Funcionários do Ipsemg se revoltam: ‘O hospital está um forno’

Última atualização: 30/01/2025

O descontentamento com as condições de trabalho e atendimento no Hospital Governador Israel Pinheiro, do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), levou funcionários a realizarem um protesto marcante nesta quarta-feira (29/1), em Belo Horizonte. Em um ato simbólico, os trabalhadores queimaram um caixão em frente à unidade hospitalar, denunciando a precarização dos serviços prestados à população.

O principal problema apontado pelos servidores é a falta de ar-condicionado em uma das alas do hospital, situação que se arrasta há cerca de 50 dias. A ausência de climatização adequada compromete não apenas o conforto dos pacientes e profissionais, mas também o funcionamento de equipamentos médicos que exigem temperatura controlada para operar corretamente.

Temperaturas elevadas e risco à saúde de pacientes

Pedro Cardoso, presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg (Sisipsemg), explicou que a falta de refrigeração afeta diretamente o setor de raio-x, onde as temperaturas ultrapassam os 40°C. De acordo com ele, apenas a sala do tomógrafo dispõe de climatização adequada, enquanto os demais espaços sofrem com o calor excessivo, tornando o ambiente insalubre para pacientes e trabalhadores.

A crise estrutural levou à suspensão temporária dos exames de ultrassom na unidade hospitalar. Em nota oficial, a direção do Ipsemg justificou a medida como uma forma de preservar o bem-estar dos profissionais e beneficiários, além de garantir o bom funcionamento dos equipamentos, conforme recomendação do fabricante.

Falta de diálogo e avanço das terceirizações

Outro ponto de insatisfação entre os funcionários é a ausência de diálogo com a administração do instituto. O sindicato afirma que tentou contato com a direção do Ipsemg para discutir a questão da climatização, mas os pedidos de reunião não foram atendidos, e um ofício enviado com prazos para a resolução do problema sequer foi respondido.

Além disso, os trabalhadores criticam o avanço das terceirizações dentro do hospital. Segundo Cardoso, o Ipsemg possuía um dos melhores laboratórios do estado, com equipamentos modernos e equipe qualificada. No entanto, a atual gestão suspendeu o atendimento externo do laboratório e transferiu os serviços para uma rede credenciada, elevando os custos para a instituição.

Aumento das contribuições e impacto na qualidade do atendimento

A insatisfação dos servidores também está relacionada ao recente reajuste das alíquotas de contribuição do Ipsemg, sancionado pelo governo de Minas Gerais. O aumento, que eleva o valor mínimo de R$ 33,02 para R$ 60 e o teto de R$ 275,15 para R$ 500, já foi publicado no Diário Oficial e entrará em vigor em abril.

Enquanto o governo estadual argumenta que a mudança busca garantir a sustentabilidade financeira do instituto, o sindicato vê a medida com desconfiança. Para Pedro Cardoso, o problema não é a falta de recursos, mas sim a má administração dos valores arrecadados. “O Ipsemg tem dinheiro, mas é mal gerido. Até hoje, não tivemos nenhuma confirmação sobre a compra de materiais para o conserto do ar-condicionado nem sobre a contratação de técnicos para realizar o reparo“, afirmou o presidente do Sisipsemg.

Resposta do Ipsemg e perspectivas para o futuro

Em resposta às críticas, a direção do Ipsemg afirmou que os serviços de manutenção dos aparelhos de ar-condicionado estão em andamento e devem ser concluídos em breve. A instituição ressaltou que a demora no reparo ocorreu devido à indisponibilidade de peças no mercado, mas que os componentes necessários começaram a chegar no início da semana.

Apesar das promessas de resolução, os servidores permanecem céticos quanto às melhorias no hospital e reivindicam maior autonomia administrativa e financeira para o Ipsemg. Eles temem que o aumento das contribuições dos funcionários leve ao esvaziamento da instituição e a um cenário ainda mais precário no atendimento à população.

Com o impasse ainda sem solução definitiva, a situação do hospital segue como uma preocupação central para servidores, pacientes e suas famílias, que esperam por medidas concretas para reverter a crise e garantir um atendimento de qualidade àqueles que dependem do Ipsemg. Veja também A revolução do cuidado: as contribuições de enfermeiras obstétricas e obstetrizes em três décadas.

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