Você já ouviu falar em uma doença chamada de NOMA?
Cancrum oris ou noma é uma doença muito antiga, sido descrita como doença a mais de 150 anos, possui nome científico cancrum oris e descende do grego nomein, que significa “devorar”¹. Com o decorrer dos anos e as descobertas sobre a doença, vários autores a descrevem de pontos de vistas diferentes, porém com suas similaridades. É caracterizada por uma afecção gangrenosa que afeta principalmente a face, podendo esporadicamente atingir pescoço, couro cabeludo, períneo e vulva.
Suas principais vítimas são crianças entre 2 e 7 anos com problemas nutricionais e que vivem em condições de extrema pobreza. Porém, pode acometer adultos imunodeprimidos. Sabe-se que a doença afeta países subdesenvolvidos tendo uma maior prevalência na África. Ziegler (2013) relata em seu livro que as crianças acometidas pela doença irão ter dificuldade de fala e mastigação e, ainda, carregarão por toda a vida as marcas deixadas pela Noma. Ainda não se sabe qual microrganismo é
responsável pela doença. No entanto, acredita-se que esta pode ser causada por uma combinação de fatores, nos quais é possível citar: má nutrição, agentes infecciosos como vírus e bactérias, falta de uma higiene bucal adequada e doenças debilitantes como imunossupressão. Estudos apontam que a ocorrência da Noma não advém de um único gatilho microbiano, mas de uma flora microbiana perturbada e alterada.
O início da doença se da com uma pequena úlcera na mucosa bucal ou gengival, que avança em menos de 72 horas formando uma placa gangrenosa, que se estende de dentro para fora da boca, essa violação de barreira possibilita a entrada de bactérias com força o bastante para destruir a arcada dentaria o maxilar superior e todos os tecidos moles da face, resultando numa ferida profunda e perfurante. É possível observar uma pápula eritematosa, arroxeada, endurecida e dolorosa na face, que se dá acompanhada de edema. Há também sialorreia profusa e um exsudado purulento de odor fétido. Após a fase gangrenosa aguda ocorre a cicatrização através da retração grave dos músculos da região bucal, com frequente fibrose que causa uma distorção grave da região da boca e leva à exposição dos dentes. As crianças que sobrevivem a Noma são,muitas vezes, motivo de desprezo e chacota em decorrência da mutilação de sua face e, por isso, são escondidas em aldeias remotas na região africana pelo resto de suas vidas.
Brasil x Noma
Noma é uma doença cruel e mortal, e assim como a doença de chagas, por exemplo, é imensamente negligenciada pelas autoridades. Sabe-se que afeta principalmente crianças que vivem em condições de extrema pobreza em países subdesenvolvidos, tendo relatado maior numero de casos na África, no entanto,sabe-se que no Brasil existem pessoas vivendo nas mesmas condições e sem saneamento básico, que são fatores considerados como gatilho para o desenvolvimento da doença. O mais chocante é que mesmo sendo tão voraz, se descoberta no início, a chance de cura é imensa e o tratamento possui um custo relativamente baixo, em média dez reais, no entanto as pessoas mais acometidas são de regiões precárias e com difícil acesso a saúde e por isso,terminam por serem, quase sempre, sentenciadas á morte.
REFERÊNCIA:
SHEILANE MOREIRA ALVES, SHEILA MOREIRA ALVES, IARA PADILHA, ROSINEI SILVA DE SOUZA, GLEIDSON CARDOSO. NOMA: UMA REVISÃO DE LITERATURA Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR Vol.21,n.2,pp.204-211 (Dez 2017 – Fev 2018)