A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável

Última atualização: 01/01/2025

A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar diversas manifestações clínicas ao longo de diferentes estágios (primário, secundário, latente e terciário), sendo os dois primeiros mais contagiosos. VerEstudo genômico mapeia o ressurgimento global da sífilis.


1. FORMAS DE TRANSMISSÃO

  • Contato sexual sem camisinha com pessoa infectada (principal via de transmissão).
  • Transmissão vertical (de mãe para filho, durante a gestação ou no parto), resultando em sífilis congênita.

Além disso, outras subespécies de T. pallidum causam doenças como bouba, pinta e bejel.


2. ESTÁGIOS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

2.1 Sífilis Primária

  • Aparece entre 10 e 90 dias após o contágio.
  • Caracteriza-se por um cancro (úlcera), geralmente único, indolor, com bordas firmes e base limpa.
  • Surge no local onde a bactéria penetrou (pênis, vulva, vagina, colo do útero, ânus, boca ou pele).
  • Normalmente não causa dor, coceira ou ardência, nem libera pus.
  • Linfonodos (ínguas) podem aumentar na virilha.

2.2 Sífilis Secundária

  • Surge entre seis semanas e seis meses após o surgimento e cicatrização do cancro.
  • Podem ocorrer manchas pelo corpo (inclusive em palmas das mãos e plantas dos pés), geralmente sem coceira.
  • Lesões ricas em T. pallidum.
  • Febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas disseminadas também podem ocorrer.
  • Sem tratamento, as lesões podem desaparecer sozinhas, persistir por meses ou retornar de forma cíclica.

2.3 Sífilis Latente

  • Fase sem sinais ou sintomas clínicos.
  • Dividida em latente recente (menos de 2 anos de infecção) e latente tardia (mais de 2 anos).
  • Pode ser interrompida pelo reaparecimento de sintomas secundários ou pela evolução para a forma terciária.

2.4 Sífilis Terciária

  • Pode surgir 2 a 40 anos após o início da infecção.
  • Acomete pele, ossos, vasos sanguíneos e o sistema nervoso, podendo levar a complicações graves e até ao óbito.

3. DIAGNÓSTICO

  • Teste Rápido (TR): Disponível na rede pública (SUS). O resultado sai em até 30 minutos, sem necessidade de estrutura laboratorial.
  • Testes laboratoriais (não treponêmicos, como VDRL ou RPR, e treponêmicos, como FTA-ABS) são usados para confirmar o diagnóstico.
  • Em gestantes, devido ao risco de transmissão para o feto, o tratamento deve ser iniciado já com um único teste positivo, sem aguardar o segundo resultado.

4. TRATAMENTO

  • O medicamento de escolha é a penicilina benzatina, aplicada na Unidade Básica de Saúde (UBS).
  • Em caso de sífilis na gestante, o parceiro sexual também deve ser testado e tratado para prevenir reinfecção.

5. PREVENÇÃO

  • Uso correto e regular de camisinha (masculina ou feminina) durante as relações sexuais.
  • Acompanhamento de gestantes e parcerias sexuais no pré-natal, com testagem e tratamento adequados para prevenir a sífilis congênita.

6. SÍFILIS CONGÊNITA

6.1 Transmissão

Ocorre quando a gestante portadora de sífilis não é diagnosticada ou tratada adequadamente, transmitindo a bactéria ao feto via placenta ou no momento do parto.

6.2 Sinais e Sintomas

  • Podem surgir ao nascimento ou depois dos dois primeiros anos de vida.
  • A doença pode causar aborto, parto prematuro, más-formações, surdez, cegueira, deficiência mental e/ou óbito neonatal.

6.3 Diagnóstico e Tratamento

  • Avaliação do histórico clínico e epidemiológico da mãe, exame físico do recém-nascido, testes laboratoriais e radiológicos.
  • Penicilina benzatina é o único medicamento capaz de evitar a transmissão vertical.
  • O parceiro sexual da gestante também deve ser testado e tratado para prevenir reinfecção.

6.4 Cuidados com a Criança Exposta

  • É fundamental que o pré-natal seja de qualidade e que a mãe receba o tratamento apropriado.
  • Crianças expostas podem precisar de internação e exames como punção lombar, raio-X de ossos longos, avaliação oftalmológica e auditiva.

7. DADOS EPIDEMIOLÓGICOS

  • A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2008, ocorreram 10,6 milhões de novos casos de sífilis em adultos (15–49 anos) e 36,4 milhões de pessoas infectadas em algum momento do ano.
  • Entre 700 mil e 1,6 milhão de gestações ao ano são afetadas, resultando em abortos, nados-mortos e sífilis congênita.
  • A sífilis aumenta o risco de transmissão do HIV de duas a cinco vezes, sendo essa coinfecção relativamente comum.
  • Em 2015, Cuba tornou-se o primeiro país do mundo a eliminar a transmissão vertical de sífilis.

Em resumo, a sífilis, apesar de grave, é uma doença prevenível e curável. O uso de preservativos, a realização de testes de diagnóstico precoces e o tratamento adequado (especialmente durante o pré-natal) são fundamentais para interromper a transmissão e evitar complicações. Ver Brasil tem epidemia de Sífilis.

One comment

  1. Bom dia sou estudante de enfermagem, e estou pesquisando para trabalho .Quais os cuidados de enfermagem com a doença? Obrigada

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