Família denuncia falhas no atendimento após morte de adolescente em UPA de Campo Grande

Última atualização: 01/02/2025

A morte do adolescente Khevin, de apenas 13 anos, gerou revolta e indignação entre familiares, que questionam a qualidade do atendimento prestado pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Leblon, em Campo Grande. O jovem faleceu na última quinta-feira (30), no Hospital Regional da capital, após passar por atendimento na UPA, sem receber um diagnóstico conclusivo. Durante o velório do menino, realizado neste sábado (1º), sua tia, que preferiu não se identificar, expressou sua dor e insatisfação em entrevista ao Campo Grande News. Para ela, a morte do sobrinho poderia ter sido evitada caso houvesse um atendimento mais criterioso e uma estrutura adequada na unidade de saúde.

Queixas sobre a falta de exames detalhados

Segundo a familiar, Khevin chegou à UPA sentindo fortes dores na região abdominal e nas costas. No entanto, não recebeu um exame aprofundado que pudesse indicar a gravidade do seu quadro. “Um menino de 13 anos vai a uma unidade de pronto atendimento e não fazem sequer um exame de sangue? Só pediram um ultrassom, mas ele precisava de algo mais completo“, desabafou.

A tia afirma que o jovem foi liberado em poucas horas, mesmo ainda apresentando sintomas. Mais tarde, seu estado piorou, voltando à unidade já com falta de ar e perda de movimentos. “Quando ele retornou, a situação já era muito grave. Saiu de lá intubado direto para o Hospital Regional, e não resistiu“, lamentou.

Desabafo sobre estrutura precária

Indignada, a mulher ressaltou a necessidade de um olhar mais humanizado por parte das autoridades de saúde e melhorias na infraestrutura da UPA. “Nós, pessoas pobres, precisamos de atendimento digno. O mínimo que um local desses deveria ter é um raio-X e um laboratório para exames de sangue“, declarou.

Além disso, a familiar criticou a prescrição médica feita inicialmente. “Deram cefalexina e mandaram ele para casa. Como podem simplesmente liberar um garoto que sentia dores intensas? Será que ele já não estava com pneumonia?“, questionou.

Outro caso semelhante na mesma semana

A morte de Khevin não foi o único caso registrado na capital essa semana. Outro adolescente, de 14 anos, faleceu pouco tempo após ser atendido em um posto de saúde no bairro Coophavila. O jovem também apresentava sintomas preocupantes, incluindo fortes dores no peito, mas foi liberado. Sua família acredita que, se tivesse recebido um atendimento mais eficaz, poderia estar vivo.

Investigação será aberta

Diante das denúncias e da gravidade das ocorrências, a Secretaria Municipal de Saúde anunciou a abertura de uma sindicância para apurar possíveis falhas nos atendimentos realizados pelas unidades de saúde. A secretária Rosana Leite garantiu que todos os procedimentos serão revisados. “Se constatarmos qualquer irregularidade, tomaremos as medidas cabíveis, inclusive com a abertura de um processo administrativo“, afirmou.

A morte de Khevin expõe, mais uma vez, os desafios enfrentados pelo sistema de saúde pública, principalmente em regiões onde a estrutura precária e a falta de recursos comprometem o atendimento de pacientes que buscam socorro. Enquanto a família do adolescente busca respostas, a população aguarda mudanças concretas para que novas tragédias possam ser evitadas. Veja também Mulher incendeia recepção de Hospital em Minas Gerais após perder filho.

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