Existem contraindicações para a vacinação do HPV?

Considerando que o HPV é condição necessária para o câncer cervical, a vacinação para prevenção do HPV representa potencial para reduzir a carga de doença cervical e lesões precursoras. 

O Ministério da Saúde adotou a vacina quadrivalente contra HPV que confere proteção contra HPV de baixo risco (HPV 6 e 11) e de alto risco (HPV 16 e 18). Essa vacina previne infecções pelos tipos virais presentes na vacina e, consequentemente, o câncer do colo do útero e reduz a carga da doença. Tem maior evidência de proteção e indicação para pessoas que nunca tiveram contato com o vírus.

Cabe lembrar que vacinação é uma ferramenta de prevenção primária e também não substitui o rastreamento do câncer, pois a vacina não confere proteção contra todos os subtipos oncogênicos de HPV. Da mesma forma, a vacina não confere proteção contra outras doenças sexualmente transmissíveis e, por isso, a importância do uso do preservativo em todas as relações sexuais

Esquema de vacinação

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), para as pessoas que iniciam a vacinação antes dos 15 anos de idade, o esquema vacinal recomendado é de duas doses de vacina HPV. A segunda dose deve ser administrada seis meses após a primeira dose (MEITES; KEMPE; MARKOWITZ, 2016).

A vacina HPV quadrivalente está disponível nas mais de 36 mil salas de vacinação do país, para meninas de nove a 14 anos de idade e meninos de 11 a 14 anos de idade, e ambos deverão receber duas doses da vacina, com intervalo de seis meses entre as doses. A população de homens e mulheres vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos, transplantados de medula óssea e pacientes oncológicos fará o esquema de três doses, com intervalo entre as doses de 0, 2 e 6 meses. Para este último grupo, é fundamental a prescrição médica para atendimento nos serviços de saúde (unidades básicas de saúde e Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais).

As contraindicações para a aplicação da vacina HPV são (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2012):

– reação anafilática aos componentes da vacina;
– reação anafilática em dose anterior;
– aplicação em gestantes, uma vez que não há estudos conclusivos até o momento. Se a adolescente engravidar após o início do esquema vacinal, as doses subsequentes – deverão ser adiadas até o período pós-parto. 

Caso a vacina seja administrada durante a gravidez, nenhuma intervenção adicional é necessária, somente o acompanhamento pré-natal adequado.

É sempre lembrar, que assim como qualquer vacina, a vacina contra o HPV pode causar efeitos colaterais leves, como dor no local na injeção, dores de cabeça, tonturas e náuseas. Como a vacina será administrada em milhões de pessoas, é natural que nos próximos meses e anos sejam reportados vários casos de efeitos colaterais leves. Isso, porém, não significa que a vacina seja perigosa e não deva ser tomada. Várias outras vacinas presentes no calendário vacinal há décadas também apresentam efeitos colaterais leves frequentes.

A vacina HPV é destinada exclusivamente à utilização preventiva e não tem efeito demonstrado ainda nas infeções pré-existentes ou na doença clínica estabelecida. Portanto, a vacina não tem uso terapêutico no tratamento do câncer do colo do útero, de lesões displásicas cervicais, vulvares e vaginais de alto grau ou de verrugas genitais. A quantidade de anticorpos produzidos por estímulo da vacina é maior do que por infeção natural. Estudos de seguimento de 15 anos em vacinados na Europa deverão responder a durabilidade da proteção, visando confirmação de proteção.

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