Última atualização: 23/04/2025
O número de internações hospitalares de pessoas com 60 anos ou mais pelo Sistema Único de Saúde (SUS) apresentou um crescimento expressivo no Pará, segundo dados do Ministério da Saúde. Entre os anos de 2023 e 2024, o estado registrou um aumento de quase 10% nos atendimentos desse público em hospitais públicos. Em números absolutos, as hospitalizações passaram de 95.848, em 2023, para 105.131 no ano seguinte. Já em janeiro de 2025, somente no primeiro mês do ano, 7.496 idosos deram entrada em unidades de saúde com necessidade de internação, evidenciando a continuidade da tendência de alta.
As principais causas envolvem doenças dos sistemas circulatório e respiratório, cujas complicações são frequentes em idosos, especialmente em períodos de instabilidade climática e comorbidades mal controladas.
Doenças crônicas lideram os motivos de internação
O levantamento do Ministério da Saúde aponta que as condições cardiovasculares e respiratórias são as principais responsáveis pelas internações entre os idosos. Doenças do aparelho circulatório representam 17,49% dos casos, seguidas pelas enfermidades do sistema respiratório, com 12,79%. Também ganham destaque os problemas do sistema digestivo, com 11,96%, e os casos de lesões e intoxicações, que somam 11,59% das internações.
Especialistas alertam que esse quadro está fortemente relacionado à descompensação de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Quando essas condições não são devidamente monitoradas, aumentam os riscos de agravamento e a necessidade de hospitalização.
Prevenção como estratégia para reduzir hospitalizações
Para conter o aumento das internações, médicos defendem a adoção de medidas preventivas simples, porém eficazes. O geriatra Antônio Silva destaca que a vacinação contínua contra gripe, covid-19, pneumonia e herpes zoster, associada a uma alimentação equilibrada, hidratação adequada, prática de atividades físicas adaptadas à idade, sono de qualidade e prevenção de quedas, pode reduzir significativamente a vulnerabilidade dos idosos.
A médica Sheyla Calixto acrescenta que medidas básicas de contenção de infecções devem continuar a ser adotadas dentro das famílias, como o isolamento de membros doentes e o uso de máscaras em casos de viroses. Segundo ela, essas práticas, comuns durante a pandemia de covid-19, ainda são essenciais para proteger os mais vulneráveis da casa.
Serviços especializados reforçam cuidado com a terceira idade
No combate à fragilidade da população idosa, Belém conta com a Casa do Idoso, localizada na Avenida José Malcher. O local oferece atendimento multidisciplinar com profissionais de geriatria, cardiologia, neurologia, nutrição, psicologia e fisioterapia, além de grupos ativos voltados ao bem-estar físico e emocional dos pacientes.
Os atendimentos ocorrem de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, e buscam promover uma abordagem integral de saúde para esse público.
Chuvas intensas agravam cenário no inverno amazônico
O período do inverno amazônico, caracterizado por chuvas intensas, tem contribuído para o aumento de casos de infecções respiratórias, especialmente gripes e pneumonias, que são mais comuns nessa época do ano. Essas condições, quando acometem idosos, tendem a se agravar e levar à hospitalização, reforçando a importância da vigilância em saúde durante esses meses críticos.
O crescimento das internações de idosos pelo SUS no Pará é um sinal de alerta para a necessidade de políticas públicas mais eficazes voltadas à saúde da população idosa. Investimentos em prevenção, educação em saúde e ampliação do acesso a serviços especializados são fundamentais para reverter essa tendência e garantir qualidade de vida à terceira idade. Ver também Segunda morte por chikungunya é registrada no Rio Grande do Sul, acendendo alerta sobre avanço da doença no estado.