Última atualização: 27/12/2024
A avaliação da oxigenação e da gasometria arterial é uma etapa crucial no cuidado de pacientes com alterações respiratórias ou metabólicas. A enfermagem desempenha um papel central no monitoramento da oxigenação, utilizando métodos não invasivos, como a oximetria de pulso, e interpretando resultados de exames laboratoriais, como a gasometria arterial, que fornece uma análise detalhada do equilíbrio ácido-base e da troca gasosa.
Por que avaliar a oxigenação e a gasometria arterial?
Esses parâmetros são essenciais para monitorar a função respiratória e identificar condições que podem comprometer a troca gasosa, como hipóxia, hipercapnia ou acidose metabólica. Algumas condições que demandam essa avaliação incluem:
- Doenças respiratórias crônicas, como asma e DPOC.
- Insuficiência respiratória aguda.
- Pacientes em ventilação mecânica.
- Situações de choque, sepse ou insuficiência cardíaca.
A avaliação adequada permite intervenções precoces, melhorando a oxigenação e prevenindo complicações graves.
Métodos para avaliar a oxigenação
- Oximetria de pulso:
- Método não invasivo que mede a saturação de oxigênio no sangue (SpO₂).
- Valores normais: 95% a 100%.
- Valores abaixo de 90% indicam hipóxia, exigindo investigação e intervenção imediata.
- Certifique-se de que o sensor esteja corretamente posicionado no dedo, lóbulo da orelha ou outra região.
- Evite erros de leitura causados por baixa perfusão periférica, esmaltes escuros ou luz ambiente excessiva.
- Monitoramento clínico:
- Além do oxímetro, avalie sinais de hipóxia, como cianose, taquipneia, confusão mental e fadiga.
Gasometria arterial: o que é e como interpretar
A gasometria arterial é um exame invasivo que analisa gases do sangue arterial (oxigênio, dióxido de carbono e bicarbonato), além do pH sanguíneo, para avaliar o equilíbrio ácido-base e a eficiência da troca gasosa.
- Parâmetros avaliados na gasometria arterial:
- pH: Avalia o equilíbrio ácido-base do organismo.
- Normal: 7,35-7,45.
- Acidose: < 7,35.
- Alcalose: > 7,45.
- PaO₂ (Pressão parcial de oxigênio): Mede a quantidade de oxigênio dissolvido no sangue.
- Normal: 80-100 mmHg.
- Hipoxemia: < 80 mmHg.
- PaCO₂ (Pressão parcial de dióxido de carbono): Avalia a ventilação alveolar.
- Normal: 35-45 mmHg.
- Hipercapnia: > 45 mmHg (indica hipoventilação).
- Hipocapnia: < 35 mmHg (indica hiperventilação).
- HCO₃⁻ (Bicarbonato): Reflete o componente metabólico do equilíbrio ácido-base.
- Normal: 22-26 mEq/L.
- SaO₂ (Saturação arterial de oxigênio): Mede a porcentagem de hemoglobina saturada com oxigênio.
- Normal: 95%-100%.
- pH: Avalia o equilíbrio ácido-base do organismo.
- Interpretação da gasometria arterial:
- Identificar se há acidose ou alcalose com base no pH.
- Determinar se a alteração é de origem respiratória (PaCO₂) ou metabólica (HCO₃⁻).
- Avaliar a gravidade da hipoxemia com base na PaO₂.
Exemplos de alterações identificadas na gasometria arterial
- Acidose respiratória:
- Causa: Hipoventilação, como em DPOC ou depressão do centro respiratório.
- Achados: pH < 7,35, PaCO₂ > 45 mmHg, HCO₃⁻ normal ou elevado (compensação).
- Alcalose respiratória:
- Causa: Hiperventilação, como em ansiedade ou sepse.
- Achados: pH > 7,45, PaCO₂ < 35 mmHg, HCO₃⁻ normal ou reduzido (compensação).
- Acidose metabólica:
- Causa: Cetoacidose diabética, insuficiência renal ou choque séptico.
- Achados: pH < 7,35, HCO₃⁻ < 22 mEq/L, PaCO₂ normal ou reduzido (compensação).
- Alcalose metabólica:
- Causa: Vômitos prolongados ou uso excessivo de diuréticos.
- Achados: pH > 7,45, HCO₃⁻ > 26 mEq/L, PaCO₂ normal ou elevado (compensação).
O papel do enfermeiro na avaliação da oxigenação e gasometria
- Coleta de gasometria arterial:
- Realizar a coleta de forma estéril e segura, evitando complicações como hematomas ou embolia gasosa.
- Verificar se o paciente está em repouso para evitar alterações nos resultados.
- Monitoramento contínuo:
- Acompanhar sinais clínicos e valores da oximetria para detectar alterações precoces.
- Registrar todos os achados e comunicar alterações significativas à equipe médica.
- Implementação de intervenções:
- Ajustar a terapia de oxigênio conforme prescrição médica.
- Orientar o paciente sobre técnicas de respiração ou uso de dispositivos respiratórios.
Exemplo prático de avaliação integrada
Imagine um paciente com DPOC em crise, apresentando falta de ar e saturação de oxigênio de 88%:
- Oxigenação: Oximetria indica SpO₂ < 90%, evidenciando hipóxia.
- Gasometria arterial:
- pH: 7,30 (acidose).
- PaO₂: 55 mmHg (hipoxemia grave).
- PaCO₂: 60 mmHg (hipercapnia).
- HCO₃⁻: 30 mEq/L (compensação metabólica).
Interpretação: Acidose respiratória com hipoxemia severa, típica de insuficiência respiratória em DPOC.
O enfermeiro desempenha um papel crucial
A avaliação da oxigenação e da gasometria arterial é indispensável para o cuidado de pacientes com alterações respiratórias e metabólicas. O enfermeiro desempenha um papel crucial no monitoramento desses parâmetros, garantindo intervenções precoces e colaborando para a estabilização clínica do paciente. O domínio das técnicas e a interpretação correta dos resultados são fundamentais para uma assistência segura e eficaz. Minuta do Piso da Enfermagem é enviada para Casa Civil