Última atualização: 04/03/2025
Uma profissional da área de enfermagem, de 31 anos, foi vítima de injúria racial enquanto realizava seu plantão em um hospital particular na cidade de Poços de Caldas. A técnica de enfermagem, que preferiu manter a identidade do estabelecimento em sigilo, registrou um boletim de ocorrência relatando as ofensas que sofreu. O episódio, que teve forte impacto emocional na vítima, evidencia a persistência do racismo estrutural mesmo em ambientes de cuidado e saúde, onde o respeito e a empatia deveriam ser princípios fundamentais.
O episódio de discriminação no ambiente hospitalar
De acordo com o relato da profissional, identificada como Najila Passos da Silva, a situação teve início quando uma paciente exigiu que a infusão de soro fosse acelerada, com o objetivo de sair mais rapidamente do hospital. Ao ser informada pela técnica de enfermagem de que a alteração no ritmo da administração do medicamento poderia representar riscos à sua saúde, a paciente reagiu de maneira ofensiva.
Em meio ao atendimento, a mulher teria proferido palavras de cunho racista contra Najila, utilizando termos como “urubu preto” e “escura“. As agressões verbais ocorreram na presença de acompanhantes e da chefia do setor.
Consequências emocionais e medidas legais
Após o ocorrido, a Polícia Militar foi acionada e orientou a profissional de saúde a registrar um boletim de ocorrência, o que foi feito no dia seguinte ao incidente. Segundo Najila, a experiência foi extremamente impactante, gerando um abalo psicológico significativo. Em 31 anos de vida e experiência na profissão, a técnica afirmou nunca ter passado por uma situação tão humilhante e dolorosa dentro do ambiente de trabalho.
Determinada a buscar justiça, Najila informou que pretende levar o caso à Polícia Civil para formalizar a denúncia e dar andamento às investigações. A profissional também espera que medidas cabíveis sejam tomadas para que a paciente seja responsabilizada pelo crime de injúria racial.
Casos de racismo na área da saúde e a luta por respeito
Infelizmente, situações como a vivida por Najila não são isoladas. Profissionais negros da área da saúde frequentemente relatam episódios de racismo por parte de pacientes e até mesmo de colegas de trabalho. A injúria racial é considerada crime no Brasil, com previsão de pena de um a três anos de reclusão e multa, conforme estipulado pelo Código Penal.
O caso reforça a necessidade de políticas mais rigorosas para coibir práticas discriminatórias e proteger trabalhadores em seus locais de atuação. O ambiente hospitalar, que deve ser um espaço de acolhimento e respeito, não pode ser palco de atitudes preconceituosas que ferem a dignidade de seus profissionais.
A técnica de enfermagem agora aguarda os desdobramentos do caso, com a expectativa de que a justiça seja feita e que situações como essa sirvam de alerta para a sociedade sobre a urgência do combate ao racismo em todas as esferas. Veja também Despedida em Catalão: Técnica de enfermagem do SAMU, Sidelma Rodovalho, deixa legado de amor e dedicação.
