Última atualização: 24/12/2024
O termo dispneia refere-se à sensação subjetiva de dificuldade ou desconforto para respirar. É frequentemente descrita pelo paciente como “falta de ar” ou “peso no peito”. A dispneia pode ocorrer de forma aguda, crônica ou intermitente, dependendo de sua causa subjacente, e é um dos sintomas mais comuns relacionados a problemas cardíacos, pulmonares ou metabólicos.
Classificação da Dispneia
A dispneia pode ser classificada de acordo com a duração, intensidade e fatores desencadeantes:
1. Quanto à duração:
- Aguda: Início súbito, muitas vezes associado a condições graves, como embolia pulmonar ou infarto.
- Crônica: Evolução gradual, geralmente associada a doenças pulmonares crônicas, como DPOC ou asma.
2. Quanto à intensidade:
- Leve: Sensação de desconforto em atividades físicas moderadas.
- Moderada: Dificuldade perceptível para respirar durante atividades simples, como caminhar.
- Grave: Dificuldade em repouso, necessitando de assistência imediata.
3. Quanto aos fatores desencadeantes:
- Ortopneia: Dispneia ao deitar-se, frequentemente associada à insuficiência cardíaca.
- Dispneia paroxística noturna: Episódios repentinos de falta de ar durante o sono, também relacionados a problemas cardíacos.
- Dispneia de esforço: Ocasionada por atividades físicas.
Causas da Dispneia
As causas da dispneia são diversas e podem envolver múltiplos sistemas do corpo:
1. Doenças respiratórias:
- Asma: Crises de broncoespasmo, causando dificuldade para respirar.
- DPOC: Obstrução crônica das vias aéreas, associada a tosse e produção de muco.
- Pneumonia: Infecção que leva à inflamação dos pulmões.
- Embolia pulmonar: Bloqueio na artéria pulmonar, causando falta de ar súbita.
2. Doenças cardíacas:
- Insuficiência cardíaca congestiva: Acúmulo de líquido nos pulmões, dificultando a respiração.
- Infarto do miocárdio: Redução do fluxo sanguíneo para o coração pode levar a dispneia.
3. Distúrbios metabólicos:
- Acidose metabólica: Aumento de dióxido de carbono no sangue, resultando em respiração acelerada.
- Anemia: Redução da capacidade do sangue de transportar oxigênio.
4. Condições psicológicas:
- Ansiedade ou ataques de pânico: Podem causar sensação de sufocamento.
Sinais e Sintomas Associados
A dispneia frequentemente vem acompanhada de outros sinais, dependendo de sua causa:
- Taquipneia (respiração acelerada).
- Uso de musculatura acessória (pescoço e tórax).
- Retração intercostal ou supraclavicular.
- Cianose (coloração azulada na pele e mucosas, indicando hipóxia).
- Fadiga, tontura ou confusão mental.
Impacto Clínico
A dispneia pode ser um sintoma de emergência médica, especialmente quando associada a:
- Dor no peito (sugestiva de infarto ou embolia).
- Alteração no nível de consciência.
- Cianose grave.
- Queda significativa na saturação de oxigênio.
Exemplo Prático na Enfermagem
Durante uma consulta de emergência, o enfermeiro registra:
“Paciente, sexo feminino, 65 anos, relata dispneia intensa ao esforço e ortopneia. Frequência respiratória de 28 movimentos por minuto, saturação de oxigênio em 88% em ar ambiente, presença de crepitações pulmonares bilaterais. Iniciada oxigenoterapia e posicionada em semi-Fowler. Encaminhada ao médico com suspeita de insuficiência cardíaca congestiva.”
Nesse exemplo, o enfermeiro identifica uma possível causa da dispneia e adota medidas imediatas para estabilizar a paciente.
Abordagem da Enfermagem para Dispneia
O manejo da dispneia requer avaliação cuidadosa e intervenções rápidas:
1. Avaliação
- Anamnese detalhada:
- Questionar sobre o início, duração e intensidade da dispneia.
- Identificar fatores agravantes e aliviadores.
- Exame físico:
- Observar frequência respiratória, uso de musculatura acessória e presença de cianose.
- Auscultar os pulmões para identificar sons anormais (sibilos, crepitações).
- Monitoramento:
- Verificar saturação de oxigênio com oximetria de pulso.
- Realizar gasometria arterial, se disponível, para avaliar oxigenação e troca gasosa.
2. Intervenções
- Oxigenoterapia:
- Administração de oxigênio suplementar conforme prescrição.
- Uso de dispositivos como máscara facial ou cânula nasal.
- Posicionamento:
- Manter o paciente em posição semi-Fowler para facilitar a respiração.
- Administração de medicamentos:
- Broncodilatadores e corticosteroides em casos de asma ou DPOC.
- Diuréticos em pacientes com insuficiência cardíaca.
- Anticoagulantes em casos de suspeita de embolia pulmonar.
- Ventilação assistida:
- Uso de dispositivos como CPAP ou BIPAP em casos de insuficiência respiratória moderada.
- Preparar para intubação em situações graves.
3. Educação em Saúde
- Orientar pacientes com doenças crônicas a identificar sinais precoces de dispneia e procurar ajuda médica.
- Ensinar técnicas de respiração, como respiração diafragmática, para aliviar sintomas leves.
- Incentivar a adesão ao tratamento e ao uso de medicamentos prescritos.
Relevância no Cuidado
A dispneia é um sinal clínico significativo que pode indicar condições potencialmente graves. O enfermeiro tem um papel crucial na identificação precoce, no manejo inicial e na comunicação com a equipe médica para garantir intervenções rápidas e eficazes, promovendo a estabilização e a recuperação do paciente. Diagnósticos de Enfermagem – NANDA