático El Niño, que trouxe um clima mais quente e úmido, condições ideais para a reprodução do mosquito. Além disso, a reintrodução do sorotipo 3 da dengue (DENV-3) intensificou a gravidade do surto. Esse sorotipo não circulava amplamente no Brasil desde o início dos anos 2000, o que resultou em baixa imunidade da população.

A presença de um sorotipo “novo” para muitas pessoas sobrecarregou o sistema imunológico dos infectados, aumentando os casos graves e, consequentemente, os óbitos.

Medidas de controle e desafios

Apesar das campanhas de conscientização e esforços para eliminação de criadouros, o combate à dengue ainda enfrenta barreiras estruturais, como falta de saneamento básico em muitas regiões e baixa adesão da população às medidas preventivas. Além disso, as autoridades de saúde enfrentaram dificuldades para articular ações integradas entre os estados mais afetados.

O sistema de saúde brasileiro, que já vinha de um período de sobrecarga devido à pandemia de Covid-19, também sofreu para lidar com a alta demanda causada pelos casos graves de dengue. Hospitais em várias regiões relataram falta de leitos e insumos.

Perspectivas para 2025

Especialistas alertam que, sem um esforço conjunto e coordenado para combater a proliferação do Aedes aegypti, o Brasil continuará vulnerável a surtos de dengue. A combinação do El Niño, a circulação de novos sorotipos e o aumento das chuvas são fatores que devem ser monitorados de perto pelas autoridades.

A ministra Nísia Trindade enfatizou a necessidade de ações urgentes, como a ampliação das campanhas de vacinação contra a dengue e o fortalecimento da atenção primária à saúde. Ela destacou que a conscientização da população e o combate ao mosquito transmissor são ferramentas cruciais para evitar que tragédias como a de 2024 se repitam.

O ano de 2024 ficará marcado como um alerta para a fragilidade do sistema de saúde brasileiro diante de doenças tropicais. O desafio agora é transformar as lições aprendidas em ações efetivas para proteger a população e evitar novas crises de saúde pública.

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