Última atualização: 30/01/2025
O Rio de Janeiro foi palco de mais uma tragédia envolvendo violência doméstica. Um bebê de apenas 11 meses, identificado como Arthur Victor dos Santos, faleceu após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Maré, já em estado crítico. Segundo relatos médicos, a criança apresentava múltiplas lesões pelo corpo, o que imediatamente despertou suspeitas da equipe de plantão. Apesar dos esforços dos profissionais de saúde para estabilizá-lo, Arthur não resistiu e faleceu pouco tempo depois. O que deveria ser apenas mais um caso de atendimento emergencial revelou-se um episódio trágico de possível violência familiar, desencadeando uma investigação policial que levou à prisão da mãe do bebê e do padrasto.
Investigação policial aponta suspeitas de agressão
Ao chegar ao local, a Polícia Civil foi acionada pelos médicos que atenderam o bebê. Exames preliminares apontaram que Arthur sofreu um grave traumatismo craniano, além de outros sinais evidentes de violência. A principal versão apresentada pelo padrasto, Sidney da Silva Ferreira, de 20 anos, indicava que a criança teria caído da cama e batido a cabeça. No entanto, o laudo médico apontou que a gravidade das lesões não condizia com um simples tombo.
Diante dos fatos, a mãe do bebê e seu companheiro foram presos em flagrante. Ambos foram encaminhados à delegacia, onde deverão responder por homicídio qualificado, crime que pode acarretar pena superior a 30 anos de reclusão.
Laudo confirma morte por espancamento
O corpo de Arthur foi levado ao Instituto Médico-Legal (IML), onde peritos confirmaram a causa da morte como traumatismo craniano severo, decorrente de ação contundente. Exames revelaram também hemorragia interna e edema cerebral, reforçando as suspeitas de que o bebê vinha sendo vítima de agressões.
Ao ser interrogado, Sidney forneceu uma nova explicação, alegando que teria caído sobre o bebê ao descer uma escada. A polícia, no entanto, não encontrou indícios de lesões no padrasto que pudessem sustentar sua versão. Além disso, o celular que ele mencionou ter quebrado na suposta queda permaneceu intacto.
A delegada responsável pelo caso, Fernanda Caterine Eiras Dias Pina, expressou ceticismo diante das declarações do suspeito. “Não acreditamos na hipótese de uma queda da cama causar esse tipo de lesão. Além disso, quando o padrasto mudou a versão e disse que caiu por cima da criança, verificamos que ele não possuía um único arranhão”, afirmou.
Omissão da mãe gera mais acusações
A investigação revelou que a mãe da criança, cujo nome não foi divulgado, sabia das agressões, mas não tomou nenhuma atitude. Em depoimento, a mulher afirmou que suspeitava da violência praticada pelo companheiro contra seu filho e que, inclusive, cogitou instalar câmeras para registrar os maus-tratos.
Diante dessa omissão, a mulher também será responsabilizada criminalmente. Segundo a delegada, ela tinha o dever de proteger a criança, mas falhou em agir diante dos sinais evidentes de agressões recorrentes. “Ela podia e deveria ter evitado esse desfecho trágico”, declarou a investigadora.
Além de Arthur, a mulher tem outra filha de dois anos e está grávida do atual companheiro.
Pedido de respeito nas redes sociais
Após a prisão, a mãe da criança utilizou suas redes sociais para pedir respeito e alegar inocência. Em sua publicação, negou que alguém próximo ao bebê pudesse ter cometido tamanha violência. “Peço que respeitem a dor de uma mãe que acabou de perder um filho. Só a perícia poderá comprovar o que realmente aconteceu”, escreveu.
Ela também enfatizou que não estava presente no momento do falecimento da criança. “Estou desacreditada de que alguém tenha sido capaz de tamanha crueldade, mas a verdade virá à tona. Eu amava meu filho e nunca seria capaz de fazer algo contra ele”, completou.
Próximos passos na investigação
O caso segue sob investigação da 21ª Delegacia de Polícia de Bonsucesso. A polícia busca reunir mais provas para sustentar a acusação de homicídio qualificado contra os responsáveis. Testemunhas próximas à família serão ouvidas nos próximos dias, e há a possibilidade de que novos elementos sejam adicionados ao inquérito.
A morte de Arthur Victor dos Santos escancara, mais uma vez, a urgência de medidas eficazes de proteção à infância. O episódio reforça a importância de denúncias anônimas e do acompanhamento de casos suspeitos por órgãos de assistência social, a fim de evitar que tragédias como essa se repitam. Veja também Pesquisa aponta os fatores que influenciam para o risco de suicídio na enfermagem.