Última atualização: 28/12/2024
A avaliação do nível de consciência é uma etapa essencial no exame neurológico, permitindo identificar alterações na função cerebral que podem indicar condições graves, como traumatismos, AVC, infecções do sistema nervoso central, ou alterações metabólicas. Para realizar essa avaliação, a enfermagem utiliza ferramentas objetivas, como a Escala de Coma de Glasgow (ECG), complementadas pela observação clínica e o uso de outros métodos diagnósticos.
O que é o nível de consciência e por que avaliá-lo?
O nível de consciência refere-se ao estado de alerta e à capacidade do indivíduo de interagir com o ambiente e responder a estímulos. Ele varia desde o estado normal (alerta) até níveis profundos de inconsciência (coma). Alterações no nível de consciência podem ser causadas por:
- Lesões cerebrais, como trauma cranioencefálico (TCE).
- Acidente vascular cerebral (AVC).
- Infecções, como meningite ou encefalite.
- Desequilíbrios metabólicos, como hipoglicemia ou hipóxia.
- Intoxicações por medicamentos ou substâncias químicas.
A avaliação precoce é crucial para detectar a gravidade do quadro, monitorar a evolução clínica e determinar a necessidade de intervenções emergenciais.
Como avaliar o nível de consciência
A avaliação do nível de consciência deve ser realizada de forma sistemática e inclui:
- Observação inicial:
- Verificar o estado geral do paciente: ele está acordado, confuso, sonolento ou não responde?
- Analisar a postura corporal e os movimentos espontâneos.
- Resposta a estímulos:
- Estímulo verbal: Chame o paciente pelo nome ou converse com ele para avaliar se há resposta.
- Estímulo tátil: Toque levemente ou sacuda o paciente se não houver resposta verbal.
- Estímulo doloroso: Se necessário, aplique um estímulo doloroso leve, como compressão do leito ungueal, para avaliar reatividade.
- Uso da Escala de Coma de Glasgow (ECG): A Escala de Glasgow é amplamente utilizada para avaliar e monitorar o nível de consciência, especialmente em pacientes com trauma cranioencefálico. Ela é composta por três parâmetros:
- Abertura ocular (E):
- 4: Espontânea.
- 3: Ao comando verbal.
- 2: Ao estímulo doloroso.
- 1: Ausente.
- Resposta verbal (V):
- 5: Orientado.
- 4: Confuso.
- 3: Palavras inapropriadas.
- 2: Sons incompreensíveis.
- 1: Ausente.
- Resposta motora (M):
- 6: Obedece a comandos.
- 5: Localiza o estímulo doloroso.
- 4: Retira-se ao estímulo doloroso.
- 3: Flexão anormal (decorticação).
- 2: Extensão anormal (descerebração).
- 1: Ausente.
- 15: Estado normal.
- 13-14: Comprometimento leve.
- 9-12: Comprometimento moderado.
- ≤ 8: Coma grave (necessidade de suporte avançado de vida).
- Abertura ocular (E):
Outras escalas e métodos complementares
- AVPU:
- Avaliação rápida para determinar o nível de consciência:
- A: Alerta.
- V: Responde ao estímulo verbal.
- P: Responde ao estímulo doloroso.
- U: Inconsciente.
- Avaliação rápida para determinar o nível de consciência:
- Pupilas (reflexo fotomotor):
- Avaliar tamanho, simetria e reatividade das pupilas à luz. Pupilas não reativas ou assimétricas podem indicar lesões neurológicas graves.
- Exame de reflexos neurológicos:
- Reflexo córneo, reflexo de tosse ou reflexo de mordida podem ser utilizados em contextos específicos para avaliar o comprometimento neurológico.
Exemplo prático de aplicação da ECG
Imagine um paciente com histórico de acidente de trânsito, apresentando sonolência e resposta limitada:
- Abertura ocular: Apenas ao estímulo doloroso (2 pontos).
- Resposta verbal: Palavras inapropriadas (3 pontos).
- Resposta motora: Flexão anormal ao estímulo doloroso (3 pontos).
Pontuação total: 8 (coma grave).
Interpretação: O paciente necessita de avaliação neurológica imediata, suporte ventilatório e monitoramento contínuo.
Cuidados da enfermagem na avaliação do nível de consciência
- Monitoramento regular:
- Avaliar e registrar o nível de consciência em intervalos regulares, especialmente em pacientes críticos ou com risco de deterioração.
- Comunicação efetiva:
- Informar alterações ao médico de forma clara e objetiva, utilizando escalas como a ECG para descrever a evolução.
- Prevenção de complicações:
- Garantir que o paciente inconsciente esteja em posição segura para evitar aspiração ou lesões por pressão.
- Humanização:
- Mesmo em pacientes com nível de consciência reduzido, manter um ambiente calmo e utilizar uma abordagem respeitosa durante os cuidados.
Indispensável na prática de enfermagem
A avaliação do nível de consciência, utilizando ferramentas como a Escala de Glasgow, é indispensável na prática de enfermagem, especialmente em contextos de urgência e emergência. Essa avaliação permite detectar alterações precoces na função cerebral, orientar intervenções imediatas e monitorar a resposta do paciente ao tratamento. O domínio dessas técnicas é fundamental para oferecer um cuidado seguro e eficaz, garantindo o melhor prognóstico possível para o paciente. Curso Enfermagem Unidade de Urgência e Emergência