Última atualização: 24/01/2025
O lipedema, uma condição crônica recentemente reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença distinta, continua sendo um desafio para a medicina e um desconhecido para a sociedade. Afetando cerca de 10% das mulheres em todo o mundo, essa condição é caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura nas pernas e nos braços, causando deformidades corporais e impactando a saúde física e mental das pacientes.
O que é o lipedema?
Descrito pela primeira vez em 1940, o lipedema é frequentemente confundido com obesidade ou linfedema. Entretanto, sua principal diferença reside no fato de que a gordura acumulada no lipedema não responde a dietas ou exercícios físicos. Essa gordura possui características únicas, como fibrose, aspecto de “casca de laranja” e nódulos dolorosos que se assemelham a celulite.
A doença, predominantemente feminina, parece estar associada a fatores genéticos e alterações hormonais, sendo comum seu agravamento em períodos como puberdade, gravidez e menopausa.
Diagnóstico e sintomas
Os sintomas incluem dor persistente nas pernas, sensação de peso, hematomas frequentes e desproporção corporal, como pernas volumosas e uma cintura relativamente fina. O diagnóstico ainda depende de avaliação clínica detalhada, pois exames complementares, como ultrassons, são mais utilizados para descartar outras condições associadas.
Um dos grandes desafios do lipedema é sua detecção precoce. Profissionais de saúde frequentemente desconhecem ou minimizam a condição, o que leva pacientes a tratamentos inadequados ou à estigmatização.
Impactos na saúde
Além da dor e da dificuldade de mobilidade, o lipedema pode afetar gravemente a saúde mental das pacientes. O desespero em lidar com uma condição que não responde a métodos convencionais pode levar a transtornos como depressão, ansiedade e até anorexia.
Fisicamente, o sistema linfático das pacientes pode ser prejudicado, resultando em linfedema secundário, além de desgaste articular devido ao peso excessivo nos membros inferiores.
Tratamento
Embora ainda não exista cura definitiva, algumas abordagens podem aliviar os sintomas. Mudanças no estilo de vida, com alimentação anti-inflamatória e prática de exercícios de baixo impacto, são recomendadas. Técnicas como drenagem linfática e uso de meias compressivas ajudam a controlar o inchaço. Para casos mais graves, a lipoaspiração tem se mostrado eficaz na remoção da gordura afetada. Contudo, o custo elevado do procedimento limita seu acesso. No Brasil, iniciativas buscam viabilizar o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Avanços e perspectivas
A inclusão do lipedema no CID-11 pela OMS em 2022 foi um marco que impulsionou a conscientização sobre a doença. No entanto, no Brasil, a adoção plena da classificação foi adiada para 2027, destacando a necessidade de mais investimento em capacitação profissional e infraestrutura.
A compreensão das bases genéticas e metabólicas do lipedema é crucial para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes. Enquanto isso, campanhas de conscientização continuam a ser essenciais para reduzir o estigma e garantir que mais mulheres recebam o diagnóstico e tratamento adequados.
Em um cenário onde o conhecimento sobre o lipedema ainda está em expansão, a união entre a ciência, a sociedade e os sistemas de saúde será vital para enfrentar essa condição que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. Veja também Qual é a diferença de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e as Unidades Básicas de Saúde (UBS).