Neurocirurgião de 81 anos é detido por suspeita de importunação sexual em hospital de Londrina

Última atualização: 15/04/2025

Um renomado neurocirurgião de 81 anos foi preso em flagrante nesta segunda-feira (14), em Londrina, norte do Paraná, acusado de importunar sexualmente uma mulher dentro das dependências da Santa Casa de Misericórdia da cidade. Segundo informações das autoridades, o médico, identificado como Pedro Garcia Lopes, estava no local na condição de acompanhante de um familiar internado. Vestido com um jaleco que indicava sua especialidade médica, o idoso se encontrava em um dos quartos do hospital quando teria abordado de forma inapropriada uma mulher que também acompanhava um paciente no mesmo ambiente. O caso causou grande repercussão na comunidade médica e levou o Conselho Regional de Medicina a se pronunciar oficialmente.

Detalhes da denúncia e depoimentos

De acordo com o inquérito policial, a vítima foi chamada pelo idoso sob o pretexto de que ele precisava de ajuda. Ao se aproximar, a mulher relatou que teve sua blusa puxada pelo médico, que ainda utilizou as pernas para impedir sua saída. Em seguida, segundo o boletim, ele teria feito comentários de cunho sexual ofensivo. A vítima conseguiu se desvencilhar, empurrou o suspeito e deixou o local correndo.

A Polícia Militar foi acionada imediatamente e conduziu o suspeito à delegacia. No depoimento, o médico preferiu exercer o direito de permanecer em silêncio. O delegado responsável pelo caso, Roberto Fernandes de Lima, afirmou que houve comprovação da materialidade do delito com base nos testemunhos, o que justificou a prisão em flagrante.

Reações no hospital e alegações da defesa

Apesar de estar vestido com um jaleco indicando sua especialização em neurocirurgia, Lopes não estava exercendo atividade profissional no momento da ocorrência, conforme esclareceu a Santa Casa. Em nota, a instituição afirmou que o profissional não integra mais o corpo clínico do hospital há mais de oito anos e que ele estava na unidade apenas como visitante.

O filho do médico esteve no local logo após o incidente, pedindo desculpas à vítima e ao marido dela. Ele teria informado que o pai está enfrentando um processo de demência em estágio inicial, fato que foi posteriormente reiterado pela defesa no pedido de liberdade provisória, acompanhado de laudos médicos que apontam “demência progressiva irreversível“.

Liberdade provisória e medidas judiciais

Na manhã desta terça-feira (15), durante a audiência de custódia, a Justiça concedeu liberdade provisória ao neurocirurgião, mas com restrições. Entre as medidas determinadas está a proibição de qualquer contato com a vítima, além de manter distância dela.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) informou que acompanha o caso sob sigilo e que possíveis medidas disciplinares, incluindo a análise sobre a inimputabilidade do médico ou até a cassação do registro profissional, estão sendo avaliadas conforme os trâmites internos.

Nota final da defesa e encaminhamentos futuros

A defesa do médico se limitou a dizer que não comentará o caso neste momento. Já a direção da Santa Casa reforçou que não há vínculo profissional entre a instituição e o médico, tratando-se de um episódio ocorrido em contexto familiar. O caso segue em investigação e deve levantar debates sobre a atuação de profissionais da saúde com quadros neurológicos degenerativos, além de reforçar a necessidade de políticas rigorosas de prevenção e acolhimento em situações de assédio em ambientes hospitalares. Veja também Homem com histórico criminal é detido após invadir hospital e agredir ex-companheira.

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