Última atualização: 31/12/2024
A violência contra profissionais de saúde, especialmente técnicos de enfermagem, tem se tornado uma realidade cada vez mais comum nos ambientes hospitalares e unidades de atendimento em todo o Brasil. Esses profissionais, que desempenham um papel crucial na assistência aos pacientes, estão sendo expostos não apenas a condições de trabalho adversas, mas também a um aumento significativo de agressões verbais, psicológicas e físicas.
Em um cenário onde o sistema de saúde enfrenta desafios estruturais graves, como falta de recursos, superlotação, longas jornadas de trabalho e baixa remuneração, os técnicos de enfermagem são frequentemente os primeiros a lidar diretamente com o público em momentos de crise e frustração. Infelizmente, essa proximidade os coloca em uma posição vulnerável, onde se tornam alvos de agressões. Ver Caso de agressão a técnica de enfermagem gerou revolta de trabalhadores em BH.
O Contexto da Violência nos Serviços de Saúde
De acordo com dados do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), a violência contra profissionais de enfermagem é um problema recorrente em todo o país. Relatórios indicam que cerca de 70% desses profissionais já foram vítimas de algum tipo de violência durante o exercício da profissão, sendo os técnicos e auxiliares de enfermagem os mais atingidos.
Entre as principais causas estão:
- Superlotação das unidades de saúde: O número insuficiente de profissionais e a alta demanda de pacientes geram atrasos nos atendimentos, o que frequentemente resulta em conflitos.
- Falta de segurança nos ambientes de trabalho: Muitas unidades carecem de policiamento ou segurança interna, expondo os profissionais a situações de risco.
- Estresse e tensão dos pacientes e acompanhantes: As longas esperas e o sofrimento físico ou emocional podem levar a reações exacerbadas.
Caso de agressão no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) Gaibu, em Pernambuco.
A falta de medidas concretas para proteger esses trabalhadores tem resultado em casos cada vez mais frequentes e graves, como o ocorrido recentemente no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) Gaibu, em Pernambuco.
A nota oficial do COREN-PE vai além de um simples relato de indignação; ela é um alerta sobre a gravidade da violência contra profissionais de saúde no Brasil. Ao abordar o caso ocorrido no SPA Gaibu, o texto reflete uma realidade cotidiana em que técnicos de enfermagem são expostos a agressões físicas e psicológicas, muitas vezes sem a proteção necessária.
Esse episódio expõe o abismo entre as expectativas da população em relação ao sistema de saúde e as condições reais enfrentadas pelos profissionais no exercício de suas funções. É um chamado para a sociedade repensar sua postura diante desses trabalhadores e para as autoridades adotarem medidas concretas de segurança, valorização e estruturação do sistema de saúde.
A solidariedade à vítima e a busca por justiça são fundamentais, mas é necessário ir além: o combate à violência e à precariedade no trabalho deve ser uma prioridade para garantir um ambiente digno e seguro para todos.
Nota oficial do Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco – COREN-PR
Com profunda indignação e repúdio, tomamos conhecimento sobre inadmissível agressão física a uma técnica de Enfermagem em serviço no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) Gaibu.
Segundo informações, a colega estava no plantão quando duas pessoas deram entrada no serviço em busca de atendimento e insatisfeitas pelo tempo de espera, iniciaram uma confusão que culminou em agressões físicas e psicológicas à profissional. Ato que não apenas fere a dignidade humana da vítima, mas constitui crime contra a sua integridade.
Esta situação ressoa o que temos denunciado constantemente sobre as condições inseguras a que os profissionais são submetidos no ambiente de trabalho, além de toda a precariedade estrutural das unidades de saúde.
O Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco vem relatando essas condições às autoridades fiscalizadoras e executivas municipais e estaduais, por meio de relatórios de fiscalização encaminhados às Secretarias Municipais de Saúde, ao Ministério Público de Pernambuco, Ministério Publico do Trabalho e Secretaria Estadual de Saúde. Não podemos admitir que nossos colegas sejam constantemente tratados como “sacos de pancada” em um sistema de saúde sucateado e cada vez mais inseguro para profissionais de Enfermagem.
Mobilizamos nossas equipes de Fiscalização e da Procuradoria Jurídica para o SPA Gaibu, para apuração detalhado do episódio e já identificamos e acolhemos a técnica de Enfermagem agredida. Estamos em processo de identificação dos agressores e tomaremos as mais rigorosas medidas em nossa jurisdição para a responsabilização dos criminosos. Um relatório preciso e fundamentado será encaminhado ao MPPE, ao MPT e às Secretarias de Saúde e Segurança do Cabo de Santo Agostiniano, para que também se apure a conduta da equipe e as condições de trabalho na unidade durante o ocorrido.
Ver Relatório de agressão contra profissionais de enfermagem.