A Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que a prevalência mundial do transtorno de ansiedade (TA) é de 3,6%, enquanto que nos Estados Unidos é de 5,6% e no Brasil 9,3% da população.
O Brasil possui o maior número de casos de ansiedade entre todos os países do mundo.
Essas estatísticas refletem a dinâmica da sociedade moderna que mostram como ela contribuiu para o surgimento desses transtornos mentais e dos transtornos comportamentais como, por exemplo, a ansiedade e a depressão, que se tornaram doenças comuns nos consultórios médicos de todo o mundo.
Esses transtornos podem ser fruto da exposição a fatores de risco associado à atividade trabalhista e também das relações desenvolvidas no ambiente de trabalho que muitas vezes são mentalmente e emocionalmente insalubres.
A competitividade que existe no mercado de trabalho junto com o medo do desemprego, leva as pessoas a se submeterem a condições de trabalho muitas vezes desumanas.
Fatores como: submissão a baixos salários, ambiente de trabalho insalubres, ruídos no ambiente de trabalho, calor excessivo, acúmulo de funções e responsabilidades, jornadas de trabalho que superam a carga horária suportável, acúmulo de empregos com carga horária de trabalho altas, são exemplos que favorecem o adoecimento dos profissionais de enfermagem e dos trabalhadores em geral.
O que é a ansiedade?
A ansiedade é entendida como um sentimento de medo vago e também muito desagradável que, se manifesta com um grande desconforto ou uma tensão decorrente de antecipação de uma ameça ou perigo ou de algo desconhecido.
Os transtornos de ansiedade (TA)
Os TAs apresentam características de medo e ansiedade excessiva com a manifestação de perturbações comportamentais. Esses transtornos diferem entre sinos objetos ou situações que induzem ao medo, à ansiedade ou ao comportamento de esquiva e a ideação cognitiva associada. Assim, os TAs diferenciam-se da ansiedade por serem mais intensos e persistirem além dos períodos apropriados para o desenvolvimento normal. Os TAs são problemas frequentes quando se aborda a saúde do trabalhador, visto que geram altos custos e impacto nos índices de absenteísmo, presenteísmo e outros aspectos relacionados ao trabalho, como a redução do desempenho e carga de afazeres.
No Brasil, os transtornos mentais e comportamentais são responsáveis pelo crescimento geral na concessão dos benefícios, tanto para o auxílio-doença acidentário quanto para o não acidentário. De 2004 para 2013, o número de auxílios-doença acidentários concedidos em razão deste tipo de enfermidade passou de 615 para 12.818. No total, houve um incremento da ordem de 1.964% para essa concessão. Estudos brasileiros elencam os TAs como uma das principais causas de afastamentos laborais dentre os transtornos mentais e comportamentais. Isso é preocupante frente às estatísticas identificadas em pesquisas recentes, que apontam um aumento no número de afastamentos por transtornos ansiosos.
A depressão caracteriza-se pelo prolongamento de sintomas depressivos e variação de humor que podem ter iniciado com um transtorno de ansiedade. A pessoa acometida pela depressão tem a capacidade de ver o mundo e a realidade alterada. O Brasil apresenta as maiores taxas de depressão, 18,4% da sua população já teve pelo menos um episódio depressivo durante a vida, ficando atrás apenas da França (21,0%) e Estados Unidos (19,2%).
Entre os trabalhadores da saúde, os profissionais de enfermagem estão no grupo dos mais propensos aos problemas de saúde mental, dentre os quais a depressão e o risco
de suicídio, porque lidam com o sofrimento humano, a dor, a alegria, tristeza e necessitam ofertar ajuda àqueles que necessitam de seus cuidados.
É necessário considerar a saúde e a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem tendo em vista que a sua prática profissional se dá em realidades complexas, relações humanas as mais diversas, ter que lidar cotidianamente com diferentes exigências, defrontando-se com fatores que podem produzir risco para a o transtorno de ansiedade, a depressão, o suicídio e outros problemas mentais e que comprometem a realização plena do cuidado.
Referências
Fernandes MA, Ribeiro HKP, Santos JDM, Monteiro CFS, Costa RS, Soares RFS. Prevalence of anxiety disordersas a cause of workers’ absence. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(Suppl 5):2213-20. [Thematic Issue: Mental health] DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0953