Reação Extrapiramidal, causas, sintomas e tratamento

Última atualização: 06/02/2025

A reação extrapiramidal é um conjunto de efeitos colaterais neurológicos que ocorrem devido à disfunção dos gânglios da base, uma estrutura cerebral responsável pelo controle motor. Esses efeitos adversos geralmente são induzidos por medicamentos que bloqueiam a ação da dopamina, especialmente os antipsicóticos e alguns antieméticos.

Pacientes que desenvolvem reações extrapiramidais podem apresentar tremores, rigidez muscular, espasmos involuntários e até dificuldades motoras significativas. Esses sintomas são semelhantes aos da doença de Parkinson, pois ambos resultam de uma deficiência da dopamina no sistema nervoso central.

O que causa as Reações Extrapiramidais?

A principal causa das reações extrapiramidais é o bloqueio dos receptores dopaminérgicos D2 no cérebro, especialmente nos gânglios da base. A dopamina é um neurotransmissor essencial para a regulação do movimento e, quando sua ação é reduzida, o paciente pode desenvolver sintomas motores.

Os medicamentos mais frequentemente associados às reações extrapiramidais incluem:

1. Antipsicóticos (Neurolépticos)

Esses medicamentos são amplamente utilizados para tratar esquizofrenia, transtorno bipolar e outras condições psiquiátricas. Os antipsicóticos típicos (de primeira geração) são os principais responsáveis pelas reações extrapiramidais, pois bloqueiam fortemente a dopamina. Os antipsicóticos atípicos (de segunda geração) apresentam menor risco, mas ainda podem causar esses efeitos.

  • Antipsicóticos típicos (alto risco):
    • Haloperidol
    • Flufenazina
    • Trifluoperazina
    • Clorpromazina
    • Tioridazina
  • Antipsicóticos atípicos (menor risco):
    • Risperidona
    • Olanzapina
    • Quetiapina (baixo risco)
    • Clozapina (risco mínimo)

2. Antieméticos com ação antidopaminérgica

Medicamentos usados para tratar náuseas e vômitos também podem bloquear a dopamina e causar reações extrapiramidais, especialmente quando usados em altas doses ou por períodos prolongados.

  • Mais associados às reações extrapiramidais:
    • Metoclopramida (uso prolongado pode induzir discinesia tardia)
    • Domperidona (menor risco, pois não atravessa a barreira hematoencefálica)

3. Outros medicamentos associados

Algumas classes de medicamentos também podem induzir reações extrapiramidais, embora com menor frequência.

  • Antidepressivos (principalmente ISRS, como fluoxetina e sertralina, em casos raros)
  • Antiepilépticos (valproato de sódio pode induzir sintomas semelhantes ao parkinsonismo)
  • Lítio (usado no transtorno bipolar, pode causar tremores e sintomas extrapiramidais)

Quais são os sintomas das Reações Extrapiramidais?

As reações extrapiramidais podem ser classificadas em diferentes tipos, dependendo do tempo de início e da forma como se manifestam.

1. Distonia aguda

  • Contrações musculares involuntárias e dolorosas, principalmente na face, pescoço e olhos.
  • Pode levar a crise oculógira (desvio dos olhos para cima) e torcicolo espasmódico.
  • Ocorre dentro de horas ou dias após o início do medicamento.

2. Acatisia

  • Sensação intensa de inquietação e necessidade de movimento constante.
  • O paciente pode apresentar agitação severa, ansiedade e irritabilidade.
  • Geralmente aparece dentro de dias ou semanas do tratamento.

3. Parkinsonismo medicamentoso

  • Sintomas semelhantes à doença de Parkinson, incluindo:
    • Tremores finos nas mãos.
    • Rigidez muscular.
    • Movimentos lentos (bradicinesia).
    • Redução da expressão facial (“face em máscara”).
  • Surge semanas a meses após o uso contínuo do medicamento.

4. Discinesia tardia

  • Movimentos repetitivos involuntários da boca, língua, face e extremidades.
  • Pode incluir mastigação involuntária, protrusão da língua e piscamento excessivo.
  • Ocorre após uso prolongado (meses ou anos) de medicamentos neurolépticos.
  • Pode ser irreversível em alguns casos.

Qual é o tratamento das Reações Extrapiramidais?

O tratamento depende da gravidade dos sintomas e do tipo de reação extrapiramidal.

  1. Suspensão ou redução da dose do medicamento causador, sempre que possível.
  2. Uso de fármacos específicos para reverter os sintomas, como os anticolinérgicos (biperideno) e os beta-bloqueadores (propranolol para acatisia).
  3. Troca por um antipsicótico com menor potencial extrapiramidal, como a quetiapina ou a clozapina.

O papel do biperideno no tratamento das Reações Extrapiramidais

O biperideno é um medicamento anticolinérgico, amplamente utilizado no tratamento das reações extrapiramidais. Ele age bloqueando os receptores de acetilcolina, ajudando a restaurar o equilíbrio entre dopamina e acetilcolina nos gânglios da base.

Indicações do Biperideno

  • Tratamento do parkinsonismo medicamentoso.
  • Controle de distonia aguda induzida por neurolépticos.
  • Prevenção de sintomas extrapiramidais em pacientes que necessitam do uso contínuo de antipsicóticos.

Como o Biperideno é Administrado?

  • Pode ser usado por via oral, intramuscular ou intravenosa.
  • A dose inicial geralmente é 2 mg a cada 8-12 horas, ajustada conforme a resposta do paciente.
  • Para crises agudas (exemplo: distonia severa), a administração intravenosa pode proporcionar alívio rápido.

Efeitos Colaterais do Biperideno

  • Boca seca
  • Visão turva
  • Tontura e sonolência
  • Risco de confusão mental, especialmente em idosos

O uso do biperideno deve ser feito com cautela, pois pode causar efeitos adversos significativos, principalmente em pacientes idosos ou com histórico de glaucoma, retenção urinária ou demência.


A reação extrapiramidal é um efeito adverso importante de medicamentos que bloqueiam a dopamina, sendo mais comum com antipsicóticos e alguns antieméticos. Os sintomas variam de tremores e rigidez até distonias severas e discinesia tardia.

O biperideno é um dos principais fármacos usados para tratar essas reações, ajudando a restaurar o equilíbrio neuroquímico nos gânglios da base. No entanto, seu uso deve ser feito com cautela devido aos efeitos colaterais.

A identificação precoce e o manejo adequado são essenciais para garantir qualidade de vida ao paciente e evitar complicações irreversíveis. Ver Otaviano Costa e a batalha contra um problema cardíaco grave: ‘Estava me preparando para o fim’.

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