Última atualização: 24/02/2025
Uma mulher de Mato Grosso do Sul será indenizada após sofrer graves complicações médicas devido a falhas no atendimento hospitalar. A paciente procurou atendimento diversas vezes após o parto, relatando dores intensas e sintomas de infecção, mas foi repetidamente liberada sem exames mais aprofundados. O agravamento do quadro culminou na necessidade de uma cirurgia de emergência, resultando na retirada do útero e do apêndice. O caso, ocorrido em 2017, levou à condenação do hospital universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), que agora deverá pagar uma indenização de R$ 50 mil por danos morais.
Repetidas idas ao hospital sem diagnóstico adequado
O histórico da paciente revela uma sequência de falhas médicas. Durante o pré-natal, a mulher já era acompanhada pela equipe do hospital da UFGD. Em novembro de 2016, antes do parto, ela foi internada com febre e dores abdominais, sendo diagnosticada com pielonefrite – uma infecção urinária grave. Apesar de ser tratada com antibióticos, os sintomas persistiram, mas, ainda assim, ela recebeu alta três dias depois.
Após o parto, o sofrimento continuou. A mulher voltou à unidade hospitalar por diversas vezes, relatando dor intensa e sinais de infecção, mas, segundo o processo, foi mandada para casa sem uma investigação mais detalhada sobre a causa do problema. Somente na quarta ida ao hospital, quando o estado já estava crítico, exames mais aprofundados foram realizados, confirmando uma infecção severa que exigiu cirurgia de urgência.
Histerectomia e impactos na vida da paciente
Diante da gravidade da infecção, os médicos precisaram remover o útero e o apêndice da paciente para conter o quadro infeccioso. A perda do útero trouxe não apenas impactos físicos, mas também emocionais e psicológicos significativos para a mulher, que ainda se recuperava do parto.
Na ação judicial, a defesa argumentou que a negligência da equipe médica comprometeu a saúde e o bem-estar da paciente, causando sofrimento e danos irreversíveis. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) reconheceu a falha no atendimento e manteve a decisão de condenação do hospital, determinando o pagamento de indenização.
Responsabilidade e o papel da Justiça
O caso reacende o debate sobre a qualidade do atendimento prestado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a responsabilidade das instituições médicas na detecção e no tratamento adequado de complicações pós-parto. Especialistas alertam para a necessidade de uma avaliação criteriosa de pacientes com sintomas persistentes, especialmente no período puerperal, para evitar desfechos trágicos como esse.
A indenização concedida à paciente representa um reconhecimento da falha hospitalar, mas não apaga as sequelas deixadas pelo episódio. Além do impacto na vida da mulher, o caso serve como alerta para que hospitais aprimorem seus protocolos de atendimento e priorizem diagnósticos precoces em situações de risco. Veja também Mulher tem pneu furtado em estacionamento de hospital em Manaus e denuncia descaso com segurança.