Última atualização: 22/04/2025
A morte do Papa Francisco aos 88 anos, anunciada oficialmente pelo Vaticano nesta semana, encerra um capítulo marcante da história recente da Igreja Católica. O pontífice argentino enfrentava há anos uma série de problemas de saúde, agravados nos últimos meses. De acordo com o comunicado médico, o falecimento foi provocado por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e um quadro avançado de insuficiência cardíaca.
A combinação dessas duas condições críticas é frequente entre idosos com histórico de doenças crônicas e demanda cuidados médicos complexos. A trajetória clínica do papa, marcada por múltiplas intervenções e episódios de internação, ajuda a compreender o desfecho do seu quadro.
O que é o AVC e como ele se manifesta
O AVC, popularmente chamado de derrame cerebral, ocorre quando há uma interrupção súbita no fornecimento de sangue ao cérebro, provocando a morte das células cerebrais por falta de oxigênio. Existem dois tipos principais: o AVC isquêmico, causado por obstruções nas artérias — como coágulos sanguíneos — e o AVC hemorrágico, que resulta do rompimento de um vaso sanguíneo, levando ao vazamento de sangue na área afetada.
Os sintomas costumam incluir perda de força em um lado do corpo, dificuldade na fala, visão turva e confusão mental, sendo essencial agir com rapidez para evitar sequelas ou morte.
O tratamento varia conforme o tipo de AVC. No caso isquêmico, pode-se recorrer a medicamentos trombolíticos e à trombectomia — procedimento no qual o coágulo é removido mecanicamente. Já os quadros hemorrágicos, mais graves, muitas vezes exigem cirurgia descompressiva para aliviar a pressão intracraniana, removendo temporariamente parte do crânio. Em ambos os casos, a intervenção precoce é determinante para a recuperação.
Insuficiência cardíaca: uma condição crônica e progressiva
A insuficiência cardíaca é um distúrbio que afeta a capacidade do coração de bombear sangue de forma eficiente. É uma consequência comum de várias cardiopatias que, ao longo do tempo, comprometem o funcionamento do músculo cardíaco.
Essa condição leva à retenção de líquidos, provocando inchaços, dificuldade para respirar e cansaço extremo — sintomas que limitam severamente a qualidade de vida dos pacientes.
Embora incurável, a insuficiência cardíaca pode ser controlada com medicamentos, ajustes na alimentação, restrição de líquidos e, em casos mais críticos, transplante de coração. O sucesso do tratamento depende da detecção precoce e da adesão rigorosa às recomendações médicas. No caso do Papa Francisco, o agravamento do quadro cardíaco foi determinante para o desfecho de sua condição clínica.
Um histórico de saúde marcado por desafios
Desde jovem, Jorge Mario Bergoglio enfrentou problemas de saúde significativos. Aos 21 anos, precisou remover parte de um pulmão em razão de uma infecção. Já no início do pontificado, revelou ter se submetido a uma cirurgia para retirada da vesícula. Ao longo dos anos, realizou ainda outros procedimentos discretos, como a possível cirurgia de catarata em 2019 e uma operação para tratar diverticulite em 2021, que removeu parte de seu cólon.
Além disso, o pontífice lidou com dores crônicas no nervo ciático e no joelho, o que impactou sua mobilidade. Ele também conviveu com quadros respiratórios recorrentes e foi internado diversas vezes nos últimos dois anos — inclusive por uma infecção polimicrobiana grave em 2025, que exigiu 37 dias de hospitalização.
Saúde mental e espiritualidade como pilares de resistência
O Papa Francisco também teve uma abordagem aberta e acolhedora em relação à saúde mental. Chegou a relatar publicamente que procurou um psiquiatra na juventude, durante o período da ditadura argentina, para enfrentar episódios de ansiedade.
A música de Bach e a espiritualidade sempre foram suas válvulas de escape, refletindo uma visão holística sobre o cuidado com a saúde.
Legado e despedida
Figura central da Igreja Católica contemporânea, o Papa Francisco será lembrado não apenas por sua liderança espiritual, mas também pela forma humana com que lidou com os próprios limites físicos. Sua morte encerra uma jornada marcada por superações, tanto no campo da fé quanto da saúde, e levanta reflexões importantes sobre o envelhecimento e os cuidados paliativos em líderes de grande exposição pública.
Sua trajetória médica serve de alerta e inspiração para milhões de fiéis e profissionais de saúde ao redor do mundo. Veja também Morre o Papa Francisco, símbolo de simplicidade e renovação na Igreja Católica.