Avaliação dos reflexos neurológicos: Técnicas práticas para enfermeiros

Última atualização: 28/12/2024

A avaliação dos reflexos neurológicos é uma etapa crucial do exame físico, especialmente no contexto de avaliação neurológica. Os reflexos são respostas automáticas e involuntárias do sistema nervoso a estímulos, e sua avaliação permite identificar possíveis lesões no sistema nervoso central ou periférico. O exame é realizado utilizando técnicas simples e instrumentos, como o martelo de reflexo, e deve ser conduzido de forma sistemática para garantir precisão.


O que são reflexos neurológicos e por que avaliá-los?

Os reflexos neurológicos são respostas motoras rápidas desencadeadas por estímulos sensoriais. Eles envolvem uma interação entre receptores sensoriais, neurônios motores e a medula espinhal. A avaliação dos reflexos é importante porque ajuda a:

  1. Detectar lesões neurológicas, como em casos de trauma cranioencefálico ou lesões medulares.
  2. Identificar condições metabólicas ou infecciosas que afetam o sistema nervoso, como hipocalcemia ou meningite.
  3. Monitorar a evolução de doenças crônicas, como esclerose múltipla ou neuropatia periférica.

Tipos de reflexos avaliados na prática clínica

Os reflexos neurológicos são classificados em profundos (miotáticos) e superficiais. A seguir, os reflexos mais frequentemente avaliados:

  1. Reflexos profundos (miotáticos):
    • Reflexo patelar: Testa a integridade do nervo femoral e da raiz nervosa L2-L4.
      • Como avaliar: Com o paciente sentado, relaxe a perna e golpeie suavemente o tendão patelar com o martelo de reflexo.
      • Resposta normal: Extensão da perna devido à contração do quadríceps.
    • Reflexo aquileu: Avalia o nervo tibial e a raiz nervosa S1-S2.
      • Como avaliar: Com o pé em leve dorsiflexão, golpeie o tendão de Aquiles.
      • Resposta normal: Flexão plantar do pé.
    • Reflexo bicipital: Testa a função do nervo musculocutâneo e da raiz C5-C6.
      • Como avaliar: Posicione o polegar sobre o tendão do bíceps e golpeie suavemente com o martelo.
      • Resposta normal: Contração do músculo bíceps, com leve flexão do cotovelo.
    • Reflexo tricipital: Avalia o nervo radial e a raiz C6-C8.
      • Como avaliar: Com o braço em posição relaxada, golpeie o tendão do tríceps logo acima do cotovelo.
      • Resposta normal: Extensão do cotovelo.
  2. Reflexos superficiais:
    • Reflexo cutâneo plantar: Avalia a integridade das vias motoras e sensoriais da raiz L5-S1.
      • Como avaliar: Estimule a lateral do pé, do calcanhar à base dos dedos, com um objeto rombo.
      • Resposta normal: Flexão dos dedos do pé.
      • Resposta anormal (sinal de Babinski): Extensão dos dedos, indicando lesão no trato corticoespinhal.
    • Reflexo abdominal: Testa as raízes T8-T12.
      • Como avaliar: Estimule levemente a pele ao redor do umbigo.
      • Resposta normal: Contração dos músculos abdominais com deslocamento do umbigo em direção ao estímulo.
  3. Reflexos patológicos:
    • Clônus: Contrações involuntárias repetitivas após um estímulo.
      • Como avaliar: Realize dorsiflexão rápida do pé; a presença de clônus indica hiperreflexia associada a lesões no sistema nervoso central.

Como realizar a avaliação de reflexos neurológicos

  1. Preparação do paciente:
    • Explique o procedimento ao paciente, garantindo cooperação e relaxamento.
    • Posicione o paciente de forma confortável, permitindo acesso fácil às áreas a serem avaliadas.
  2. Uso do martelo de reflexo:
    • Certifique-se de utilizar o martelo corretamente, aplicando golpes suaves e precisos sobre os tendões ou áreas específicas.
  3. Sequência sistemática:
    • Avalie os reflexos de forma bilateral, comparando a resposta entre os dois lados.
  4. Interpretação dos reflexos:
    • Normorreflexia: Resposta reflexa dentro do esperado.
    • Hiperreflexia: Resposta exagerada, geralmente associada a lesões do sistema nervoso central.
    • Arreflexia: Ausência de reflexo, indicando possíveis lesões nervosas periféricas.

Interpretação clínica dos reflexos

Os achados dos reflexos podem indicar condições neurológicas específicas:

  1. Hiperreflexia:
    • Causas: Lesões do trato corticoespinhal (AVC, esclerose múltipla).
    • Exemplo: Presença de clônus associado a aumento de tônus muscular.
  2. Arreflexia ou hiporreflexia:
    • Causas: Neuropatia periférica, síndrome de Guillain-Barré ou hérnia de disco.
    • Exemplo: Ausência do reflexo patelar em pacientes com compressão da raiz L4.
  3. Reflexos patológicos:
    • Sinal de Babinski em adultos pode indicar lesão no trato piramidal.
    • Presença de clônus pode ser indicativo de lesões medulares ou encefálicas.

Exemplo prático de avaliação de reflexos

Imagine um paciente com fraqueza muscular nas pernas:

  • Reflexo patelar: Arreflexia bilateral (ausente).
  • Reflexo aquileu: Presente, mas diminuído.
  • Interpretação: Pode indicar polineuropatia periférica ou comprometimento das raízes nervosas lombossacras.

Cuidados na avaliação dos reflexos neurológicos

  1. Posicionamento adequado: Garantir que o paciente esteja relaxado para evitar respostas musculares involuntárias.
  2. Evitar estímulos excessivos: Golpes muito fortes podem causar desconforto e prejudicar a avaliação.
  3. Documentação detalhada: Registrar os achados de maneira clara, utilizando descrições precisas, como “presente”, “ausente” ou “hiperativo”.

É uma ferramenta valiosa na prática de enfermagem

A avaliação dos reflexos neurológicos é uma ferramenta valiosa na prática de enfermagem, permitindo identificar alterações na condução nervosa e no sistema motor. Quando realizada de forma sistemática e precisa, essa avaliação oferece informações essenciais para o diagnóstico precoce de condições neurológicas e para o monitoramento de doenças progressivas. O domínio dessas técnicas é indispensável para a enfermagem atuar de forma eficaz e segura no cuidado ao paciente. Sondagem Nasoenteral

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