Carga pesada na infância: mochilas escolares e os riscos à coluna vertebral

Última atualização: 30/01/2025

Com a volta do período letivo, famílias se mobilizam para adquirir materiais escolares, mas um detalhe frequentemente negligenciado ganha destaque entre especialistas: o excesso de peso nas mochilas. Crianças e adolescentes, em fase crítica de desenvolvimento físico, enfrentam riscos significativos para a saúde da coluna vertebral ao carregar cargas além do recomendado. O problema, segundo fisioterapeutas, pode desencadear complicações que vão desde desconfortos imediatos até danos crônicos.

OMS estabelece limite seguro: 10% do peso corporal

De acordo com Eduardo Pimentel, fisioterapeuta e professor da Estácio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que o peso da mochila não ultrapasse 10% do corpo do estudante. “Uma criança de 30 quilos, por exemplo, deve carregar no máximo três quilos”, explica. O especialista ressalta que esse cálculo é essencial para evitar sobrecarga nas estruturas musculares e ósseas, ainda em formação durante a infância e adolescência. Ignorar essa proporção pode comprometer não apenas a postura, mas também o crescimento saudável.

Consequências do excesso: de dores a deformações permanentes

O hábito de carregar mochilas pesadas está associado a uma série de problemas de saúde. Dores nos ombros, pescoço e lombar são as queixas mais comuns, mas o impacto vai além. “O excesso de peso pode alterar a biomecânica da caminhada, forçar articulações e, a longo prazo, contribuir para o desenvolvimento de doenças degenerativas, como hérnias de disco”, alerta Pimentel. Além disso, a má postura adotada para compensar a carga desigual — como inclinar o corpo para frente ou usar apenas uma alça — agrava os riscos, podendo resultar em desvios posturais irreversíveis.

Estratégias para proteger a saúde dos jovens

Para minimizar os danos, especialistas recomendam medidas práticas. A primeira é priorizar mochilas com rodinhas, que eliminam a necessidade de carregar peso nas costas. Quando o modelo tradicional é inevitável, ajustar as alças para centralizar a mochila próximo à região lombar e utilizar sempre ambas as alças ajuda a distribuir a carga uniformemente. Outra dica é organizar os materiais, posicionando os mais pesados (como livros e cadernos) próximos ao corpo e evitando itens desnecessários. “É fundamental que escolas e famílias incentivem o uso de armários ou a divisão de materiais entre colegas”, complementa o fisioterapeuta.

Conscientização coletiva é chave para mudança

A solução do problema depende da colaboração entre pais, educadores e profissionais de saúde. Campanhas educativas nas escolas podem orientar estudantes sobre como organizar suas mochilas, enquanto a indústria de materiais escolares é incentivada a desenvolver produtos ergonômicos. Para Pimentel, a mudança de hábitos é urgente: “Proteger a coluna das crianças hoje significa prevenir adultos com dores crônicas amanhã”. Com atenção redobrada e ações simples, é possível transformar o retorno às aulas em um momento mais seguro e saudável para as novas gerações. Veja também Criança 2025: Maior Congresso de Especialidades Pediátricas do Brasil abre inscrições.

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