Menino de 13 anos morre após infecção bacteriana em hospital do DF

Última atualização: 18/02/2025

A dor da perda de um filho é inimaginável. Para Genilva Fernandes e Fábio Luiz Brandão, pais de Miguel Fernandes Brandão, de apenas 13 anos, essa dor veio acompanhada de indignação e questionamentos sobre o atendimento recebido pelo filho no Hospital Brasília, no Distrito Federal. O adolescente, descrito pela família como um menino alegre, cheio de sonhos e apaixonado por futebol, faleceu após 25 dias internado, vítima de complicações de uma grave infecção bacteriana.

Um começo com sintomas comuns

O pesadelo começou no dia 11 de outubro de 2024, quando Miguel apresentou sintomas inicialmente leves, semelhantes aos de uma rinite alérgica, como espirros e coriza. Com o passar das horas, no entanto, o quadro evoluiu para febre, e o adolescente passou a se sentir fraco. No dia 14 de outubro, seus pais decidiram levá-lo ao hospital, onde foram informados de que o sintoma mais estranho relatado pelo garoto — um gosto ruim na boca — era apenas consequência da secreção nasal. Ele foi medicado e liberado.

A piora inesperada e a busca por respostas

Na noite seguinte, Miguel voltou a ter febre persistente, acompanhada de vômitos, diarreia e fraqueza nas pernas. No dia 15 de outubro, ao ser levado novamente ao hospital, apresentava sinais preocupantes: pele amarelada, extremidades roxas e dificuldades para caminhar. Apesar de um primeiro atendimento mais ágil, a troca de plantão resultou na mudança de abordagem médica, e os exames foram conduzidos de forma lenta, sem um diagnóstico conclusivo imediato.

Ao longo dos dias, o quadro do adolescente se agravou. Ele desenvolveu erupções na pele, linfonodos inchados e, ainda assim, permaneceu sem um diagnóstico preciso. A mãe, preocupada, insistia na necessidade de exames mais detalhados e de um atendimento mais atento, mas foi taxada de “ansiosa” em registros médicos.

Internação e agravamento da infecção

A transferência de Miguel para a UTI só ocorreu quando o adolescente já apresentava sinais de falência múltipla de órgãos. O diagnóstico correto veio tarde demais: Streptococcus pyogenes, uma bactéria agressiva que já havia comprometido diversos órgãos e causado a necrose de partes do corpo do jovem.

Miguel foi submetido a diversos procedimentos médicos na tentativa de conter a infecção, mas não resistiu. Ele sofreu três paradas cardíacas e faleceu no dia 9 de novembro. Sua mãe, que apresentava sintomas semelhantes, foi diagnosticada com a mesma bactéria e recebeu tratamento.

Denúncias e investigações

Revoltados com a demora no diagnóstico e a forma como foram tratados ao longo da internação do filho, os pais de Miguel registraram um boletim de ocorrência contra o hospital. A Polícia Civil do Distrito Federal investiga o caso para apurar possíveis negligências médicas.

O Hospital Brasília, por sua vez, lamentou o ocorrido e afirmou estar conduzindo uma análise rigorosa do atendimento prestado, além de afastar temporariamente os profissionais envolvidos. A instituição também se desculpou pela maneira inadequada como as preocupações da mãe foram registradas no prontuário.

O clamor por justiça

A dor e a revolta de Genilva Fernandes são evidentes. “Meu filho entrou no hospital para ser tratado e saiu de lá sem vida. Ele não teve chance“, desabafa. A família segue em busca de respostas e de medidas para evitar que outras vidas sejam perdidas da mesma forma.

O caso levanta importantes discussões sobre a qualidade do atendimento médico, a necessidade de diagnósticos rápidos e eficazes, além da importância de ouvir e respeitar a preocupação dos familiares no processo de tratamento. Veja também Ataque com faca em Villach mata menino de 14 anos e deixa 4 feridos na Áustria.

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